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£ Carmem

Na segunda e na quarta retornei a residencia Cavalcanti para continuar o meu serviço, aquela tal "mudança" na decoração inventada pelo madereiro, como tinha carta branca, abusei e fiz tudo de acordo com os valiosos ensinanentos da faculdade do meu coração. O todo poderoso não queria que eu desse "o meu toque especial?" Pois então eu o dei. Transformei toda casa que antes cinza e escura, numa imensa claridade, florida, colorida e até certo ponto feliz, da entrada a area de serviço, tudo foi reformulado, até um jardim vertical eu tratei de por a varanda, com tanto empenho percebi que até mesmo os empregados estavam mais animados em trabalhar naquele local, que antigamente se assemelhava a uma masmorra e isso nao era pelo senhor André ser sozinho cono de fato ele o era não, compreendi que aquelas condições se davam pelo seu signo (touro o sistemático) falta de tempo e claro preguiça do mesmo. O que me intrigou foi a reação de André durante esses dias, ele entrava e saía de sua casa sem ao menos dar um olá para ninguém, ou até mesmo dizer se gostara ou não da minha linda "engenhoca", eu ouvia boatos sobre minha sorte, já que ele jamais deixara outra pessoa por as mãos em seus perteces (coisas de taurino) além de mim, porém sua carranca me dizia totalmente o contrário e parecia maior a cada dia, por mais que eu buscasse informações para reverter a situação, não consegui encontrar motivo ou tampouco razão para tanta cara de 'cu'.

Decidida a ignorar, na sexta feira retornei para dançar, dessa vez levando uma musica lenta, sensual mas que não me dava nenhum trabalho ou cansaço, a senana fora pesada demais para shows extremos, queria um bom descanso para mente, corpo e alma.

Quando adentrei a sala, André estava sentado, muito bem acomodado e calado, simplesmente com a camisa de seu terno preto desabotoado, mostrando todo o seu maravilhoso peitoral. Suas mãos, alem de ostentar um lindo relogio banhado a ouro,  segurava firme um copo de uisque doze anos. Senti que algo estava diferente, porém ignorei e decidir ir devagar até ao aparelho de som para colocar o pendrive.

Me assustei ligeiranente ao encontrar seus olhos de rapina me acompanhando como se eu fora uma presa irresistivel, mais não me iludi e coloquei em minha cabeca que era a tal da antecipação. Quando a melodia espanhola de Blanco e Niegro ressonou, ao meu movimento a fenda do vestido de veludo em meu corpo se abriu e num passo discreto,  remexendo os quadris eu acompanhei a lenta batida dançando e dancando até ser surpreendida por um brusco puxão que me levou ao colo e aos fortes braços de André. Imediatamente meus olhos arregalaram.

- O que... O que aconteceu? - Perguntei ligeiramente assustada, os mirando no fundo dos olhos.

- Nada - Ele me respondeu repousando seu halito de uísque em meu rosto - Estou apenas curioso.

- Com o que? - Rebati incrivelmente curiosa.

- Com a arte que vocês ciganos possuem de dancar, encantar e de ler o futuro através das mãos - as suas, grandes e fortes, vieram ate a minha antes de dizer - Estou curioso desde o dia em que a conheci, você pode me dizer qual é a minha desgraça de futuro Carmem? - Seu sorriso triste e sarcastico, seu olhar e sua verdadeira intenção, talvez, não revelada me fez tremer e vacilar antes de responder, porem, me conhecendo muito bem, nao era essa que iria perder.

- Posso, se me permite - afirmei mas não sei porque diabos, nao me retirei de seu colo, estava confortável demais.

Ao espalmar suas grandes mãos sobre as minhas, comecei a lhe dizer o que via.

Sua linha da razão se pronuncia com mais intencidade do que a do coração, porém esta, a do coração, não está morta, esta presente e em combate. Tu tens uma linha da vida longa e prospera...

Ele me ouvia atentamente enquanto eu passava minhas unhas veenelhas sobre a sua palma.

Não sei precisar, mas lhe digo que supresas virão por aí, um filho talvez...

Ele se assustou... Percebi seu desconforto pela respiração.

Um filho já encarnado, que há muito te espera...

Aqui, nessa linha do centro, - apertei o indicador para enfatizar - diz para ter cuidado com todo tipo de traição, não caia numa armadilha pela segunda vez.

Assim que terminei de dizer tais palavras, ele num movimento brusco puxou sua mão da minha e num ato de reflexo fiz mensao de levantar, sendo impedida...

- Quer que eu dance mais uma vez para você? - perguntei tentando nos distrair do desconforto.

- Não, no momento so quero que tome esse uisque comigo e me deixe olhar bem para seu rosto. - disse me acariciando com indicador.

Depois dessa sutil declaração, eu tomei o copo achatado de suas maos e virei toda a dose sem pensar em um desafio.

- Uau, que garota! - ele me disse com a voz mansa ainda sério, enquanto eu limpava a boca com as costas da mão.

- Não disse que queria beber? Estou bebendo contigo. - o desafiei dando meio sorriso e sua testa foi de encontro a minha. - André sorriu e suspirou.

O que viria depois era o que mais abalaria qualquer uma de minhas frágeis estruturas.

- Sinto muito lhe dizer, mas eu tenho grande problema senhorita cigana Carmem. - ele me disse, agora segurando ambos os lados do meu rosto muito proximo ao seu.

- Qual? - perguntei tentando parecer inocentemente e "temendo" o que viria pela frente.

- A minha sede. - sussurou com os olhos cravados em mim - Tenho por mim - agora seus olhos passeavam pelo meu corpo - que ela só sessará quando eu beber do  mel de sua boca, - um selinho estalado surgiu - acabará quando eu me embebedar de seu beijo.

Sem esperar, uma das mãos de Andre se inveredaram para minha nunca enquanto a outra reposou em minha coxa, me mantendo cativa. Seus labios macios encontravam os meus e sua lingua quente, lisa e gostosa, desabrochava para dentro de minha boca como se a procura de seu liquido preferido. Eu me entreguei ao beijo de Andre, dei passagem para sua investida sensual e molhada, a carne de seus labios me marcavam como brasa, sua lingua me sugava de maneira que ninguem nunca ousou fazer antes, não dava mais para negar a forte atracao que eu sentia pelo gadjo de olhos azuis.

A sorte está LancadaWhere stories live. Discover now