— Eles não vão fazer nada agora, mas tome cuidado mesmo assim. Eu sei de algumas coisas, mas não sei de tudo. Eles podem mudar de ideia e é por isso que você deve ficar atenta. — Ele ainda continuava sério. Levando em consideração os últimos acontecimentos, em sinceramente não duvido.

— Eu vou tomar, fica tranquilo. — Eu disse e ele sorriu, e então notei que suas presas haviam desaparecido. Olhei para seus olhos e agora estavam normais. — Você não é mais vampiro?Perguntei surpresa, ele tinha voltado ao normal e eu nem percebi. O buraco em seu peito também sumiu.

— Bom... não. O lugar para onde eu vou não aceita vampiros então... — Ele deu de ombros e me olhou. Espera aí, ele vai pra onde? — Adeus Lena! — Despediu-se me tirando de meus pensamentos. Parou! Como assim "adeus"?

— PERA! Aonde você vai? — Corri até ele. A porta da casa se abriu, uma forte luz clareava lá dentro, me impossibilitando ver o que tinha lá.

— Nossas almas não são libertas enquanto não resolvemos nossas pendências. Bom eu resolvi a minha, agora finalmente vou ter paz. — Ele sorriu, seus dentes brilhavam tanto! Quase perguntei se ele estava usando Colgate.

— Espera, eu também quero dizer algo. — Corri até ele e o abracei novamente. Meus olhos encheram de lágrimas, ele alisou meu cabelo e apertou aquele abraço intenso. Virei meu rosto o olhando nos olhos. — Henrique... eu quero te pedir perdão. — Ele me olhou confuso, e aquele olhar me fez chorar inda mais. — Eu não fui capaz de te salvar, não consegui. Eles deixaram você sofrer, logo você, que teve uma história tão triste... — Me apertei em seu peito, não queria me soltar daquele abraço.

— Não precisa pedir perdão, não foi culpa sua. — Ele disse calmo e tranquilo. — Eles fizeram isso não você. Não tem nada para perdoar. — Aquelas palavras me confortaram, aquela culpa me deixou e um grande peso foi tirado de mim. A tranquilidade na voz de Henrique era admirável, eu naquela situação estaria louca e descabelada. Certamente não acharia a casa, nem adivinharia minha pendência.

— Me sinto tão tranquila em saber que você finalmente vai ter paz. — Me desvencilhei daquele abraço, segurei suas mãos e olhei nos seus olhos.

— Por mais que você esqueça de algumas que eu falei, lembre-se de uma coisa: Valorize quem te ama, fique do lado deles, lute com perseverança e nunca desista. — Ele pausou brevemente, sem parar de me encarar — Bom, acho que já disse tudo, adeus Selena! — Ele se virou e começou a dar passos até a casa. 

A luz lá dentro se esvaiu rapidamente mostrando algo muito diferente que do lado de fora. Um grande salão elegante com pilares brancos, e uma grande escada ao fundo. O piso era de mármore amarelado. Fiquei ali parada, sem fazer absolutamente nada, estava fascinada com o que eu estava vendo. A casa por dentro era muito maior e diferente que por fora. Ele se virou para trás e me encarou. — Vou sentir Saudades! — Disse, eu lhe deu um tchau e ele devolver. Foi o nosso ultimo diálogo, ele virou-se novamente entrou. A porta lentamente se fechou e percebi que ele se foi para sempre.

Selena abriu os olhos, ainda encantada com o que havia presenciado. Seu coração estava tranquilo, foi como se um grande peso tivesse sido tirado de suas costas. Ela sabia que Henrique agora estava em paz e isso fez um sorriso surgir em seu rosto sem nem ao menos ela perceber. Lucia saiu do chuveiro, enrolada na toalha. Se deparou com Selena sorrindo, tranquila. Não percebera que Lucia estava ali, ainda viajava nas lembranças de seu sonho.

— Por que essa felicidade? — Perguntou. Selena a olhou abruptamente, como se voltasse a realidade. No entanto seu sorriso se desfez, ao perceber quem lhe dirigiu a pergunta.

— Só tive um sonho bom. — Respondeu vagamente. Levantou-se e caminhou até a cômoda, abriu a gaveta e tirou sua roupa. Não olhou para Lucia, e sua resposta fora seca o suficiente para sua ex-amiga perceber sua frieza para com ela. Depois do que Henrique disse e depois que Lucia a tirou da caçada, Selena não estava nada bem com ela.

— Tá assim comigo por que eu te tirei da caçada? Saiba que eu não vou voltar atrás. — Disse Lucia, Selena a olha irritada.

— Oi?! E por um acaso eu estou te pedindo alguma coisa, te disse alguma coisa?Agora eu sou obrigada a arreganhar os dentes pra você, sabendo das merdas que você anda fazendo?  Desculpa eu não tenho sangue de barata e nem sou idiota como vocês pensam. — Falou, Lucia abaixou a cabeça.

—  Desculpa, eu queria que voltássemos a ser amigas, eu sou uma líder, você tem que entender que...

—  Eu já entendi tudo faz tempo, e outra, não quero voltar a ser sua amiga. E mais outra! Quero mudar de dormitório. — Disse. Lucia ergueu a cabeça e a olhou com raiva. Selena virou-se e entrou no banheiro batendo a porta.

As coisas estavam para Lucia, suas escolhas precipitadas ainda a levariam a um destino cruel. Porém não pretendia sair perdendo nesse jogo, e se precisasse, tiraria até Drake do caminho. No entanto não imaginava que estava na palma da mão do vampiro.

Quanto a Selena, pós banho seguiu para a aula normalmente, e não deixou de pensar no que havia acontecido. Era estranho, conversar com alguém que estava morto, que viu ter a vida ceifada. No entanto, saber que o futuro dos vampiros não é pré-definido, a fez questionar certas coisas, como o vampirismo de Drake. Se ele era um vampiro, seria como Henrique? Ou na verdade Henrique morreu antes do vampirismo corrompê-lo. Contudo, a improbabilidade de Drake ser um deles era maior do que tudo, seria muito mais simples explicar os acontecimentos de maneira racional: a saudade a estava fazendo confundir as coisas. O único parênteses sem ser fechado era a ligação, esta de fato, não havia outra explicação a não ser loucura.

Dois dias depois Luke acordou. Sentindo fortes dores de cabeça, se levantou da cama. Para sua infelicidade, não lembrava o que Drake realmente alterou em sua mente, mas a sentia modificada. Ele pensou em contar para Lucia que tinha sido compelido, mas algo em sua consciência o impedia. Trocou sua roupa e saiu de seu dormitório, sendo recepcionado calorosamente pelos alunos que ali estavam. Lucia também se aproximou, adicionando um falso sorriso no rosto. O rapaz a olhou de uma maneira que nunca havia olhado nem para ela nem para ninguém, parecia que havia se apaixonado a primeira vista.

— Lucia, que saudade de você! — Falou alegre, abraçando-a com força. Lucia ficou sem reação, ele nunca tinha sido tão carinhoso assim. Logo deduziu o motivo, e então a duvida veio em sua mente.

Que mudanças exatamente fez em sua cabeça?

Que mudanças exatamente fez em sua cabeça?

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
Anjos do AnoitecerWhere stories live. Discover now