O que eu penso de você está errado
Não deveria te enxergar assim
Do mesmo modo que te imagino
Do mesmo jeito que desistiram de mim
Seria mais prudente então
Eu de você ter desistido
Esquecido, desejo ser apenas mais um esquecido
Contudo, a amnésia não veio
E meu verdadeiro eu não pode, não consegue
Está além de seu poder realizar este pedido
Rogo para que eu pare de imaginar você
Assim como na vastidão que é seu ser
Meu nome, por fim, parece ter se perdido
A lua cheia aos meus olhos encanta
Sou um lunático que voa alto
Voei além do que me foi permitido, meu nome é Ícaro
Não sou o que você pensa, devo estar longe disto
Apesar do ensaio ruim que vivemos há um tempo
De modo que você não é também
Esta luz e trevas que lá no fundo eu fantasio
Queria poder falar, escrever acolá do que eu sinto
Este embrião que gero em mim suga-me a alma
Torna-me somente um estranho mais que estranho
Um reles esqueleto vestido com pele falsa, ressentido
Me indigno comigo por causa disso
Pois mesmo te reconhecendo
Insisto em contrariar Descartes e seus ensinos
Teorizando você com toda minha paixão
Insisto em jogar na lama, repetidas vezes, o meu juízo
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Devaneios Decadentes
PoetryEm seu poema "A ideia", Augusto dos Anjos fala do nascer de um pensamento, no cérebro, e todo o seu processo, até chegar de forma imperfeita na garganta e ser expresso pela língua. Bem, com a escrita a ideia não sai tão imperfeita quanto na fala, c...