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Ele não dormiu por um mês de verdade. Mas ele dormiu por mais de uma semana, apenas acordando para comer a comida de sua mãe e murmurar respostas para as perguntas dela e dormir de novo com sua cabeça no colo dela. Ele só se sentiu humano de novo no Domingo, quando acordou cedo e cambaleou até a cozinha para encontrar sua mãe já acordada, sentada à mesa com o jornal, bebendo café e fumando um cigarro. 

"Bom dia, querido," ela sorriu, empurrando a cadeira oposta com o pé para que ele pudesse sentar, segurando o café junto ao peito. "Eu deveria ir na casa da Rose após a Missa, mas você quer que eu volte para casa em vez disso?"

"Hmm? Não, mãe, você deveria ir, eu estou bem." Frank bebeu quase metade do seu café em três grandes goles escaldantes e absolutamente necessários, e depois brincou com a alça da sua caneca por um tempo antes de perguntar a ela, "Posso ir junto?"

Sua mãe o olhou. "Para a casa da Rose?"

Frank estremeceu demonstrativamente e tirou um cigarro da carteira aberta. "Para a Missa."

"Claro!" ela disse, sorrindo radiante para ele, mas também conseguindo o olhar como se ele tivesse acabado de dizer a ela que podia voar. "Seria maravilhoso!"

"Bom, tudo certo então," ele disse, colocando o cigarro em sua boca.

A sua mãe franziu o cenho e estalou a língua. "Você sabe que eu não gosto que você fume," ela disse, e então se inclinou sobre a mesa e acendeu o cigarro para ele.

Frank inalou profundamente e assentiu seu agradecimento. "Tal mãe tal filho," ele disse tristemente. "Eu nunca tive escolha."

"Oh, menino esperto." Sua mãe virou a página e se debruçou sobre o jornal, o ignorando. Frank sorriu sobre o topo da cabeça dela.

Na missa, ele não ficou surpreso em ver Mikey, Ray, Bob e Brian. Eles se reuniram no estacionamento depois e Frank se sentiu instantaneamente com treze anos de novo, se amontoando em torno de um cigarro compartilhado e fingindo que não estavam com medo das mães deles os encontrarem.

"Se vocês não estiverem ocupados," Brian disse, soando estranhamente nervoso, "Eu meio que tenho algo para mostrar para vocês."

Frank não tinha planos para o resto do, oh, sempre, então ele seguiu Brian com os outros até que eles chegaram a um prédio fechado em uma rua que Frank conhecia tão bem que poderia a encontrar até no escuro.

"Uh," Mikey disse. "Eu estou louco, ou nós estamos na loja?"

Brian sorriu radiantemente e balançou um molho de chaves para eles. "Surpresa!"

Era tão estranho estar do lado de dentro novamente. Não tinha mudado nada; cheirava exatamente a mesma coisa, apenas um pouco mofada por ter ficado vazia por tanto tempo.

"Eu mencionei ela para Craig e ele descobriu que estava vazia agora," Brian disse animadamente. "Ele convenceu os proprietários atuais a venderem para ele."

"Brian," Ray começou. "Eu não quero molhar o seu desfile nem nada, mas eu não sei se quero voltar a cortar cabelo."

Brian abanou as mãos impacientemente. "Não, não – okay, vocês tem que imaginar tudo isso esvaziado, okay?" Brian apontou para a parede de trás. "E eu pensei que nós poderíamos ter um quadro ali para colocar nossas ideias, vocês sabem, para quando nós pesquisamos, e talvez, Frank, se você não se importar, Ray pode ficar com a sua antiga sala para montar o kit dele, porque eu acho que deveria ter uma porta caso algo exploda."

"Continue, continue," disse Bob.

Brian se balançou um pouco em seus pés. "E assim nós podemos usar a sala dos fundos para os livros, sabe? E para qualquer coisa que nós quisermos manter longe do público," ele continuou animadamente. "E tem o meu antigo escritório, que é mais privado, sabe, se um cliente tem algo mais sensível para discutir."

"Cliente," Frank disse sem expressão. Ele olhou para Bob. "Ele está fazendo sentido para você?"

"Yeah," Bob assentiu. "Mas só porque ele já me falou sobre isso."

