Capítulo 13

16.2K 1.3K 517
                                    

- Ela estava cansada de construir sonhos, planos, fantasias.E depois da desilusão de ter que destruir uma a uma, como se nada daquilo tivesse existido. 💭

...Alguns dias depois...

E, infelizmente, tudo corria do mesmo jeito, agressões constantes, não havia humor algum e muito menos vontade de fazer alguma coisa, eu sentia que a depressão estava me matando aos poucos, sem ninguém perceber.

Todos os dias eu ouvia as vozes de Luísa, Adam e Megan na casa, ouvia as desculpas esfarrapadas que meu pai criava quando perguntavam sobre mim e o meu paradeiro: "Está dormindo, Ah ela está muito cansada esses dias, não quer ver gente", e assim iam levando até onde desse para enganar quem ousasse perguntar sobre mim.

Eu ia para a escola todos os dias, havia sido "proibida" de falar com Ian, ele me perguntava os motivos que me levaram à ter mudado de tal forma, mas caso eu dissesse alguma coisa, iriam ter consequências péssimas, e eu não queria sofrer ainda mais do que estava sofrendo.

Olhei no pequeno relógio digital em cima do criado mudo, era hora de levantar, e começar mais um dia, em que a vontade de ir embora desse mundo iria prevalecer firme e forte comigo.

Eu não havia dormido, na verdade estava sem dormir à dias, me mantendo acordada à base de remédios e muita cafeína, era medo...medo dele fazer algo, medo de acontecer alguma coisa mais grave.

Tirei minhas roupas, entrei no chuveiro, chorando baixo enquanto a água morna entrava em contato com os machucados que Adam renovava a cada dia.

Depois vesti uma blusa azul escura, uma calça jeans, peguei também um moletom para esconder as marcas das agressões frequentes, calcei meus tênis, peguei a mochila e me sentei na cama, esperando Adam ter a boa vontade de abrir a porta do quarto.

Adam: Vem.

Abriu a porta e chegou pro lado.

Adam: Come alguma coisa.

Balancei a cabeça para os lados.

Adam: Anda logo.

Kathe: Não quero..

Adam: Vai ficar com fome o dia todo.

Entrei no carro e Megan já estava lá, passando um gloss na boca e olhando no seu espelho de mão, ela olhou para mim e retornou o olhar seu reflexo.

Adam: Repetindo o que eu já disse, não ouse contar para alguém o que está acontecendo, Megan você fique de olho na sua irmã.

Megan: Pode deixar pai.

O dia estava chuvoso, contribuindo mais ainda para que tudo se tornasse ainda mais "sombrio", ao meu ponto de vista.

Descemos do carro e entramos no colégio, abri meu armário para pegar o livro de física.

Megan: Eu sinto muito por tudo isso Kathe.

Kathe: Não, você não sente, sabe porque? Tudo isso é culpa sua, e daquele monstro que vive conosco.

Fechei o armário e segui para a sala, me sentei em um dos últimos lugares da fila, enquanto observava os outros adolescentes completamente felizes e eufóricos, comentando sobre a festa do colégio, as meninas planejando que roupas usariam, os meninos sobre o quê levariam para beber, eu no fundo, bem lá no fundo, tinha um pouco de inveja disso, eles eram felizes, só precisavam se preocupar com coisas banais, enquanto eu tinha que me preocupar com qual parte do corpo estava doendo mais, e ainda pensar que a dor se aumentaria assim que eu colocasse os pés para dentro de casa.

A Casa Ao LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora