CAPÍTULO 34

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Ele gosta de mim! Aquelas palavras ainda zumbiam em minha cabeça. O Fernando gosta de mim, e eu claro, gosto dele. Sempre gostei. Então ele não tem nenhuma ex namorada coisa nenhuma, aquelas palavras no carro eram pra mim. Ele tentava dizer o que sentia desde que saímos da cidade. E eu, burra, ignorava qualquer sinal de afeição.

Eu não acredito. Acho que sou a garota mais feliz do mundo nesse momento. Não. Tenho certeza que sou! Não é qualquer um que consegue ter um amor correspondido. E eu sei que o que sentíamos era amor, porque isso não se apagou com o tempo, o brilho, o fogo, o carinho, todo o sentimento continuava intacto desde a nossa despedida.

E eu nem cheguei a dizer que gostava dele.

Mas é claro, eu não precisava mais, nosso beijo já mostrava tudo. O meu olhar já dizia tudo, eu o amava. Simples assim.

Tudo bem, ele não disse que me amava com toda as letras, só falou que gostava de mim. Mas o que importa? Eu sei que ele me ama, sei que o que ele sente é forte, ele não teria feito tudo isso se não sentisse algo forte.

Estávamos a caminho de um riacho onde eu e o Fernando passávamos a tarde quando crianças, tudo naquele lugar era nostalgia. Não importava pra onde eu ia, sempre me lembrava de algo que fazíamos.

Fernando seguia com o cavalo na minha frente, quase ao meu lado, parecia pensativo demais para prestar atenção no meu olhar fixo nele. Eu já conseguia ouvir o barulho das águas. Com toda certeza eu tinha que voltar pra cá. Aquilo que diziam sobre nunca olhar pra trás estava totalmente errado, as vezes encarar o passado era a melhor forma de enxergar o presente.

Continuamos andando até chegar em um lugar que era o paraíso em forma de natureza. O meu paraíso. Haviam rochas por toda parte do rio. A água parecia branca e não azul, imaginei que fosse pela forte correnteza nela. Mesmo ali eu conseguia ouvir o canto dos pássaros, eles estavam por toda parte, como uma música feita por Deus.

Saltei do cavalo e amarrei ele perto de uma árvore. Não sei se o Fernando ainda estava em cima do seu, mas eu estava louca para colocar meus pés naquela água. Sentei perto de uma pedra e observei ele colocar seu cavalo ao lado do meu. Tentei não rir pelo modo que ele se movia em minha direção, o lodo tornava difícil qualquer passo. Por um momento ele parou e tentou se equilibrar e tive medo que caísse e se machucasse, mas logo me alcançou com seu olhar atento.

– Achei que teria que te salvar.

– Não dessa vez. – ele olhou pra mim. – Grande homem eu sou, né? Quase vencido por um riacho.

Eu ri com vontade.

– Seria mais vergonhoso se de fato você caísse.

– Pelo menos você iria rir. – Ele deu um sorriso fraco. – Eu adoro sua risada.

Senti meu coração quente na mesma hora.

– Fernando? – Olhei pra ele, decidida. – Falou sério sobre gostar de mim?

– Muito sério. Achei que você pelo menos desconfiasse disso. – Suas pernas estavam coladas nas minhas.

–Um pouco. Talvez. Acho que eu não queria acreditar que você podia gostar.

– Por causa da nossa amizade?

– É. Você é muito importante pra mim. Eu não quero te perder. E se isso não der certo? E depois, o que vamos fazer?

– Tenho todas as razões para acreditar que isso vai dar muito certo. – E com isso, ele chegou mais perto, usando seu corpo pra me empurrar para trás. Estava quase deitada naquela pedra.

O jogo da verdade [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora