2.Primeiro dia

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Melanie Clark–Terça-feira

Passei a mão mais uma vez pela minha testa suada e corri para a cozinha ao ouvir o alarme de microondas, informando que o leite já estava quente. Me acostumar a essa rotina seria algo difícil, mas seria bom para uma pessoa que ficava o dia todo se entupindo de jujubas enquanto assistia alguma comédia romântica barata. Com certeza nunca me cansaria daquilo. Queimei meu dedo ao tocar sem proteção alguma no recipiente onde o leite estava e quase o derrubei por todo o chão.

Coloquei-o em cima da bancada enquanto procurava por uma xícara limpa, a louça estava para criar vida própria e nenhum de nós criava coragem para lavá-la. E olha que esse é só o começo de tudo. Terminei de servir meu café e organizei tudo em cima da mesa, nunca vi tanta comida nesse lugar desde que moramos aqui.

Já eram seis e meia da manhã e eu ainda estava correndo de toalha pelo pequeno apartamento em que moro, meu cabelo ainda estava molhado e com certeza teria um problema para seca-lo. Terminei meu café da manhã com uma tentativa falha de Anastácia cantar lindamente uma música qualquer do Hillsong. Voltei rindo para meu quarto e quase cai de novo, já era a quinta vez só essa manhã, o dedo do meu pé já estava ficando vermelho como de costume.

Fui até meu guarda roupa e coloquei a roupa mais simples que tinha, o que era difícil de avaliar pois todas minhas roupas era completamente simples. Eu provavelmente iria lavar pratos hoje, ou dobrar lençóis, não precisava de um cuidado maior com minha aparência igual ontem. Aliás, criar expectativa demais nas coisas para mim ultimamente estava sendo um problema. Eu estava com uma camiseta dos Beatles, minha calça jeans e meu tênis favorito. Eu me sentia confortável sendo eu mesma, talvez aquele trabalho não fosse mesmo para mim.

Não se desmereça Melanie, você sabe que é capaz.

Balancei a cabeça negativamente para afastar a voz do meu subconsciente e terminei de arrumar minhas coisas.

Sequei meu cabelo rapidamente e amarei o mesmo em um rabo de cavalo. Pus as mãos na cintura e dei umas voltas na frente do espelho antes de finalmente desistir de aprovar meu estado. Coloquei um pequeno relógio no meu pulso e arregalei os olhos ao ver que estava mais atrasada do que ontem. Pus a alça da minha bolsa sobre meu ombro e passei correndo pela sala, mordi o lábio para evitar rir ao ouvir Anastácia cantando ainda pior do que antes.

Tirei minha chave do tapete e me apressei para chegar na parada do ônibus. Eu ainda irei conseguir pegar o metrô, que mesmo sendo longe acaba sendo mais rápido e ajuda muito no horário. O dia hoje estava ensolarado, as pessoas usavam roupas simples e pareciam mais felizes. Porém o trânsito continuava ruim, segunda-feira o trânsito tende a não ser tão carregado por muitas pessoas ainda tirarem folga, mas a terça sempre será um problema. Às terças me lembram o meu pai, quando ele me levava para a escola sempre reclamava da lentidão das pessoas tão cedo e como trânsito era uma coisa que o irritava sempre, íamos para uma sorveteria no final do dia, doce era algo que sempre o tranquilizava. Sem dúvidas terça é meu dia favorito.

Sorri satisfeita ao ver que o ônibus que peguei ontem também havia se atrasado, e de alguma maneira acabei pegando-o sem muita afobação. O cobrador e o motorista eram os mesmos e ambos pareciam confusos ao analisar minha roupa, completamente diferente da anterior. Tentei esconder meu rosto vermelho quando o cobrador se demonstrou feliz com a escolha. Apenas apertei os lábios e me sentei no mesmo lugar. A moça que me acompanhou ontem para a mansão estava aqui também, ela estava sentada em um assento um pouco mais atras e sorriu surpresa ao me ver, confesso que fiquei da mesma maneira.

The MaidWhere stories live. Discover now