Capítulo 25 - Você é meu (+18)

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O vôo foi tranquilo e logo estávamos de volta ao Brasil. Pousamos em Manaus, de lá fomos para Brasília onde recebemos uma homenagem e uma medalha por servir na missão de Paz. Foi um momento bastante emocionante e importante pra nossa carreira militar.

O momento mais perturbador e emocionante – sim, ao mesmo tempo – foi a cerimônia e homenagem de despedida do Sargento Leonardo Correia. Todos os marinheiros reunidos, além da família Correia, sua esposa, pais e filhos, despedindo-se de sua grande personalidade em uma cerimônia digna e respeitosa. Aquele momento ficaria marcado pra sempre em minha memória.

Foram dias conturbados em que não tivemos tempo algum até que pousamos no Rio de Janeiro e fomos para o quartel da marinha a qual chamaríamos de lar até nosso próximo remanejamento, mas estava bem mais aliviado em retomar a rotina assim que todas as festividades e honrarias chegaram ao fim.

O despertador era um toque alto que reverberava pelos dormitórios, alas e corredores espalhando aquele som estridente de modo a pôr todos os que dormiam de pé. Me mexi na cama de solteiro rolando para o lado, estranhando a cama ser pequena e não haver companhia. Ergui o rosto com os olhos ainda miúdos do sono e vislumbrei Guilherme fazendo o mesmo da cama que ocupava. Um sorriso inevitavelmente repuxou os meus lábios e se refletiu nos dele.

"Bom dia, Soldado Carvalho", acenei com o rosto ao passar por ele, lhe dando um tapinha no ombro que me foi retribuído com um tapão na bunda. Arregalei os olhos e voltei o rosto para trás fazendo uma varredura dos olhares alheios, aliviando-me ao perceber que não fomos vistos.

"Bom dia, Soldado Barreto", disse-me com a língua entre os dentes e aquele sorriso que fazia duas covinhas dançarem em seu rosto; era um descarado mesmo.

Peguei minhas coisas e fui para o banheiro fazer a higiene pessoal. Voltamos a nos encontrar na mesa do café da manhã junto aos demais. Dos que sentaram próximos estavam Inácio, Joaquim e Pedro. Esperei um momento oportuno de distração dos outros para lhe cutucar com um tapão nas pernas bem debaixo da mesa – e das fuças alheias.

"Ficou maluco?!", o questionei através de sussurros entre um gole e outro no café.

"Você pediu com emoção ou sem emoção, Soldado?", sua resposta me fez arrepiar. A expressão que ele mantinha sempre que seus olhos azuis estavam sobre mim era mortiferamente sexual. Parecia que ele pensava em sexo 24 horas por dia – e eu gostava disso.

"O que estão achando de voltar pra casa?", perguntou Inácio, direcionando a questão a todo o nosso grupo.

"Ah, em casa eu fui recebido feito um herói de guerra", Joaquim abriu um sorriso vitorioso e arteiro. "Confesso que estou me aproveitando muito bem da situação... As mulheres que o digam", e soltamos risadas com o relato enquanto ele dividia seu pão em dois pedaços pra dividir com o Inácio, pois era o quinto que comiam.

"Eu ainda não fui pra casa, propriamente dito, já que sou de São Paulo, mas eu acho que ainda tá caindo a ficha de tudo o que aconteceu nesses últimos seis meses", expressei-me de modo que o pequeno grupo se silenciou em reflexões próprias. Esse momento perdurou até que Guilherme, de um jeito muito autêntico, o quebrasse.

"Quer me dar uma ajudinha?", recostando-se na cadeira – gesto que o fez ficar mais ou menos na minha altura, já que era mais alto – me lançou seu melhor olhar de cachorro abandonado para que eu sentisse dó de seu braço. Apesar de ter tirado o gesso e já estar tudo bem, ele estava só querendo me provocar.

"Olha, você definitivamente não presta", sussurrei-lhe, dando um pisão em seu pé sem que ninguém percebesse. Uma risadinha escapou de sua boca.

Por Trás da Farda (Romance Gay)Where stories live. Discover now