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Este sou

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Este sou... Eu?

Estreitando os olhos para o reflexo que encarava, Benedikt se deu conta de que o corpo imóvel carimbado no espelho circular fixado no teto era o seu. Estava vestindo apenas uma calça jeans  amarrotada e brincos de argola, o peito nu. A grande cama de casal no qual estava jogado vestia um belo lençol com estampas geométricas e de ar requintado.

Que lugar é esse...?

Assim que se sentou, a cabeça pareceu sacudir horrivelmente e um alarme soou dentro do crânio. Ficou zonzo e uma pontada de dor espetou seu cérebro.

Olhou ao redor. Não era sua casa. Não mesmo. Ao que parecia, estava em um belo quarto de hotel, mas não tinha ideia de como fora parar ali. E o que fora fazer ali.

- Que porra - resmungou, afundando o rosto nas mãos.

Os cabelos longos e negros estavam desgranhados e uma sede imensa assolava sua garganta. Se colocando de pé, caminhou até um pequeno frigobar vermelho perto da cama e o abriu. Havia algumas latas de refrigerante, cerveja e água. Pegou a de cerveja.

A abriu e bebeu quase metade de uma só vez. Deu alguns tapinhas no rosto. Sua jaqueta estava caída no carpete, ao lado do seu sapato de bico fino e suas meias. Porque vestira essa roupa mesmo?

Ah, o desfile!

Ah... o desfile...

Que horas eram? Deus!, ele estava muito confuso.

Procurou por seu celular e o encontrou meio encoberto por um dos travesseiros de cor bordô. Eram 10:12 da manhã. Ele passou a noite ali. Será que passou com alguém? Ainda tinha jeito para a coisa? A última vez que levara uma garota para sua casa não conseguira fazer muita coisa, já que estava completamente drogado.

Benedikt jogou-se sobre a cama e voltou a fitar o próprio reflexo. Que merda ele estava fazendo com a sua vida?

Nos últimos seis meses o buraco em que estava pareceu ficar ainda mais fundo. "Quando se chega ao fundo do poço, a única direção para se ir é para cima", era uma frase que Benedikt conhecida e discordava completamente. Ele sabia muito bem, por experiência própria, que dava sim para se afundar mais. Ele conseguiu.

Trabalhar com a Plameňák já não era tão especial e cheio de adrenalina igual era no começo. As pessoas se tornaram insuportáveis e os costumes da agência, nojentos. Ainda mais.

Voltando a se sentar, Benedikt começou a calçar os sapatos e depois vestiu sua jaqueta. Prendeu o cabelo bagunçado em um coque com um lacinho que tinha no bolso da calça. Deu uma olhada em volta. Viu a porta do banheiro e foi até lá.

Passou direto pelo espelho. Preferia não ver sua deplorável situação. Não havia nada de estranho ali, estava tudo em ordem. Deu uma olhada no lixinho próximo da privada, mas não achou nenhuma camisinha. Não transara...

Obsessão CarnívoraWhere stories live. Discover now