Capítulo 2

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Eu corri o mais rápido possível até o ponto de ônibus. Quando consegui chegar, me misturei entre as pessoas torcendo para que o ônibus chegasse o mais rápido possível. Se eu estivesse estragado qualquer coisa de um artista, ainda mais internacional, eu estava lascada. Não tinha dinheiro nem para consertar minhas coisas, imagina de alguém famoso.

Rezei, rezei quando finalmente o meu ônibus chegou, eu pulei para dentro e dei uma verificada do lado de fora e estava tudo tranqüilo, por sorte talvez tenha despistado. Eu respirei aliviada e peguei um lugar para descansar, a viagem ia ser um pouco longa e um tanto triste, mais uma vez não consegui o emprego. O que eu ia fazer?

Talvez desistir de tudo e voltar para o inferno que era a minha vida.

Eu sacudi a cabeça afastando essa ideia. Não, isso não, não pensaria nisso agora. Ia continuar tentando até onde desse. Eu vou conseguir passar por tudo isso.

Encostei minha cabeça na janela e deixei minha mente viajar na paisagem durante toda a viagem até em casa. Que por sinal, era muito distante. Morar em São Paulo era complicado, dependendo de onde você queria ir precisava fazer mega viagem. O que era muito cansativo por sinal. Se eu tivesse habilitação minha vida seria mais fácil, o problema era só ter o carro.

Eu ri comigo mesma, mal tinha dinheiro para respirar, imagina para ter um carro. Talvez isso devesse ficar para a próxima vida, quem sabe, né? Se nessa vida eu não tinha sorte, esperava que na próxima eu tivesse.

Quando finalmente cheguei ao meu apartamento, minha barriga começou a roncar, estava com muita fome e sabia que não haveria mais do que pão com ovo para conseguir tampar o buraco que estava em meu estomago, mas não poderia reclamar, tinha que pensar que poderia sem pior e não ter nada para comer.

Eu separei as coisas e comecei a preparar minha pequena janta quando meu celular começou a tocar. Corri para atender, mas na tela anunciava um número diferente e estranhei por um momento. Eu hesitei em atender, mas poderia ser alguma oportunidade de emprego, não podia perder qualquer oportunidade. Atendi antes que a ligação caísse na caixa postal.

"Alô" – Disse rapidamente.

"Alô" – A voz do outro lado da linha era masculina e me cumprimentou em inglês. Talvez fosse um teste, era melhor eu ir na onda e comecei a dialogar em inglês.

"Er, Alexia?" – Ele perguntou com um pouco dificuldade ao pronunciar o meu nome.

"Sim, sou eu." – Eu cruzei meus dedos.

"Você está com a minha mochila." – Ele anunciou e eu fiquei em silêncio por um segundo. Será que era um louco?

"O que?" – Consegui dizer.

"Minha mochila." – Ele repetiu.

"Um minuto, por favor." – Eu pedi e corri até o sofá onde havia jogado a mochila. Do que ele estava falando afinal?

Quando abri a mesma vi que meus pertences não estavam ali, meu coração disparou naquele momento. Aquela realmente não era a minha mochila.

Eu comecei a revirar as coisas e ali havia um boné, uma mascara de colocar no rosto de pano preto, algumas cartas que estavam escritos talvez em coreano ou japonês, não tinha certeza, poderia ser até chinês. Havia também uma carteira e um passaporte. Curiosa, eu abri e vi a foto. Era do rapaz que eu havia esbarrado. Puts, e agora? Li o seu nome no passaporte. Lee Hongbin.

Droga, eu peguei a errada. O que ia acontecer agora? Será que iam me acusar de roubo?

Não, não seria possível, até porque ele está com as minhas coisas, então não poderia ser considerado roubo. Ou era o que eu pensava.

"Oi..."- Eu consegui dizer depois do surto mental que estava tendo.

"Você poderia me devolver? Eu preciso ir embora logo e você está com o meu passaporte e meus documentos."

"Ah, claro. Quando podemos nos encontrar? – Eu fazia com que minha voz soasse tranquila, mas por dentro estava me tremendo toda.

"Pode ser agora?" – Ele estava de brincadeira, né?

"Agora? Mas já está tarde."

"Não se preocupe, pegue um taxi que pagarei a viagem de ida e volta. Eu só preciso dessas coisas logo e não posso esperar até amanhã." – Sua voz soava calma e tranquila, apesar de que parecia que estava desesperado para ir ter suas coisas de volta.

Eu respirei fundo e pensei duas vezes se deveria fazer isso, afinal poderia ser uma má ideia pegar um taxi e ir encontrar uma pessoa essa hora e sabe lá Deus onde. Poderia ser uma cilada, mas também não poderia ser. Ele parecia ser uma pessoa muito importante, não faria mal para alguém. Além do mais, eu havia causado tudo aquilo esbarrando nele e pegando a sua mochila. E se ele ia pagar o taxi, não ia perder nada. Aquela noite só iria me jogar na cama e assistir qualquer coisa que estivesse passando na tv.

"Tudo bem. Onde posso te encontrar?" – Eu disse ainda com um pouco de duvida enquanto olhava a sua foto do passaporte e de seu documento. Ele parecia ser mais bonito sem óculos. Uma foto 3x4 não pode mentir a beleza da pessoa.

"Não sei muito bem onde, mas eu sei que estou em um Hotel Hilton, será que você chegar aqui?"

"Eu posso tentar." – Eu disse jogando o nome do hotel no google e aparecendo a imagem do mesmo. O que me deixou de boca aberta. Aquele era O hotel, não era qualquer um, devia custar uma fortuna ficar no quarto mais barato e por um dia só. Devia custar mais que um carro.

"Tudo bem, estaria te esperando."

"Ok." – Eu consegui dizer depois de quase engasgar com a minha própria saliva. Até minha fome havia passado depois disso.

"Até logo." – Disse encerrando a ligação.

PUTA MERDA, quem era aquele cara? O bichinho nem era rico, né? Eu precisava descobrir o que ele era. Só podia ser uma pessoa muito importante.

Eu rapidamente pedi um taxi e enquanto esperava, eu joguei seu nome e sobrenome no Google e uma enxurrada de informações apareceram na tela, assim como milhares de fotos. Era ele mesmo. Comparei as fotos do google com do seu passaporte e era o mesmo.

É, não estava errada, ele realmente era alguém famoso. Curiosa, comecei a ler que na verdade ele era um cantor sul-coreano, o que achei bem interessante. Apesae de não conhecer muito o kpop, eu sabia que tinha alguns grupos muito bons. Não sei como não o reconheci logo de cara, ele era um dos integrantes do grupo que minhas amigas estavam surtando tanto por estarem no Brasil. Se eu contasse para elas, jamais acreditariam em mim.

Quando o interfone tocou, desliguei minha pesquisa, peguei a mochila e corri para o taxi.

- Para onde, senhorita? – O taxista perguntou assim que entrei.

- Hotel Hilton, por favor. – Eu segurei com força a alça da mochila e enquanto o taxista deu partida no carro, comecei a rezar para que ele fosse tão bonzinho quanto fora ao telefone e não me matasse por pegar a sua mochila e atrapalhar sua agenda. Eu estava contando com isso.

Starlight ✩ VIXXOnde as histórias ganham vida. Descobre agora