"Te falou sobre o que?" Mikey disse, franzindo o cenho. "Brian, do que você está falando?"

"Eu estou falando sobre o que nós fazemos. Eu estou falando sobre ajudar pessoas." Brian olhou para Mikey. "Eu não tive mais notícias do Padre – eu quero dizer, eu assumo que ele esteja bem?"

"Ele está," Mikey disse rapidamente, olhando para Frank.

"Mas eu sei que nós não podemos mais trabalhar com ele," Brian continuou. "E eu estava falando com o Craig pelo celular, e vocês sabem que ele está sempre dizendo que quer ajudar, e eu pensei – eu comecei a pensar, talvez não importe que o Padre não esteja aqui. É uma merda, mas – não tem que significar que nós não podemos seguir em frente."

Ray perguntou, "Como exatamente Craig pode ajudar?"

"Com dinheiro," Brian disse. "Ele quer configurar isso como um negócio, ou mais como uma caridade – eu não sei exatamente como isso vai funcionar ainda, mas eu sei que nós vamos ter essa base para trabalhar, e os materiais que precisarmos e – bem," ele abaixou a cabeça um pouco, "nós nunca seremos milionários, mas ele pode pagar vocês mais do que eu podia."

"Você nos pagava o bastante," Bob disse firmemente.

Brian o lançou um pequeno sorriso. "Bem. De qualquer forma, isso vai significar que nós podemos fazer o que fazemos sem nos preocupar com a próxima refeição. E eu sei que o pensamento de fazer isso por conta própria é assustador, mas eu apenas..." ele divagou, parecendo envergonhado, e deu de ombros. "Bem, eu acho que é isso."

"Não," Frank pressionou. "Não, o que você ia dizer?"

Brian hesitou, rolou os olhos para si mesmo e disse, "Eu só pensei que nós poderíamos fazer o bem de verdade, talvez ainda mais dessa forma, porque nós não estaremos respondendo para pessoas que não nos entendem, e nós não as entendemos. Talvez não fosse o chamado de Gerard que nós estávamos seguindo, sabe? Talvez, talvez fosse o nosso."

"Eu estou dentro," Bob disse. "Você já sabia que eu estava. Mas como nós vamos saber a quem ajudar? Como nós vamos ter pessoas passando pela porta?"

Brian sorriu. "Como sempre tivemos. Mikey."

Mikey piscou e cruzou os braços, mas ele estava contente, Frank podia ver. Ele viu Ray apertar o ombro de Mikey, acariciar a parte de trás do pescoço dele. Mikey disse, "Eu vou ter que atender o telefone?"

Brian sorriu. "Deus sabe que você nunca atendia antes."

Mikey fingiu pensar sobre o assunto. Ele disse astutamente, "Bem, mas nós temos acesso aos esgotos aqui?"

"O que?" Brian franziu a testa, e em seguida seu rosto esclareceu e ele rolou os olhos. "Não é nada disso. Nenhum de nós é um vampiro."

"Ainda," Bob disse sombriamente.

Ray sorriu. "Nós podemos envergonhar Brian entregando nossos cartões de negócio com design ruim em bares?"

Frank o encarou. "Cara, Brian não fica envergonhado com cartões de negócio, okay. Ele sonha com eles."

Brian o ignorou. "Olha, eu só acho que nós podemos fazer isso funcionar, de verdade. Eu sei que é muito trabalho remodelar e tudo mais. Eu não sei, talvez vocês apenas queiram esquecer que esse ano aconteceu e trabalhar em um escritório ou no Burger King, algo assim. O que vocês acham?"

Ninguém falou a princípio. Bob, Ray e Mikey olharam para Frank, e ele soube que eles estavam esperando que ele decidisse. Ele olhou ao redor da loja, todas as coisas que tinham acontecido lá e todas as coisas que ainda não tinham acontecido. Ele pensou sobre as cicatrizes em sua testa, sobre Gerard. Ele pensou sobre o que o Cardeal tinha dito a ele.

"Eu odeio Burger King," ele disse. "Vamos fazer isso."

*

Eu queria agradecer aos comentários que vocês deixam, acabei de perceber que essa parte tem mais comentários que as outras juntas e isso me faz muito feliz.

Faltam 5.



Heaven Help Us [Frerard]Where stories live. Discover now