Há Vinte Cinco Anos Atrás

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Ha vinte e cinco atrás

Me deu dó ver aquele homem
Estava sujo no ponto de ônibus
Pedindo trocados pra almoçar
Tirei da carteira algumas moedas
E disse a ele, ei moço:
Tome aqui meu amigo, vem buscar
Só tenho este dinheiro
Acho que da para se alimentar.

Ele me agradeceu com olhar triste
Em um rosto sujo de barba mal feita
Mas um grande sorriso torto
E uma boca faltando alguns dentes
E começou a falar :
A três dias que eu não como
Vivo dormindo pelos cantos
As vezes fico só perambulando
Vim de muito longe caminhando
Só mesmo o bom Deus sabe
o que eu estou passando
O pecados que estou pagando
Para minha encontrar família,
Confesso me falta coragem ainda
Abandonei minha linda esposa
Com uma criança ainda na barriga
Buscando uma mudança de vida
Por não ter condições de sustentar.
Queria ter para meu filho um lar
Se para ele um bom exemplo
De homem a quem se espelhar
Um ser humano decente
Que lhe ensinaria a amar

Deixe ela em nossa casa no interior
Pedir ao amigos e companheiros
Que cuidasse do meu grande amor
E viajei com algumas economias
Que fizemos no trabalho no campo
Direto para a capital dos sonhos
Foi em busca de melhoria
De dinheiro,saúde,paz e alegria
Nunca me importei de trabalhar
Deixei uma grande promessa
Para minha amada querida
De um dia voltar pra buscar
E continuar juntos nossa vida.

Mas a vida não me sorriu
Não como eu desejava e queria
Não posso culpar o destino
Porque a culpa de cada escolha
sempre foi unicamente minha
Comecei logo a trabalhar
Assim que cheguei por lá
Era servente de pedreiro
Carteira assinada, bom salário
Um lugar para dormir só pra começar
Mas o dinheiro que eu ganhava
não tive inteligência para guardar
Ainda perdi tudo o que tinha
Com jogos, mulheres e bebida
Só ficou a vergonha na cara suja
Agora morando sozinho na rua
No emprego não quiseram me aceitar
Porque comecei a roubar
Para sustentar meu vício
Só não foi preso porque fugir escondido
Foi ai que eu pensei em voltar.

Sou caminhante largado pelos cantos
Vim caminhando chorando pela estrada
Hoje estou aqui lugar de onde sai
Não valeu de nada minha jornada
não sei se vão me aceitar
Não sei se vão de mim se lembra
Minha esposa ja deve ter outro
Moço dormindo em meu lugar
Depois de tudo que eu fiz
Não é justo nem a condenar
Isso foi há vinte cinco anos atrás
E ainda hoje me dói demais
A promessa que um dia eu a fiz
Não foi homem capaz de comprir

Eu me despeço tenho ir
Disse o gentil rapaz
Minha mãe me espera pra almoçar
Meu pai verdadeiro não conheci
e para min falta ele não faz
Ela nem sabe onde está
Faz muito muito tempo
que ela parou de chora e sonhar
De vê lo pela porta de casa a entra
E ela sempre fez tudo por mim
Nunca teve tempo nem de namorar
Sempre respeitou meu pai
Nem sabendo por onde ele andava
A preocupação dela era me ver estudar
Agora é minha vez de começar
A cuidar dela e da minha família
Me formei com mérito em medicina
Com salário dela de faxinas
E um consultório vou montar
Já tenho dinheiro para começar
Ela mesmo me ensinou a guardar
Quero dar a ela o melhor da vida
Porque sem ela na minha
eu não teria motivo pra comemorar.
A história dela é muito difícil
Mas ela nunca deixou de acreditar
Ela é tudo para mim
Já meu pai esse falta nenhuma me faz

Sabia e sua mãe,meu bom garoto.
Belo exemplo ela te deu
Tem mesmo que valorizar
Aliás quantos anos tem
Entendo só não quiser falar

Meu amigo tenho vinte cinco
Uma vida pela frente e muitos planos
Me desculpe mas vou te deixar
Tenho ir pra não me atrasar
Não posso perder este ônibus
Ela sempre me espera
depois da aula para almoçar
Boa sorte ,que você encontre sua família
Que eles te recebam
Como uma história que ouvir da Bíblia

O pobre homem chorou ali mesmo
Naquele lugar ficou parado
e colocou o dinheiro no bolso
Olhando o rapaz dentro do ônibus
Pensando :
Vinte cinco anos atrás
Será?

Gilson Gonçalves

#Gilsonhos

*Créditos na imagem buscada no Google

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