CAPÍTULO 19

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Não consegui ver exatamente o que estava acontecendo, mas sabia que era uma briga. Nunca era boa coisa quando uma roda cheia de gente animada se formava no pátio da escola. A situação do Matheus não era boa. Ele não era muito de briga e isso foi um dos motivos que me levou a gostar dele, eu odeio brigas e ele sempre foi a favor de uma conversa passiva. Por isso não entendi o motivo dele provavelmente estar sendo atacado, porque é claro que não era ele quem estava atacando, o Matheus não conseguiria acertar um soco mesmo se quisesse.

Tinha muita gente na frente, praticamente todos os alunos saíram das salas de aula para ver o que estava acontecendo. Olhei para a Adriana que estava ao meu lado tentando enxergar alguma coisa para ver se ela conseguia me dizer o que estava acontecendo, mas de repente sua face mudou de cor, ficou vermelha. Ela estava com raiva. Na verdade ela estava morrendo de raiva. Eu conheço bem minha amiga para dizer isso, quando seu rosto muda de cor e seus olhos ganham mais vida é porque a coisa ia esquentar e eu realmente tenho dó da pessoa que ela estava dirigindo aquele olhar. Com certeza era para um dos caras que estavam batendo no meu ex–namorado e foi ai que eu percebi.

– Você conhece eles, não é? – Perguntei, meio que já sabendo a resposta.

Minha amiga automaticamente mudou sua expressão e olhou para mim, dessa vez com um olhar que estava pedindo desculpas, mas por quê?

– Sim, eu sinto muito Mel. – E então ela voltou a olhar para os dois. – Mas não se preocupe, vou acabar com isso.

– O que quer dizer com sinto muito? Quem são aqueles dois? – Tentei olhar novamente para a bagunça que acontecia em minha frente e ver se eu conhecia alguém.

– Aqueles dois – Adriana começou a falar. – são ficantes. Na verdade ex–ficantes, parei de ficar com eles a pouco tempo. São bonitinhos, ficava quando não tinha nada pra fazer.

– Ah... então tá explicado. – De repente eu não fiquei com tanta dó do Matheus, ele bem que merecia aquela surra pela traição e pelo soco que deu em minha amiga. É claro que eu sabia que aquilo não era justo, pelo menos não a parte de levar uma surra porque bateu sem querer nela, mas mesmo assim, tentei colocar na cabeça que aquela surra também era por causa da traição, mas é claro que não era. Se alguém tinha que bater no Matheus era eu.

Ouvi Adriana suspirar e olhei novamente pra ela.

– Vamos acabar logo com isso.

Adriana começou a andar e eu segui logo atrás dela, ela não precisou abrir muito o espaço para chegar aonde queria, as pessoas viam ela e já davam um passo para o lado, loucos para ver o que ia acontecer. Eles sabiam, assim como eu, que quando a Adriana estava por perto de uma briga alguma coisa muito boa aconteceria.

– Não vou parar até você pedir perdão!

Dessa vez eu consegui ver bem a cena. Um garoto loiro com o cabelo muito cacheado e olhos verdes estava segurando meu ex–namorado pela gola da camisa e falando alto. O outro discutia com 3 professores e não deixava ninguém chegar perto, vi ele começando uma briga com um e quase partindo pra cima.

Outro professor conseguiu ultrapassar a barreira que o amigo fez e segurou o loiro pelo braço, mas esse empurrou ele com uma mão ainda no Matheus. É um azar não termos tantos professores na escola, a maioria eram professoras e muitas estavam tentando manter os alunos calmos.

– Espera aqui. – Adriana disse isso segurando minha mão e sorriu. Um segundo depois ela já estava lá no meio e eu me encontrei prendendo a respiração.

Ela chegou empurrando o loiro que só então descobri pela gritaria dela que se chamava Henrique. Vi a expressão surpresa na cara dele que foi imediatamente desfeita pela confusão.

O jogo da verdade [COMPLETO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora