Afasto-me procurando pelo ar que acho que perdi já faz um tempo. Seus lábios se afastam, mas, seus olhos não. Um sorriso surge em seu rosto.

— Diz alguma coisa! — Pediu.

— Posso saber o que você está fazendo no meu sofá? — Levanto-me rapidamente como se aquilo fosse me livrar disso tudo.

— Depois de um beijo desse você quer saber o que eu estou fazendo no seu sofá? Não se lembra mesmo o motivo de eu estar aqui? — Sorriu. Porque não começa agradecendo por eu ter dobrado essa pilha de roupa? 

— Tenho uma leve lembrança. E obrigada pelas roupas. Não precisava mesmo. se bem que você fez porque quis.

— Mentirosa! — Hugo diz sorrateiro dobrando a manga sua camisa. — Vou fazer um café. Você está precisando. E não há de quê. E eu não dobrei por você, eu é que não suporta bagunça. — ele sai e vai em direção a cozinha.

— Hey! Pode parar. Nada disso. — Digo me colocando em sua frente. — Por acaso nós... — Não consigo terminar a frase e um nó se forma em meu estômago.

Ele continua andando e eu espalmo minhas mãos sobre seu peito e ele para.

— Juliana! — Gosto quando ele diz meu nome. — Não fiz nada com você. Não que eu não tivesse vontade. Mas ainda prefiro fazer alguma coisa com alguém que está sóbrio e bem ciente dos seus sentidos. — Alívio. Entenda, não que eu não queira nada com ele, mas pelo menos quero me lembrar de tudo. — Agora posso ir fazer o café?

— Melhor não! — Digo o empurrando de volta para sala. De jeito nenhum ele na minha cozinha. Não com essa bagunça. —Vamos tomar café em algum lugar sim?

— Mas porque se já estamos aqui?

— De jeito nenhum você entra na minha cozinha! — exclamo parada diante dele o impedindo de continuar.

— Juliana eu já percebi que você é desorganizada. Isso pode ser um problema no futuro.

— Não importa! Mas hoje não vai ser o dia em que você vai fazer o café na minha casa. Conheço um lugar agradável e que tenho certeza será bem melhor que você invadir minha cozinha.

— Você quem manda! — ele diz cruzando os braços e sorrindo. E eu me afundo cada vem mais na intensidade do seu olhar.

                                                                                      Hugo

Eu juro. Eu ia me segurar e não ia me afundar naqueles olhos. Mas quando abri os meus, senti o seu toque e os meus olhos encontraram os seus, foi então que eu percebi que perto dela já não tenho controle das minhas ações. Assim como naquele dia instintivamente a levei para a minha casa com um desejo intenso de cuidar dela, a trouxe ontem. Seus lábios são como um refrigério para o tormento em que minha alma se encontrava. Não tenho mais idade para brincar de gato e rato, por isso não dei chance para ela fugir, e no que depender de mim isso não vai acontecer.

Juliana com o seu poder de persuasão me convenceu a tomar café em um lugar bem próximo a sua casa. Confesso que eu estava com fome e a espera para Juliana se arrumar foi um tanto quanto longa. Escolhemos uma mesa mais distantes das outras e fizemos nosso pedido.

— Não disse que seria bem melhor tomarmos café na rua! — Ela afirma e não pergunta.

— Tenho que concordar com você! Quero te fazer um convite e gostaria muito que você aceitasse.

Juliana sorri e joga seus cabelos para trás. Gostei disso.

— Faça o convite e eu decido se aceito ou não! — Gracejou.

Curando Feridas ( Hiatus)Where stories live. Discover now