Menino De Rua

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Eu não acredito
Em papai noel
Em papai do céu
papai genético
Papai adotivo
Papai divertido
Sou menino solto
Menino lobo
Menino de rua
Criando na chuva
Enfrentando o sol do dia
Não sei o que é carinho
Sei o que é medo
Não sei o amor
Sei o que é desprezo
Não sei o que respeito
Sei o que é preconceito
Minha casa e a própria rua
Meu endereço é cada esquina
Meu teto e de marquises
Minha cama e o concreto do chão
Minha coberta e travesseiro
São as caixas velhas de papelão
Minha principal refeição
São pedaços de pão
Que acho ou que me dão
final de semana sempre tem
um delicioso sopão
Feito num panelão
E alimentar uma multidão.
A vida na rua não tem perdão
É raro ver gratidão
A maioria da pessoas
Nos consideram como
Problema sem solução
Para o governo
não somos cidadão
Para a polícia
sou só um delinquente
Completamente imprudente
Para sociedade
Sou apenas indigente
Abandonado carente
Para minha família
Sou desconhecido
Apenas uma foto
no cartaz de desaparecido
dentro do ônibus
Lotado de gente
Que não perceberam
Que eu era aquele menino
Pedindo uma blusa, coberta
Agasalho qualquer tipo de trapo
Para não morrer de frio
Fugindo dos tiro de covardia
em noite de chacina
Onde a notícia que circula
E que estão incendiando
Meninos de rua
Para manter a ruas menos sujas
Não acredito em papai noel
Papai adotivo,
Mas queria muito
Uma ajuda lá do céu

Gilson Gonçalves

*créditos na imagem buscada no Google

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