Kate diz seriamente e eu sorrio com a cara que ela faz. Sem dar mais espaço para suas perguntas descabidas e intrometidas pego o telefone e ligo para o primeiro numero que vi...

-Alô! - A voz doce da minha amiga acalma o meu coração, fazendo até que eu respire melhor.

- Amiga, quero você!! Preciso de colo. Falo dramatizando o máximo que posso.

- Nossa o que você tem que está tão dengosa?

- Nada. Que dia você vem me ver?

- Ju? Esqueceu que você vem almoça aqui em casa?

Balanço a cabeça, eu tinha mesmo me esquecido.

- Esqueci.

- Cadê a Kate aquela maluca que não está cuidando de você?

- Ela não cuida nem dela quem dirá de mim. Mas não se preocupe, estou bem, só a saudade do seu colo que apertou hoje! - Digo tentando esconder ao máximo a bagunça que esta dentro de mim. - Agora vou trabalhar. - ou pelo menos tentar.

- Está bem! Mas pode ir se preparando pra termos nossa sessão de pote de sorvete e muita conversa, como nos velhos tempos. Algo me diz que você tem coisas novas para contar.

- Vou pensar no seu caso.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

As horas passaram e eu realmente me enchi de trabalho evitando pensar naquele beijo! Na verdade pensar nele estava causando um rebuliço dentro de mim! A pergunta que não quer calar é: Por que diabos toda a proteção, muralhas, cercas que usei para me proteger caem diante de Hugo! E isso me assusta. Me deixa intrigada! Curiosa e maluca.

O pior, ou melhor, não sei - interprete como você quiser- é que com ele, não uso máscara. É involuntário. Mostro quem eu sou, e isso não é legal. Não assim, do nada. Tão rápido.

Resolvo sair um pouco para tentar me acalmar. Isso! Um tempo comigo mesma! É disso que preciso eu preciso. Depois vejo o que faço com toda essa bagunça que está dentro de mim.

Como nunca fiz desde que abro o escritório, sai no meio do expediente e fui para a casa. Deixei Kate de boca aberta, porque nunca me permiti fazer isso. Mas hoje não tenho não condições.

Sabe quando você é pega de surpresa? Eu fui pega completamente desprevenida e não tive tempo me armar contra aquele par de olhos azuis.

Depois de chegar em casa e tomar um banho para refrescar e amenizar o descontrole em que eu me encontrava me joguei no sofá. Amo esse sofá. Mesmo que eu tenha que dividir o espaço com a bagunça de roupas esparramadas pelo sofá. Nada consegue chamar minha atenção na televisão. O dedo aperta freneticamente os botões do controle remoto. Não, não é isso que eu quero. Desligo a tv e pego o celular - quem sabe não tem uma ligação? - balanço a cabeça e controlo meus pensamentos e fixo meu olhar para a tv desligada. Não é como se eu quisesse receber uma ligação ou uma mensagem de certo alguém dono de uma letra linda.

Os olhos pesam avisando que o sono está chegando, e eu não vou lutar contra ele, afinal, o mais certo a se fazer é realmente dormir, só assim consigo parar de pensar num certo alguém.


Hugo


Quase uma semana se passou depois daquele beijo. Confesso que me segurei muito para não mandar mensagem e nem ligar para ela. Ligar e falar o que? Que senti sua falta? Que queria vê-la novamente? Isso é loucura! Completamente louco, esse sentimento de saudade, de alguém que você mal conhece! Não cedi ao desejo de ligar, me segurei o quanto pude, pelo menos até agora.

Curando Feridas ( Hiatus)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora