— Não percebi. Mas se você está dizendo. Onde achou ele? Porque só fiquei sabendo dele quando você me ligou avisando que traria visitas com você. Você é uma ingrata. Costumava ser minha melhor amiga e me contava tudo.

— Relaxa Lu! Não é nada demais. Minha empresa — Encho a boca para dizer isso, orgulho me define — estará prestando serviços para a dele. Ele é um empresário no ramo imobiliário, e eu vou planejar móveis para alguns dos apartamentos de um novo condomínio que a empresa dele inaugurou. Satisfeita?

— Só isso? E já está assim? Não sabia que contratos envolviam beijos.

— Como e? — Tenho certeza que estou mais branca agora. — Não entendi. — Disfarço.

— Para né ju! Você já foi mais esperta. O que está acontecendo com você? Não finja. Eu vi aquilo.

Desvio meu olhar e encontro pai e filho brincando. Balanço a cabeça tentando formar algo coerente para dizer.

— Tudo bem. Ele me beijou. Pronto. O que mais você quer saber? Não tenho muito para dizer.

— Quero saber tudo, claro. Aquele não foi o primeiro beijo que eu sei. Está na cara, que ai tem coisa, e você quer me deixar de fora.

— Não tem nada. E eu não deixo você de fora, só não tenho muito a dizer. Fica tranquila, que se tiver algo a ser acrescentado eu falo.

— Hum. Ok. Vou esperar. Eu gostei dele. É bonito, fala bem, tem um filho lindo, e parece gostar de você. É o que importa. E você também parece gostar dele, até o trouxe aqui.

— Ainda estou descobrindo. Só sei que ele me desarma de tal forma que quando vejo já estou cedendo. E isso me incomoda. Sempre me mantive bem ciente dos meus atos, e nunca cedi facilmente, você me conhece.

— Amiga, isso é muito bom. Lembra quando eu conheci o Dani? Foi assim também. Ah, ele chegou quebrando tudo dentro de mim, no bom sentido, é claro. Mesmo com aquele jeito marrento e muitas vezes impulsivo, me ganhou completamente. E olha lá, que coisa mais linda de se vê! — Ela aponta para o palhaço. — Não deixa a oportunidade de viver coisas nova na vida passar. Se ele te faz ceder é porque significa que você não tem o controle de tudo. E vai por mim, não é tão bom quando temos o controle de tudo. Ter controle é cansativo. Desgastante. Precisamos um pouco de calmaria. De alguém que possa cuidar de tudo por você, te trazer descanso, segurança. Entende? Não é como se você fosse ser permissiva e ceder sempre, mas neste caso, significa que por mais que você não queira você confia nele, e essa é a oportunidade para você descobrir o que ele tem que faz você confiar.

— Entendo. É por isso que o trouxe hoje. Queria que você o conhecesse. Um passo de cada vez.

— Isso mesmo.

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A semana se iniciou e eu pareço estar em outra dimensão. Tudo bem, não é nada que eu possa me alertar. Está tudo certo. Respiração controlada, pelo menos até chegar mensagem nova.

Desde quando viemos da casa da Luciana, não nos vemos. Ou seja, não olho em seus olhos e nem beijo seus lábios, o que tem me deixado um pouco nervosa, e é mais forte que eu. Tenho me controlado e me contentado com mensagens.

O celular vibra e meu coração dispara.

H: Já almoçou?

J: Ainda não.

H: Mas já está tarde. Acho que devia comer alguma coisa. Você pode adoecer se não comer direito.

Reviro meus olhos.

Curando Feridas ( Hiatus)Where stories live. Discover now