A Culpa E DE Quem

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A culpa é de quem?

Não é fácil
Nunca foi fácil
Ser discriminado pela sociedade
Pela própria família condenado
Ele sempre foi um menino diferente
Criando no meio de meninas
Colegas, amigas, tias e primas
Se sentia bem nesse espaço feminino
Com sua brincadeiras e fantasias
De castelos de princesa e fadas madrinhas
Com príncipe encantado
Cavalos aladas e pôneis mágicos.

A mãe trabalhava o dia inteiro
Como diarista para sustentar a família
Era exemplo determinação e força física
O pai sempre no bar da esquina
Com copo de cerveja e má companhia
Desempregado, largado mal amado
Se fazia de durão, machão e gostosão
mas era um pobre coitado de um pé rapado.

Na escola já se falava do seu jeito
Diferente carinhoso e sorridente
A sua maneira de falar o entregava
E por conta disso até arrumava brigas
Foram diversas vezes para na diretoria
Por causa de intrigas masculinas
Dos meninos que o chamava de bichinha
O provocando pelos seu jeito de menina.

Ele era o mais novo da família de 7
O mais paparicado pela mãe
O mais cobrados pelo pai
O mais invejado pelos irmãos
O mais confuso de todos
Vaidoso inteligente de boa aparência
Andava sempre bem vestido
Usava cabelo comprido amarrado
Gostava de perfumes caros
Tinha o corpo bonito e definido
Mesmo sem frequentar uma academia
Aos seus pés chuva de meninas
Já tinha namorado algumas
Vivido loucas e boas aventuras
Experimentado da fruta
Mais foi so pra tira um grande dúvida.

Aquela praia não era mesmo a sua
Tinha interesse por rapazes
E esse desejo o deixava animado
Por conta disso
já passou por maus bocado
Era sempre criticado, agredido
Mal interpretado violentado
Moralmente e fisicamente
Na hora que a coisa ficava feia
Não via ninguém para ajudá lo.

Ele desde de pequeno
foi um rapaz corajoso
Não aguentando mais
decidiu se revelar
Resolveu abrir de vez o jogo
E sair  de salto alto do armário
Com glitter, brilho e purpurina
Mesmo tendo o pai bravo
E os irmão de preconceito herdado
Alguns colegas que fazia pouco caso
E amigos que não lhe eram de agrado
Queria gritar ao mundo o que era
E fica aliviado do peso tirado
Do coração triste frustrado
Da máscara que machucava
Para esconder as lágrimas
Que a sua maquiagem borrada.

Mas não foi nem um pouco poupado
Foi criticado, julgado e condenado
Pelos próprios irmão espancado
O pai dizia que ali na sua família
Não havia lugar para bicha
Que ele só tinha criado macho
Se a mãe entrasse no meio
Também tinha covardemente apanhado
Só pararam quando a ouviram
Dizendo : Vou leva - lo na igreja
Isso é com certeza coisa de capeta.

Mas ele ficou em tão mau estado
Que foi parar no hospital internado
Ela a mãe protetora omitiu o acontecido
Para não complicar os outros filhos
O pobre menino ficou cadastrado
como se tivesse sido atropelado
Ele nao aguentando mais a dor
Não só a  física
mas a da falta de compreensão
de carinho, de aceitação, de amor
Aproveitou o descuido dos enfermeiros
E pela janela aberta do quarto
Respirou fundo
Gritou ao mundo
Sou homossexual
Eu não preciso sentir culpa
Eu sou gay
E você são tudo
Filhos da put...

Assim abriu suas asas
E voou do 24° andar
Os enfermeiros fizeram de tudo
Mas era tarde e  nada adiantou
no sangue que perdeu
a vida que jorrou
Os osso que quebraram
O coração que partiu
As lágrimas que também caíram

A mãe se culpa
de não levá lo a igreja tira o capeta
A pai se culpa
de não chamá -  lo pra tomar cerveja
Os irmãos se culpam
De não levá - lo pra jogar bola
As primas se culpam
de enfeitá - lo de vestido rosa
Todo mundo se culpa
Quando ver que a vida não volta

(texto fictício)
*créditos na imagem buscada no Google

Gilson Gonçalves

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