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Eu: olha, por favor, eu não quero confusão.

Bia: só de você ter nascido você já merecia uma surra.

Na verdade, eu estou cogitando a opção de bater nela.

Eu: olha, me deixa em paz, por favor.

Bia: você envergonha a nossa escola, envergonha a nossa turma, me envergonha por estar aqui na minha frente, e você quer que eu te deixe em paz?

Eu: Eu só...

Bia: cala a boca coisa ridícula!

Eu estava ficando nervosa.

Bia: só os seus avós para aguentar olhar para a sua cara todos os dias, aqueles dois velhos vagabundos, mereciam morrer.

Nessa hora meu sangue ferveu, foi muito rápido, eu só fechei a minha mão e soquei o nariz da vagabunda, que começou a gritar e chorar de dor.

Eu: NINGUÉM FALA DOS MEUS AVÓS DESSE JEITO.

Coloquei minha touca, peguei minha mochila e sai correndo até a sala de aula, ainda estava cedo para a aula, mas eu precisava pensar, ficar sozinha e nessa hora a biblioteca não ia resolver.

Mas ao contrário do que pensei, não consegui chegar até a sala sem interrupções.

Miguel parou na minha frente, ele era um velho inimigo, e por uma infeliz coincidência meu vizinho. Ele era loiro, mais ou menos 1,73, olhos castanho-claros e sua boca formava a linha de um sorriso cruel.

Miguel: olha o que temos aqui, um resto de aborto ambulante.

Eu: não enche Miguel, se não quiser levar um soco igual a sua amiguinha Beatriz.

Miguel: olha! Ela fala!

Eu: e bato também! Sai da minha frente!

Miguel: não tô afim.

Eu: o que você quer?

Miguel: que você morra NERD.

Eu: porque eu não me surpreendo?

Miguel: você disse que bateu na Beatriz. Você? Certeza? Como?

Eu: assim.

Levantei a minha perna e chutei suas partes baixas, ele fechou os olhos e fez cara de dor, se abaixou e me deu passagem, voltei a correr.

Miguel não era tão chato antigamente, quando éramos crianças ele me ajudou quando um garoto derrubou meus livros, mas depois ele ficou amigo daquele garoto e virou um babaca.

Cheguei na frente da porta do terceiro ano, apesar de eu ter 16 anos eu estava no terceiro ano, eles disseram que eu era mais inteligente do que as pessoas da minha sala, mais um motivo para ser zoada, os professores me davam atenção demais.

A porta era de um verde descascado e com uma maçaneta velha, apenas quem estudava ali sabia como abrir a porta, porque tinha que girar a maçaneta, puxar, soltar e empurrar.

Fiz esse ritual e entrei na sala, me sentei na última carteira da última fileira perto da janela e comecei a pensar.

Eu bati na Beatriz, e no Miguel!

Eu dei um soco na Beatriz, e um chute no Miguel.

Eu: EU BATI NA BEATRIZ E NO MIGUEL!

Xx: Bom pra você.

Eu acho que pensei alto. Nem percebi que um garoto tinha entrado na sala.

Eu: desculpa, pensei alto, relaxa, já estou saindo.

Me levantei mas ele  colocou a mão no meu ombro:

Xx: não, fica.

Eu: e porque?

Xx: quero companhia.

Eu: da Nerd?

Xx: não, da Alex.

Ele parecia estar sendo sincero, mas aposto que é ilusão, aqueles olhos verdes me encarando de cima, porque como eu disse eu sou muito baixinha então é normal ele ser mais alto, o cabelo dele era desarrumado, típico dos garotos do terceiro ano, se eu não fosse eu e pensasse como a garota que eu deveria ser... diria que ele era até bonito, pena que não mente bem.

Eu: olha, posso ser feia, chata, ridícula, mas não sou idiota.

Xx: ninguém disse que você é idiota.

Eu: licença, eu prefiro ir para outro lugar.

Tirei a mão dele do meu ombro, peguei minha mochila e sai em direção a biblioteca.

Finalmente sem interrupções consegui chegar lá. Peguei um livro qualquer e comecei a ler,mas não conseguia me concentrar, os pensamentos invadiam a minha cabeça.

Porque aquele garoto veio falar comigo? Logo comigo. Ele era bonito de mais para falar comigo sem me xingar ou me humilhar, tenho certeza de que era aposta.

O sinal tocou e eu pensei seriamente em fingir estar doente ou pular o muro para a liberdade.

Mas eu teria de encarar todas aquelas pessoas, teria que me sentar na minha cadeira e assistir as aulas chatas de sempre.

A tal Nerd (Pausado)Where stories live. Discover now