Vivo em um oceano, clichê e ainda distinto
Estou à deriva, estou afundando
Furei o meu barco com meus defeitos, meus dissídios
Mandei aves voarem e disse:
– Encontrem para mim uma terra nova!
E regressaram outra vez até mim
Trazendo notícias de males pela aurora
Tampei o espaço com aquilo que pude
Achei em escritos o que o mar não me deu
Rasguei o contrato e à mim disse:
– Mude!
Mudei o bastante para ainda ser eu
Não tenho vista da terra prometida
E se as aves voarem creio que morrerão no ar
Por agora nenhuma coberta me abriga
E sem uma margem, faço da cabeça o meu lugar
Consumo o meu ser e o mundo me consome
Tenho muito a dizer, e além de mim, só o papel para escutar
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Devaneios Decadentes
PoetryEm seu poema "A ideia", Augusto dos Anjos fala do nascer de um pensamento, no cérebro, e todo o seu processo, até chegar de forma imperfeita na garganta e ser expresso pela língua. Bem, com a escrita a ideia não sai tão imperfeita quanto na fala, c...