Obsessão Carnívora

.CINCO.

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Vista sobre as luzes vermelhas que caíram sobre o salão, Gia parecia um demônio sexual e santo parada em cima da Banheira, o pequeno recipiente de porcelana onde a Sobremesa ficava, imóvel, esperando para ser degustada.

Vestida em trajes espalhafatosos e sexys feitos por Ann Demeulemeester, a jovem modelo fitava todos a sua volta com uma expressão doce, porém letal. Era uma própria obra de arte. Visceral. Devassa. Suntuosa.

Um círculo de bronze preso a parede bem atrás de sua cabeça lhe fazia parecer uma imagem divina, a auréola dos santos.

Pelados, a alguns metros de Gia, todos os modelos da Plameňák encaravam-na com fome, com sede por sangue e beleza, um bem ao lado do outro.

O ritual era bem parecido com a Ceia. Eles sugariam cada átomo que compunham a formosura de Gia apenas tocando-a intensamente, clamando aos deuses que eles fossem como ela. Perfeita. Divina.

E não se esqueçam: absorvam cada fibra.

As luzes carmesim começaram a piscar: o sinal para começar. Atrás dos modelos nus, sócios e gerentes assistiam todo o inferno sentados em cadeiras estofadas e caras, as pernas cruzadas, os olhos brilhando, as mãos entrelaçadas. Era um grande espetáculo.

Dois modelos começaram se aproximando de Gia. Andaram em volta dela, rondando-a, como se a jovem fosse sua presa. A modelo continuava com sua expressão impecável, como se em um ensaio, posando para todos que quisessem vê-la, linda até mesmo diante de sua "morte".

Um deles, mais musculoso, entrou na Banheira junto dela e começou a rasgar suas roupas; agressivo, mas dócil. Passou a mão por todo seu braço. O outro grudou os dedos em seus cabelos vermelhos e o puxou; passou a língua pelo pescoço de Gia. Um arrepio correu por sua espinha.

Mais alguns modelos se aproximaram. O traje de Gia foi aos poucos desaparecendo, mais corpos foram se juntando a ela; eles a tocavam, a lambiam, a cheiravam; queriam se fundir a ela.

Posicionado em um ponto estratégico, um fotógrafo tirava fotos do ritual, que mais parecia imagens de uma parte devassa do inferno. De repente todos estavam em volta de Gia. Um bolo de gente, um amontoado de carne.

Eles queriam a dela...

Alguns ousavam a morder seu corpo. Seus seios. Suas coxas. Sua bunda. Principalmente as modelos femininas.

Do seu lugar, Rút fez sinal para um ajudante e ele ligou o chuveiro quadrado do tamanho da Banheira que ficava bem acima deles. A água começou a cair, molhando-os da cabeça aos pés.

De repente eles pareceram ficar em câmera lenta. Uma orgia enorme debaixo d'água, com corpos se movendo em todas as direções.

A Sobremesa era um ritual lindo.