Poesias Da Alma

Inocente Suspeito

Belo Horizonte 11 de fevereiro de 2017

Minha querida
Boa dia, boa tarde ou boa noite
Não sei por onde começar
Espero que esteja bem
Estou sentindo muita saudade de você
Me desculpe sinceramente pelo que fiz
A minha intenção era somente ajudar
A dias que observava seu rosto marcado
Seus olhos um pouco avermelhados
Tinha dias que não queria sair comigo
Mas já sabia qual era o motivo
Você não tinha força alguma
nem para se levantar da cama
Ele era um menino viciado e covarde.

Você me falou para não interferir
Que daria conta da situação
Eu deixei amor, por sua conta
Afinal de contas ele é seu sangue sua família
O pai foi cruelmente assassinado
Por ter se envolvimento com tráfico
E ele presenciou todo o caso
Isso mexeu na cabeça dele
E ele estava segundo os mesmos passos
O apelido dele era Valentão
Porque qualquer problema ele descia a mão
Enfrentava sem medo todo mundo
Sua ficha criminal contia casos absurdos
Menino de 17 anos de idade
Traficante, ladrão, agressivo
Todos já diziam que ele felizmente
não passaria da maior idade.

Lembro do dia que nos conhecemos
Eu enfermeiro de plantão na emergência
Você chegou correndo chorando
Me pedindo ajuda para salvar sua criança
Fiz o meu melhor, e fiquei por ti encantado,
O estado dele era lastimável
Tinha sido duramente castigado
Tava roubando e violentando
moradores do bairro
Foi designado a acompanhar o paciente
Achei excelente porque assim
Tenha motivo para fazer  mais as visitas
Você também sentia diferente o clima
E não demorou muito tempo
na sua cama eu já te fazia companhia
Ele sabia praticamente de tudo
Enquanto eu o medicava
Sempre aconselhava a sai daquela vida
Várias foram as vezes
que eu achei que me ouvia
Que queria realmente  muda sua rotina.

Era véspera de final de ano
Estava com quase tudo pronto
Estávamos muito felizes com nossas vidas
Foram alguns meses de paz a harmonia
Ele tenha se endireitando
Para os estudos tinha voltado
Estava até no num grupo de igreja
Só que a vida não é fantasia
Naquela noite ele chegou muito drogado
Falando que o pai não iria perdoa nosso caso
Que alguém tinha falado isso para ele
Que partiu para cima de você
falando que ia te dar merecia.

ele bateu feio como nunca antes
Quando eu cheguei do hospital
para passar com você a virada
Ele pegou uma faca e me atacou
Você desmaiou nessa hora
até pensei que estava morta
Peguei a faca da mão dele
e cravei no centro seu peito
Caí ao seu lado e te abraçei
Segurando a sua mão chorarei
Enquanto meus olhos fechavam

Foi condenado por assassinato
A cumprir doze ano em regime fechado
E ninguém ficou do meu lado
Nem você que era minha testemunha
Falou que não se lembra de nada
da surra que tinha tomado 
Disse que seu filho tinha mudado
complicado ainda mais o meu lado
Para o advogado de acusação
eu fui considerado agressor
E ele defendendo da família
Da sociedade era uma pobre vítima
Que do estado queria indenização.

Agora minha mente vazia virou oficina
Como dizia minhas tias
Ele disse se “advogado da família”
A quanto tempo vocês se viam
Lembro vagamente dele
quando te conheci no hospital
Vocês estavam conversando no corredor
Ele te entregou dinheiro,
Sussurrou alguma coisa,
deu um beijo e foi embora
ai você me olhou chorou e pediu socorro
para ajudar seu filho que tinha apanhado tanto.

Naquela virada de ano pela manhã
seu filho recebeu uma visita
Alguém que ele já conhecia
deu a ele muita droga
Disse que para liberta e se divertir
ele me contou num whats que eu não li
Por conta da correria do trabalho
Ele uma vez me disse que a morte pai
foi encomendada e  já tinha quase certeza
de quem era o mandante
Que tinha muito dinheiro na jogada

Você insistiu muito para eu ir na sua casa
Eu disse que estava cansado
queria ir embora
E te veria no outro dia
Mas pediu com tanto jeitinho
que a situação ficou constrangedora
Agora tô ligando os pontos
vendo tudo de outro ângulo
O pai morto
uma fortuna deixado do tráfico
O filho revoltado
não chegaria às 18 anos
O advogado da família
atraentemente ambicioso
O namorado trouxa
para segura a bronca
Servindo de “laranja”para levar a culpa.
A mãe esperta
se divertindo com sua trama
Será mesmo verdade aquelas jura na cama

Daqui a um tempo eu vou sair
E pode ter certeza que vou atrás de você
Tenho algumas perguntas
para você responder

O dinheiro valeu a pena?
As dores valeram a pena?
As mortes valeram a pena?
Minha vida valeu a pena?
Eu vou comprir a minha pena
E quando eu te pegar
Não vou ter pena.

Gilson Gonçalves

*créditos na imagem buscada no Google