Capítulo 3

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Do alto, numa pequena sacada particular, Aron e Natasha assistiam ao show no centro do salão do Santuário, a música alta reverberava em cada canto do lugar. O bar estava lotado naquela noite. Depois do último século aquele ambiente havia se tornado um importante local de encontro de criaturas sobrenaturais do país e do mundo. As luzes coloridas brilhavam contra os olhos amarelados dos lobisomens sentados junto ao balcão, que acenavam para uma nefilim. Esta fingia prestar atenção na banda, mas com o canto de olho os estudava.

Aron respirou fundo e desviou o olhar para encarar a irmã ao seu lado, e fez um questionamento que o angustiou durante todo o dia.

– Onde foi na noite passada? – O íncubo se apoiou sobre os balaústres.

Poderia ter passado dezenas de anos, mas ele ainda se lembrava bem do acontecimento que os fez deixar a Europa. Estava verdadeiramente feliz ali e não queria que sua irmã botasse tudo a perder outra vez.

– Por aí. – Olhando para o longe ela escondeu seu rosto nas sombras.

– Você se alimentou?

– Talvez.

O íncubo balançou a cabeça em negativa. Não se importava com quantos humanos Natasha se envolvesse, desde que ela não trouxesse problemas outra vez.

– Qual é irmão! Quantos corpos você deixou para trás antes de ficar com a sua querida vampira? E será que parou de matar?

Aron deixou Natasha lá falando sozinha, e voltou para dentro do escritório. Sabia que render aquela história apenas deixaria ambos irritados. Tentou se convencer de ela já tinha mais de trezentos anos e era velha o bastante para lidar com seus próprios problemas.

Com os olhos turvos, focados no horizonte, Natasha sabia das pessoas lá embaixo, entretanto não as via mais. Com a mente longe, cerrou os dentes de raiva. Era muito fácil para o Aron brigar com ela na posição em que estava, mas antes do irmão ter jurado amor eterno a uma vampira ambos eram iguais, alimentavam-se, matavam. Ela havia matado a pessoa errada, mas Aron e Isabel não estavam assim tão longe de cometer o mesmo erro.

Os gemidos vindos da sala de Aron foram a deixa para que a súcubo deixasse a sacada. Estava feliz por ver o irmão feliz, mas ele que não se metesse nas escolhas dela, assim como não o fez quando Aron correu atrás de uma mulher que o despreza. A vida era feita de escolhas, ele havia escolhido um amor eterno, e Natasha queria apenas se divertir. Estava longe de ser uma santa, não queria ser uma.

Um grande espelho pendurado em uma parede coberta por papel vintage, refletia a bela imagem de Natasha. A súcubo passava um rímel deixando seus cílios negros ainda maiores, destacando seus olhos azuis esbranquiçados e penetrantes.

Ela ajeitou o corpete que fazia seus seios parecerem ainda maiores. Natasha tinha uma beleza que deixava os homens sem folego e a usaria sem pestanejar.

A súcubo olhou para o espaçoso quarto, com a mesma decoração que usava a mais de cem anos. Uma grande cama com coxa vermelha, ao lado dela duas mesas de canto com uma luminária. E numas delas havia uma foto dos três irmãos.

Alguém bateu na porta e entrou antes mesmo de Natasha responder.

– Isabel... – Virou-se e encarou a irmã.

– Eu preciso falar com você. – ela se posicionou entre o espelho e Natasha, fazendo com que a atenção fosse apenas para si.

Natasha apenas a encarou, mas nada disse. Já sabia bem o que Isabel fazia ali.

Do Inferno À Luxuria (Desejos Sombrios 2) - DegustaçãoWhere stories live. Discover now