Capítulo 23

842 36 0
                                    

 Aaron – Porque quando eu fui preso ele me contou. – Os olhos dela marearam. – Eu sinto muito quebrar a imagem que tinha dele. Por mim poderíamos conviver, eu, ele, sua mãe e você. Sabe você passar finais de semana comigo como casais normais, separados, fazem. Mas ele estragou isso, ele fez sua mãe pensar que eu fiz tudo por ser uma má pessoa e também fez me prenderem para que nunca mais te visse. Precisa acreditar em mim. – Ela assentiu e duas lágrimas caíram. – Acredita?

Alice – Eu não sei em que acreditar. – Mexeu com a colher no sorvete.

Aaron – Ontem não viu como eles me tratam? Era pra ser eu a te abraçar, te levar para dormir, te confortar. – Ela viu uma lágrima cair do olho dele. Ficou com dó. – Por favor, me dá uma chance de provar que eu digo a verdade.

Alice pensou por uns minutos. – Ok. A gente pode tentar ser amigos. – Sorriu de canto. – Mas não quero ficar falando mal do meu ... Pai.

Aaron – Claro. Afinal, não quero falar mal de mim. – Tentou brincar e ela sorriu forçado. – Enfim, me conte do colégio! Tem muitos amigos? Que série você está?

Alice – Tenho. To no primeiro colegial, eu fui adiantada.

Aaron – Deve ser muito inteligente.

Alice - Sabe quantos anos eu tenho?

Aaron – 14. Claro que sei. Sei que planeja uma festa.

Alice arregalou os olhos – Como sabe?

Aaron – Eu tento ficar perto, mesmo longe. – Sorriu e ela conseguiu sorrir junto.

Alice – Você... Quer ir?

Aaron – Lógico! Quando vai ser?

Alice – Em um mês. Eu vou te entregar um convite.

Aaron – Claro. O que quer fazer agora?

Alice – Não sei.

Aaron – Podemos ir na minha casa, pra você conhecer seus avós. – Ela travou. Ok, com um pai vinha um pacote. Novos avós, novos tios, novos primos. – Muito cedo? – Ela assentiu.

Alice – Você tem mulher? Filhos?

Aaron – Como? Se fiquei todos esses anos preso. – Mais uma vez ela ficou com pena.

Alice – Podemos ir passear no shopping. – Ele assentiu.

Aaron – Se importa de irmos de ônibus?

Alice – Podemos pegar um táxi.

Aaron – Eu... Não posso gastar assim.

Alice – Não tem problema, eu posso pagar. – Sorriu e pararam na calçada. Alfonso ainda olhava, não conseguia ir embora. Mesmo sabendo que agora ela tinha proteção de policiais, ele não pôde. Acabou entrando no shopping atrás dela, sempre escondendo.

Aaron – Então gosta de compras? – Ela assentiu. – Que foi?

Alice – Nada. Por quê?

Aaron – Fica quietinha assim.

Alice – Eu... Sinto como se tivesse traindo meus pais. Estando aqui.

Aaron – Pensa que eu sou teu pai também e que mereço te conhecer. – Ela tentou sorrir. – Quem sabe um dia eu não possa me dar bem com eles?

Alice – Eu ia gostar! Eu vou tentar falar com eles, sabe, ai eles podem também tentar te desculpar! Quero dizer, eles vão entender que só me levou porque tinha medo de não me ver mais!

Aaron – Você entende?

Alice – Eu entendo. Eu acho. – Levantou o ombro direito e ele sorriu. Ela sorriu de volta. – Olha, ali é onde eu mandei fazer meu vestido pra festa!

Eles rodaram o shopping inteiro. Aaron não aguentava mais, quando ela foi ao banheiro deu graças a Deus, "que menininha mais chatinha", ele pensava. Só que para atingir os pais, tinha que atingi-la e não sossegaria até ela brigar com os dois.

Alice – Eu preciso ir. – Falou depois de almoçarem.

Aaron – Já?

Alice – Já. Eu só falei que ia passar a manhã com você pros meus pais.

Aaron – E eles deixaram?

Alice – Não me ligaram nenhuma vez.

Aaron sorriu por dentro – Dessa vez você já é maior, eles sabem que não podem te controlar. Viu como no fundo, ele não liga tanto? – Ela abriu a boca pra contestar, mas... O que falaria?

Alice – Eu já vou. – Se virou para ir embora.

Aaron – Ei! Quando nos vemos?

Alice – Não sei. Eu te ligo pra te dar o convite da minha festa. – Ele assentiu e deu um beijo e um abraço nela.

Aaron – Eu te amo filha. – Ela ficou sem graça e saiu, quase correndo para a saída do shopping.

Quando ela chegou em casa Anahí já disparou e a abraçou.  

Especial Never Gonna Be AloneOnde as histórias ganham vida. Descobre agora