19- Chuva e tempestade

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A cena com aquela menina estava na minha cabeça e não me dava paz, na cama apertei as penas contra o peito e fiquei pensando sobre aquilo quando ouvi uma batida na minha porta, achei que seria minha mãe, mas ela disse que só voltava a noite, então virei rapidamente, e lá vi um homem á porta, dessa vez suas feições não eram como no sonho, ele me era familiar, os olhos caídos, a boca meio torta, aquilo me lembrava alguém. Congelei estática enquanto ele sorria para mim da porta, depois ele começou a caminhar.

-Você quer que eu te deixe em paz?- ele disse eu eu simplesmente não consegui mover um músculo.- Vai ter que fazer algo para mim.- quando ele colocou as mãos no cós da calça eu fechei os olhos com toda a força.

-SOCORRO!- gritei o mais alto que eu podia, eu estava ofegante e não quis abrir meus olhos até que ouvi um grande estrondo e fiquei espantada, só então decidi abrir meus olhos.

-Dona Lizi? Dona Lizi? Cadê a senhora?- ouvi aquela voz familiar e me senti em paz, Zé entrou no meu quarto com um banco pesado de madeira nas mão, ele estava elétrico e afoito - Onde tá o infiliz dona Lizi? Onde tá? -eu estava em choque e olhava para os lados sem entender o que estava acontecendo e pra onde o homem tinha ido, ele estava bem ali, eu vi com meus olhos, eu vi.

-Eu... eu ...eu não sei, ele estava bem ai- falei apontando para frente da cama.

- E pra onde ele foi dona Lizi que eu quebro ele.

-Lugar nenhum, quer dizer ele estava bem ai quando você chegou, ele estava bem ai - falei com os olhso arregalados e quase em pé na cama, eu estava muito confusa.

-A... certo- Zé colocou o banco no chão e me olhava levemente desconfiado.

-Eu juro Zé- falei convicta e um pouco exaltada.

-Tudo bem dona Li...

-ELE TAVA BEM AI ZÉ EU SEI O QUE EU VI EU NÃO ESTOU LOUCA!- eu disse gritando e apontando para o lugar onde o homem estava.

-Eu entendo, mas acho que a senhora deveria repen...- ele se afastava enquanto falava então eu o interrompi.

-ELE ESTAVA ALI, EU VI ELE ZÉ NÃO É MENTORA, ELE TAVA BEM ALI, NÃO OUSE ME CHAMAR DE LOUCA, EU ESTOU ÓTIMA- eu gritava em pé na cama e me movendo histericamente. Zé me olhava com os olhos arregalados, com cara de quem não sabia o que dizer e foi aí que percebi que eu estava agindo como louca e deixei meu corpo cair na cama, chorei desesperada mente, o que está acontecendo comigo? senti a presença de Zé se aproximar.

-Ô dona Lizi deve estar sendo difícil tudo o que a senhora está passando, mas... se tem algo bloqueando sua vida você precisa remover, eliminar do seu caminho entende? para que você seja livre.

-Acha mesmo Zé?- eu disse em meio a soluços.

-Claro, a senhora já aguentou coisas de mais, pense sobre como pode se livrar desse peso dona Liz.- pensei por um momento, ele tinha razão, eu já passei coisas de mais, não só agora, durante toda a minha vida.

-Obrigada Zé.- eu disse enxugando as lágrimas, ele sorriu e saiu.

-DONA LIZI EU VOU SUBIR DAQUI A POUCO PARA ARRUMAR SUA PORTA- ele gritou do corredor. Eu me levantei, e fui olhar meu guarda- roupas, achei uma calça preta de couro e uma camisa social azul, eu as vesti com uma bota de salto alto agulha também preta e amarrei meus cabelos em um coque, apliquei um lindo tom de vermelho nos lábios, apliquei delineador preto nos olhos removi o descascado esmalte vermelho cor de sangue e aplique um roxo metálico, eu estava pronta para a vida.

- Eu vou me livrar de todos vocês!- falei determinada em alto tom para que se revertesse em todo o apartamento. peguei meu celular e disquei, quase desisti de tanto que tocou. - Me encontre no centro, perto do monumento do relógio na praça central em uma hora.- peguei algumas notas de cinquenta na bolsa e deixei tudo para trás. Pedi para Zé me chamar um taxi.

-Para onde dona Lizi?

-A praça no centro.

-A senhora me permite perguntar por que?

- Claro, vou tirar do meu caminho essa pesa pedra.

-Que ótimo que está indo se curar dona Lizi.- ele disse sorridente.

-Eu também acho Zé.- disse com um sorriso simpático, agora tudo ia ficar bem, agora eu teria um pouco de paz.

Não demorou muito e o taxi chegou, sinalizei para onde iriamos, e o motorista logo arrancou, percebi que ele ficava me observando, acho que o fato de eu estar sem bolsa o preocupou.

- O pagamento será em dinheiro, você tem troco para cem?- disse olhando para a janela para que ficasse claro que ele seria pago.

- Tenho sim senhora- ele disse parecendo mais tranquilo agora, não o posso julgar, sem bolsa e sem carteira quem não ficaria sismado? O caminho estava um pouco lento, eu imaginei que era dia de semana, já era hora do almoço então o transito ficava terrível, com tudo eu não me importava, independente de tudo hoje seria o grande dia, o dia que eu conquistaria paz para minha mente e tranquilidade para minha vida, eu seria livre como eu nunca tive a capacidade de ser.

Comecei a observar o céu e lá vinha uma grande chuva, me lembrei de como eu gostava de banhos de chuva quando era mais jovem eles me libertavam, depois sei que fui me acorrentando mais e mais, e os banhos de chuva foram ficando para trás, era como se eu dissesse para mim que eu deveria continuar presa, mas talvez hoje fosse um bom dia para um banho de chuva.

A mulher perfeita Where stories live. Discover now