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£ Cigana Carmem

- Sente-se senhorita Carmem - André me disse sem mais delongas - estou curioso para saber quais serviços pode me oferecer.

- Ora, como eu ja lhe disse, sou uma exímia dona de casa, sei passar lavar e cozinhar, posso prestar tais serviços ao senhor - ofereci de bom grado.

- Não, não. Nenhum desses me interessa... já possuo empregadas o suficiente em minha casa para tais serviços. - foi sussinto.

- Então eu posso trabalhar na empresa do senhor... recolhendo o lixo... servindo o café... qualquer coisa... - mais uma vez eu implorei.

- Também não estou interessado. - arrogantemente e impaciente ele declarou

- Então eu não entendo porque me chamou até aqui? - disse começando a me exaltar.

- Você disse que faria qualquer coisa,  em troca de mais tempo do seu povo em minhas terras, estou errado?

- Não.

E você tem certeza de que é isso o que quer?

- Tenho sim senhor. - disse Corando só com a possibilidade dele me oferecer algo indecente. Por Kali! Que ele não seja tão canalha há a esse ponto.

- Não se preocupe senhorita, o que tenho em mente não é nada que a desonre... - respirei aliviada - é algo simples até, vindo de uma mulher como você. - sua invasiva avaliação de meu corpo me fez tremer.

- Então diga o que é - sem mais nenhuma paciência exasperei.

- Quero que dance para mim...

- O que?

- Isso mesmo que ouviu, quero que dance para mim como naquela noite no acampamento. Quero que dance todas as sextas, eu quero faça isso para mim, exatamente como vi naquele acampamento.

- Você só pode estar brincando... - eu disse desacreditada.

- É pegar ou largar. Você decide.

- Mas porque quer que eu faça isso? - questionei furiosa.

- Acho que não lhe devo satisfação das minhas vontades, apenas diga se aceita ou não. Não lhe farei mal nenhum, só quero que dance e agrade meu olhar. - estava sentado e sorrindo com toda sua imponência.

Me sentindo humilhada, porém determinada, após alguns minutos eu decidi aceitar, havia tantas vidas em minhas costas que eu não poderia de maneira nenhuma recusar. Se o senhor Cavalcante quer que eu dance para ele, é isso que farei desde que ele zele pela minha gente.

- Proposta aceita senhor André Calvalcante. Agora me diga o que fará por meu povo. - um sorriso de Vitória brilhou em seus lábios.

- Muito bem Carmem, eu sempre soube que você não iria me desapontar. Quanto a seu povo, este deverá sair de lá o quanto antes. - Mas que cachorro, lhe lancei um olhar de cólera. - fique calma...
Tenho outras terras naquela mesma região, inclusive do outro lado da rua, vocês tem uma semana para se mudar para lá. O alívio tomou conta do meu ser, eu havia conseguido, meu povo não mais estaria nas ruas e sim num local dessa vez assegurado pelo próprio dono.

- Obrigada senhor Cavalcante.

- Não tem de que. É uma troca de favores. Desde que você cumpra com sua palavra, a minha será mantida com total liquidez. Ninguém os fará mal enquanto estiverem sob minha proteção - sem pensar, num impulso de felicidade saltei de minha cadeira e o abracei. André não correspondeu nos primeiros segundos, mas depois afagou minhas costas e em seguida afastou-se de mim.

- Onde devo estar nesta sexta?

- Não se preocupe, meu motorista irá buscar-la, por favor esteja com mesma roupa do dia da festa em que nos conhecemos - apesar de achar estranho assenti com a cabeça - Por volta das oito esteja pronta para que ele possa te trazer até a mim. Estamos de acordo?

- Sim senhor, senhor. - respondi rapidamente.

- Bem, se não deseja mais nada...

- Não... Já estou indo... Mais uma vez obrigada por sua misericórdia.

- Não tem que agradecer Carmem, eu não fiz e nem faço nada de graça. - Um sorriso maldito saiu de seus lábios - Até sexta feira. - rapidamente eu me encaminhem para saída correndo contente para o elevador... Eu não sabia o que esperava por mim, mas aquele cheiro de esperança renovada me deixava cada vez mais feliz.

A sorte está LancadaWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu