Poesias Da Alma

Desculpa Meu Querido Pai

Pai sei que é tarde demais
Desculpe colocar nesta confusão
O senhor sempre me apoiou
Seu sonho era me ver estudado
Formando vira um grande doutor
Seguido seus bons conselhos
Abandonando os maus caminhos
Perdão ter decepcionado
Não quero viver sozinho

Quando era criança
Sempre me levava para passear
Foi assim que de bicicleta
Sem rodinhas comecei a andar
Foi com você aprendi a jogar bola
Nos campinhos perto de casa
Adorava aquelas noites
que a gente passava juntos
Assistindo desenhos na sala
Seguia todas suas dicas
para arrumar namoradinhas
Que nunca davam em nada
Morria de ri da suas palhaçada
O senhor era uma comédia pai
Agora a vida perdeu sua graça

Mas eu fui crescendo
E as amizades que eu fiz
durante a juventude revoltada
que o senhor não aprovava
me afastaram do seus braços
Mesmo sabendo que eu estava errado
Eu fui me distanciando
Da pessoa que mais me amava
Nem me dei conta que o machucava
Na minha adolescência problemática
Toda a minha indiferença e ausência
Te assustava, feria e até sangrava
Um coração que aos poucos acabava

O senhor sempre teve paciência
Mas naquela época para mim
Isso não  significava nada
Como me chateava seus conselhos
Sobre namoro, camisinha e gravidez
Sobre álcool , maconha e cocaína
Sobre estudo, trabalho e responsabilidade
Sobre vida, casa e família
Se desse ouvidos naqueles dias
hoje não me arrependeria tanto
Que puta falta que tá me fazendo
Levanta daí, vem me dá um abraço

Me envolvi com coisas erradas
Passei um tempo na penitenciária
Por causa das más amizades
que o senhor sempre me avisava
Quando sair o senhor já me esperava
De braços abertos e cheio de lágrimas
Agora ficou essa dor que não passa

Fiz dívidas que não podiam ser pagas
E quando vieram me cobra em casa
Eu ouvi a porta abrindo
Não teve conversar
So sons dos tiros
Tava saindo do banho
Enquanto alguém sorriso
corria alto  gritando
A sua dívida foi paga
meu amigo camarada.

Pai, porque foi você a abrir a porta
Porque me amou tanto assim
Depois que mamãe foi embora
E nunca mandou notícias
Aquela dívida era minha,
Não sua, não nossa.
Eu nem pude fazer nada
Vendo sua vida ir embora
No meu braço na porta de casa
Como eu queria voltar a ser
A ser criança

Gilson Gonçalves