72. over again?

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No dia seguinte...

Saí de casa, tava um dia lindo, só que, muito sol. Detesto o calor. Atravessei, abri o portão e subi rápido. Abri a porta, a sala tava vazia, subi e abri a porta do quarto dele. Ele estava em frente a janela com as mãos no bolso, me trouxe lembranças essa cena. Mas agora está tudo bem, respirei fundo.
Gabriella: Oi lindo - Fechei a porta e ele me olhou.
Polegar: Oi Gabi - A voz dele saiu estranha.
Gabriella: Tudo bem?
Polegar: To bem - Se voltou pra mim. - E você?
Gabriella: To legal - Sorri de lado. Ele sentou na beirada da cama.
Polegar: Como dizer isso?
Gabriella: Como dizer o que? - Me aproximei com um nó se formando dentro de mim.
Polegar: Não podemos mais ficar juntos - Me olhou.
Gabriella: O que? - Perguntei confusa.
Polegar: É... - Respirou fundo. - Eu não quero, não posso e não vou mais colocar você em risco.
Gabriella: Tudo isso já é um risco
Polegar: Sim, mas depois que você veio pra cá, tudo de ruim te aconteceu, e por minha culpa também. Me apaixonar por você te colocou em risco. Eu sou um risco, eu não sou bom pra você - Levantou e veio na minha frente. 
Gabriella: Eu escolhi você sabendo dos riscos - disse com a voz embargada.
Polegar: Não consigo numerar todas as razões de eu não ser o cara certo pra você. Vou te colocar em segurança de novo
Gabriella: Larga de ser ridículo! Isso é algum tipo de brincadeira? - Senti lágrimas se formando nos meus olhos.
Polegar: Não é, nós acabamos aqui. Pode voltar a viver em segurança agora - disse. 
Gabriella: Você não está fazendo isso...
Polegar: Gabi, pensa comigo. Se nós não estivermos juntos, você fica em segurança. Antes de me conhecer você vivia em segurança
Gabriella: Antes de te conhecer eu não vivia
Polegar: Você nem queria se envolver
Gabriella: É óbvio que não, depois de tudo que passei. Eu não queria me apaixonar. Não queria precisar de ninguém. Na verdade, eu não queria nada, mas ai você apareceu. E olha, eu quis tudo...
Polegar: Tudo mudou depois que voltei do Rio...
Gabriella: Quer saber? Mudou mesmo. Talvez eu nunca tenha te perdoado por ir embora, porque você partiu a porra do meu coração. E talvez eu tenha feito um monte de coisas fodidas na minha vida depois que você sumiu, mas eu nunca menti para você. E você escondeu coisas de mim... Eu tive que passar por cima de muita coisa pra conseguir te perdoar
Polegar: Não tem que passar mais por cima de nada por causa de mim - ele murmurou. Fechei a cara, levantei a mão e meti um tapa na cara dele. Ele ficou imóvel, pelo menos, sabia que merecia o tapa.   
Gabriella: Você é um completo idiota, Polegar!
Nem olhei pra ele, saí correndo.
Polegar: Gabriella! - Ouvi ele gritar e correr atrás de mim. Corri mais rápido. Fui pra minha casa, entrei no meu quarto batendo a porta, me joguei no chão, com cuidado pra não bater meu braço e desabei em lágrimas. Como ele podia fazer isso, depois de tudo, depois do que passamos juntos. A Manu tinha razão desde o começo, ele não presta, não me merece. Mas ele não podia ter feito isso. Todos nossos momentos passaram pela minha cabeça, senti uma dor terrível, parecia que eu ia explodir. Tentei respirar fundo e me acalmar, mas tinha um nó dentro de mim. A porta abriu, Kelly e Agatha entraram, me olharam preocupadas.
Gabriella: Ele terminou comigo - disse. Elas fecharam a porta, deitaram no chão ao meu lado e ficaram.
Agatha: Nunca vamos te deixar sozinha
Kelly: Vai passar, prometo que vai... - disse. Afundei minha cabeça no ombro dela e chorei mais ainda. Agatha veio atrás e me abraçou. Senti um vazio, uma angustia. Como vou ficar sem ele agora? Passamos por tantas coisas, e depois de tudo ele resolve do nada que não quer me colocar em risco. Cada momento que passamos juntos era um risco, cada segundo. Tudo era um risco, a vida aqui é um risco. Mas ele se convenceu de que ficar sem ele é melhor pra mim. Ele decidiu isso sozinho, eu não escolhi nada. O vazio que senti quando ele foi embora voltou vezes maior, a dor sufocava à cada segundo. Mas se isso quer dizer que eu sou fraca, então eu sou. Não suporto ver ele me deixar. De novo.   
Depois de um tempo tinha quase dormido em meio as lágrimas, a porta abriu, levantei a cabeça e era a Manu.
Manuella: Oi amiga! - Sorriu e entrou. Com uma xícara na mão. - Vi você entrar, bater a porta. Achei que estivesse nervosa, então eu fiz um chá pra você - Se abaixou na minha frente, sentou devagar e esticou a xícara pra mim. - Toma, é de Camomila, que você adora! - Sorriu.
Gabriella: Não quero Manu.. - Disse com a voz fraca.
Manuella: Ah! Vai tomar sim! - Pegou minha mão e colocou a xícara. - Tá gostoso, eu que fiz. - Segurei a xícara e fui tomando o chá. - Tá bom?
Gabriella: Tá ótimo.
Manuella: Bem quentinho né? - Fiz que sim com a cabeça enquanto tomava. - É pra esquentar o coração - Sorriu. Bebi até o final. - Viu que boazinha? Bebeu tudinho - Colocou na cômoda e voltou pra perto de mim. Fui me sentindo sonolenta.
Kelly: Tudo bem?
Gabriella: Tudo, só me sinto estranha
Agatha: Estranha como?
Gabriella: Muito sonolenta, e mole
Kelly: Colocou o que no chá, Manuella?
Manuella: Nada demais
Agatha: O que você fez?
Manuella: É pro bem dela, vão me agradecer depois
Fui indo pra trás, a Kelly me segurou.
Agatha: Tenta ficar acordada - pediu. Não consegui. Apaguei olhando pra Manu e questionando-a com o olhar. Pra que isso?

Mulher de Traficante (TEMP 2) COMPLETAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora