Capítulo 15

78 5 0
                                    

Moon p.o.v.

E quando pensamos que algo tão simples como bater com a cabeça não pode ter danos nenhuns, acontece isto. Mal pude acreditar nas palavras que saíam da boca de Hagid.

-O médico explicou-me que impactos fortes, tal como foi o meu caso, podem comprometer o funcionamento dos nervos óticos. Por palavras menos esquisitas posso perder parte da visão ou mesmo perdê-la totalmente.

-Mas isso é só uma possibilidade, certo? - queria acreditar que sim.

-Uma enorme possibilidade, mais de 50 por cento. - G secava as lágrimas.

Não sabia o que dizer. De que valem as palavras de conforto quando se vai perder um dos sentidos? Ela vai ter de conhecer o mundo novamente de uma maneira diferente, porque para ela a vida nunca mais vai ser a mesma, nada vai ser igual. Mesmo que ela saiba o que existe no mundo não o vai puder ver, só de pensar fiquei enjoada. Não havia palavras e lembrei-me da única coisa que ajuda neste momento. Um abraço, um abraço que a fizesse sentir segura, para ela saber que eu não a vou deixar sozinha, jamais o poderei fazer.

-M ? Posso pedir-te uma coisa? - olhou-me nos olhos.

-Óbvio que sim. - sorri atenciosamente.

-Não contes a ninguém, muito menos ao Zayn, podes fazer isso por mim ?
Zayn. O nome do rapaz que amo embateu em mim e fez eco na minha mente. Como é que te foste esquecer desse pormenor !? Não tenho a menor ideia de como ele iria reagir a tudo isto e agora que penso nisso, é assustador.

-Vou tentar cumprir a minha promessa.

Tenho de tentar, para o bem de ambos.

Zayn p.o.v.

Mal saí de casa da Moon dirigi-me à biblioteca local, sei que eles têm dados de todas as famílias, só não sei como é que vou chegar a eles.
Ou pelo menos não sabia até ver quem estava lá numa mesa cheia de papelada e com um mac em cima.

-Tom !

-Malik, como estás? - olhou para mim entre a enorme confusão que estava presente naquela mesa velha.

-Melhor agora que te encontrei. - credo, isto soou lamechas. Fiz má cara assim que me apercebi disso.

-Ei, calma lá, eu não estou virado para esses lados. - levou os braços a cima da cabeça em sinal de rendição.

-Vá lá, não digas que me consegues resistir Hood. - pisquei o olho na brincadeira.

-Desembucha, o que precisas linda?

Ia mandar vir por ele me ter chamado "linda", mas lembrei que me tinha de focar no objetivo que me trouxe aqui. Merda, odeio metê-lo em sarilhos !

-Não sei se é pedir muito e se não puderes não há problema, mas preciso de entrar nos dados da família da M.

-Ela sabe disso? - acho que ele se apercebeu da pergunta estúpida que fez, pois logo abanou a cabeça e disse: - Claro que não, senão não precisavas de mim.

-Exato. Ela não pode saber, pelo menos enquanto eu não encontrar o que preciso.

-Vamos a isso então. - fiquei aliviado por ele não fazer mais perguntas sobre o motivo.

Passado umas horas e muito café conseguimos encontrar os ficheiros que tanto queria. Pelo menos foi o que me pareceu na altura.

-Onde está o pai dela? Não há informação nenhuma sobre ele. - ambos nos entre olhámos sem saber o que se passava.

-É estranho, se ao menos o nome dele estiver aqui é mais fácil.

Burro, pensa que o pai dela não é considerado família ! Por uma vez na vida foste prestável subconsciente.

-Claro que ele não está aí, pensa comigo Tom, as informações estão agrupadas pelo agregado familiar, ou seja, quando o pai da M saiu de casa o arquivo dele também se separou dos restantes. - Até fiquei impressionado com o meu raciocínio.

-Há quanto tempo foi isso ?

-Mais ou menos 10 anos, acho eu. - disse.

-Meninos a biblioteca está quase a fechar. - a senhora Forbes informou-nos.

-Vamos já arrumar as coisas, não se preocupe. - Tom sorriu para ela.

-Tom ! Preciso disso o mais rápido possível. - descarreguei nele.

-Eu só preciso de 15 minutos, distrai a senhora enquanto eu faço um download.

-Dona Forbes, como estão as coisas lá por casa? - a sério Zayn, não conseguias melhor ?

-Sabe que vivo sozinha certo? - ela está desconfiada.

Vamos lá Z, pensa em algo que todas as idosas gostam, especialmente quando são viúvas. Já sei !

-Sim, desculpe, foi uma pergunta tonta. Diga-me uma coisa, ainda tem gatos ? - em cheio !

-Oh sim, tenho 10 neste momento, o Ruby, a Flexa, o Noir....

Depois de mais ou menos 15 minutos que me pareceram 3 horas de conversa sobre felinos e os cuidados que devemos ter, sinto Tom a levantar-se da cadeira.

-Imagino que estejam a ter uma conversa muito interessante, mas já passa da hora de fechar a biblioteca. - obrigado Tom !

-Vejam as horas, o menino está certo, vá vão lá, depois acabo de lhe dizer quais as melhores maneiras de falar com o seu gatinho menino Malik. Passe pela biblioteca mais vezes, não o mordo !

-Mano, tens um gato ?- Tom sussurrou.

-Nop. - aguentámos o riso até sairmos.

-Consegui fazer download do histórico, encontrei uma pasta fechada com imensa proteção, mas acho que consigo, amanhã digo-te alguma coisa.

-Obrigado, sabia que não me ias deixar mal.- despedimo-nos e quando ia virar-me o Hood chamou-me.

-Zayn ?

-Sim Tom.

-Acho que a ali a Dona Forbes tem uma queda por ti. - desatou-se a rir feito tolinho.

Peguei numa pedrita que estava no passeio e atirei-a contra ele.

-Vê lá se não lhe digo que te dei o meu gato e que precisas de ajuda.

-Nem tentes Z ! - a cara de aflição dele foi hilariante.

Pus os fones e fui para casa, fiquei a sós com a música e os meus estúpidos pensamentos que teimam em não ir embora.

Zayn e Moon p.o.v.

Desculpa M, mas não te posso contar, tenho de te proteger. O que vou fazer ?

Desculpa Z, só te quero proteger, não podes saber. O que vou fazer ?

-----------------------------------------------------------

Por vezes quando tentamos proteger as pessoas só é pior. O que vai acontecer ? Até ao próximo capítulo !

Cold Heart Onde as histórias ganham vida. Descobre agora