Heaven Help Us [Frerard]

16

"Eu nem sei como começar," Gerard disse, amontoado na grande poltrona com Mikey. "A dizer que sinto muito."

"Então não comece," Ray disse a ele. "Esqueça isso."

Gerard meio que sorriu. "Simples assim?"

Bob assentiu. "Simples assim. Não era você, cara. Nós sabemos disso."

Gerard balançou a cabeça e desviou o olhar, os cantos da sua boca se virando para baixo. Ele disse, "Mas eu me lembro. Eu lembro como se fosse eu."

"Não era," Mikey disse suavemente.

Gerard suspirou. "As crianças estão seguras?"

"Elas estão com Craig." Mikey colocou o braço ao redor dos ombros de Gerard e esfregou o braço dele.

Gerard olhou para ele. "Eu não quero que elas me vejam desse jeito."

"Elas não vão. Craig está tomando conta delas."

Gerard assentiu. O cômodo estava tão silencioso. Frank estava sentado no chão. Ele abraçou os joelhos próximos ao peito. "O que vai acontecer amanhã? Quando o Cardeal chegar?"

"Nós vamos ter que sair da casa," Brian disse, estremecendo quando tentou mudar de posição. "Tem uma igreja não muito longe daqui, eu acho que o Cardeal combinou com o padre local para que ela fique vazia."

Gerard assentiu. "Isso é bom."

"Não," Frank tentou de novo. "Eu quis dizer com o exorcismo. O que nós vamos fazer?"

Gerard respirou fundo, arqueando uma sobrancelha. "Eu nunca fiz um. Não um de verdade. Pelo que eu ouvi, o filme na verdade não está totalmente incorreto."

Frank olhou para cima. "Os padres morrem no filme."

"Exorcismos na verdade são raramente sancionados pela Igreja. Em parte, porque muitos dos casos de possessão demoníaca acabam sendo outra coisa – distonia, esquizofrenia, histeria. Parte porque ninguém é mais cético sobre demônios do que o Vaticano, acredite em mim," Gerard meio que rolou os olhos. "E parte porque, bom, eles são perigosos. Pessoas morrem, e aí a Igreja fica responsável. Padres foram condenados por homicídio por seu envolvimento."

Gerard pausou, respirou fundo novamente e continuou, "Então seria melhor se vocês não estivessem lá."

"E essa é outra coisa que você pode esquecer," disse Ray.

"É muito perigoso," Gerard insistiu. "O objetivo básico do exorcismo é tornar tão desconfortável para o demônio habitar o corpo humano que ele preferirá voltar para o Inferno. Mas é totalmente possível que ele pule para outra pessoa em vez disso, e eu não posso tomar esse risco."

"Nós não vamos te deixar," disse Brian. "Ponto final."

"Você disse que pessoas morrem," Bob falou. "Eu pensei que se – se alguma coisa acontecer com você, isso não vai deixar o demônio livre?"

"Ou isso, ou minha morte vai impedi-lo totalmente," Gerard disse inexpressivamente. "Eu me pergunto se minha alma iria para o Inferno?"

"Você não vai morrer," Frank retrucou. Gerard piscou para ele, e Frank chutou a mesa em frustração. "Deve haver uma coisa que possamos fazer, Gee, nós podemos pesquisar nos livros de novo, não podemos?"

Gerard balançou a cabeça. "Não tem mais nada."

"Então nossas opções são: você é exorcizado, funciona, e o Vaticano te impede de nos ver," Frank disse, a garganta dele estava quente e apertada, assim como a pele ao redor dos olhos dele, "É exorcizado, funciona, e você perde a mente como o Luke. Ou é exorcizado, não funciona e você morre? Deve haver outro jeito!"

"Frankie," Gerard disse gentilmente. "Não há. Eu sinto muito. A única coisa que nós podemos fazer é esperar."

Frank cerrou os dentes para que não começasse a gritar. Mikey trouxe a outra mão para o rosto de Gerard, esfregando o sangue seco que ainda estava respigado em sua bochecha. "Você quer alguma coisa?"

Gerard pensou sobre isso, e disse em seguida, "Um banho." Mikey riu, apenas uma vez, como se ele estivesse surpreso, e Gerard formou um sorriso vacilante em resposta. "O que, isso é estranho?"

"Só porque é você," Mikey o provocou. Gerard fez um som que deve ter começado como uma risada, e Mikey o empurrou para cima, para fora da cadeira. "Vamos, eu vou te ajudar."

Frank os observou saindo. Ele olhou para Bob e Brian, que estavam usando expressões de mandíbulas apertadas para contradizer o quão merda eles estavam se sentindo, e para Ray, que estava curvado sobre o seu kit, usando as pontas dos dedos para mover as coisas.

"Tem que ter algo que possamos fazer," ele disse novamente.

Ninguém respondeu.

*

Desculpa a demora, gente, eu esqueci que tinha deveres a cumprir nesse site.