13- Pesadelos

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Eu estava chocada, era como se minha mente simplesmente tivesse parado, eu não sabia muito bem como reagir diante daqueles fatos que estavam ali, na minha frente, como ele poderia ter feito tal confissão, como ele poderia estar em seu estágio final da sua transformação para o monstro de Frankenstein e ninguém se quer questionou a morte ocorrida naquele dia? Mas claro, como questionar quando uma vítima de tortura e abuso é encontrada? Como questionar a fragilidade de uma criança que passa pelas coisas que ele passou? E ainda, como questionar o medo que aquele garoto com certeza tinha de seu pai que na verdade era apenas o doutor criando o monstro, essa era a realidade diante de mim, ele aprendeu as lições, e um bom aluno supera seu mestre, em qualquer que seja o requisito. Ryan se virou para mim, esta era a primeira vez desde que aquele vídeo começou.

- Você agora sabe de tudo, e acredito que agora entende tudo o que sou e o que acredito. Lizi eu nunca menti para você e nem para ninguém, você agora acabou de entrar no meu mundo, acredito que talvez agora me entenda- eu sacudia a cabeça em negação, eu não queria entender, eu não devo entender, não, aquilo não faz parte de mim e eu não devo permitir que faça. -Lizi, você entende e sabe disso, o seu problema é seu medo, seu medo de mim, seu medo da verdade, seu medo de si mesma, você passou sua vida em uma mentira, uma mentira para si mesma e uma mentira para os outros, mas você tem muito mais dentro de você, porém eu lhe prometi algo, e sou um homem de palavra. Você sabe o que eu espero de você... - eu me mantive em silêncio, entrar na mente de um psicopata e entende-lo, deveria no minimo estar errado, e eu não queria aceitar, eu não deveria, e estava lutando firmemente, ou pelo menos o máximo que eu podia. - Pelo visto você não sabe o que quer.- eu me mantive em silêncio, ele era meu melhor escudo naquele momento. - Pense esta noite, descanse e se recupere, depois veremos o que você realmente quer.- eu acenei com a cabeça, mas não sei se fiz o correto, eu estava em conflito o que não era bom , isso não poderia ser algo positivo, mas minha luta interna estava me enlouquecendo, tudo o que eu sentia contra tudo o que eu considerava certo e ético a se fazer, todas aquelas opções na minha mente me deixando cada vez mais confusa e eu só sabia que deveria tomar alguma atitude sobre aquilo.

Ryan se retirou e levou o televisor com ele, manteve o soro preso a mim e libertou meu tronco que estava preso até o momento com cordas, eu prometi que descansaria e que pensaria sobre esta decisão importante, e era o que eu faria, refletir sobre o que eu realmente queria de minha vida, o que eu faria dali para frente, o que eu deveria escolher e como seria minha vida depois de tudo isso que eu tinha passado, eram muitas questões e talvez eu nunca mais fosse a mesma, como retornaria para minha rotina? como as pessoas acreditariam que eu estive bem este tempo todo? como acreditariam que eu não matei aquela mulher? eram coisas á se pensar, e talvez já estivessem me dando como morta.

Veio então o sono e antes que eu percebesse eu estava finalmente descansando depois de tanto tempo sem dormir, era tão maravilhosa a sensação de repor as energias, eu nem me lembrava mais como era descansar, um sonho leve no qual eu corria em um lindo campo de flores e quanto mais eu corria mais jovem eu ficava, aos poucos me tornei uma criança revigorada e cheia de vida, eu cheirava as flores e ria, corria como se não houvesse um amanhã, mas percebo algo, era como se minha mente me lembrasse que aquela não era minha cama e que eu não estava segura, pois uma criança feliz que corria num campo de flores rapidamente começa a correr com uma expressão desconfiada, como se sentisse algo errado acontecendo , tive medo, e no sonho eu corria cada vez mais rápido e cada vez mais assustada, eu respirava ofegante e não parava de olhar para trás como se estivesse sendo perseguida por algo ou alguém e como toda criança assustada lágrimas começaram a sair de meus olhos, fiquei apavorada com o que acontecia, se eu tivesse controle sobre minha mente com certeza teria mudado aquele cenário ou acordado imediatamente, mas eu simplesmente não conseguia acordar, não conseguia me despertar daquele pesadelo. O dia foi escurecendo e aos poucos o céu ficava negro, vi a sombra de um homem atras de mim e então corri mais ainda, quando vi que uma sombra masculina se aproximava de mim que também corria, aquilo com certeza me deixou apavorada, agora eu entedia porque a versão de mim mais jovem corria tanto e tão desconfiada, aquela sombra foi se aproximando mais e mais e eu não podia ver seu rosto, o desespero foi aumentando e cada vez eu respirava mais ofegante, eu tentava correr mais e agora as vezes gritava pedindo por socorro, mas tão jovem assim não sei se conseguiria fugir realmente, na verdade eu sabia que hora ou outra ele me alcançaria, ele já não estava tão longe, eu deduzi que era Ryan me perseguindo, mas se era Ryan, porque eu era uma criança? talvez por ser tão indefesa diante de seus ardilosos planos, mas mesmo assim me sobrava uma ponta de duvida na mente, aquele homem já estava muito perto e eu percebia que minhas pernas não iriam mais aguentar, mas eu continuava tentando o máximo que eu podia, mas ele já estava á centímetros de mim então eu acordei. Eu respirava ofegante e estava totalmente desesperada, olhava para os lados freneticamente, mas eu ainda estava lá, naquela sala, tomando soro, no escuro, na mesma poltrona, não que isso seja reconfortante, mas aos poucos me convenci que foi só um pesadelo terrível e que pela manhã nada mais iria me acontecer, minha decisão estava tomada, eu tinha que fugir daquele maluco antes que ele me fizesse algum mal maior. Meu batimento cardíaco foi voltando ao normal e minha respiração também , eu tentei me convencer de que estava tudo bem e que de manhã tudo mudaria e eu poderia seguir minha vida em paz e me esquecer de tudo o que passei dentro dessa sala que com certeza seria uma eterna marca em mim e em meu emocional, claro que como pessoa eu estaria modificada, mas ainda era eu e isso que me importava mais que qualquer outra coisa.

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