Modelo [Capítulo 15]

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— Príncipe? – perguntou Mickey encarando uma foto minha tirada no jardim de infância. Ele analisou a imagem com atenção, antes de recolocar o porta-retratos sobre a cômoda do meu quarto.

— Festa a fantasia. Amanda estava fantasiada de Cinderela. – franzi o nariz, enquanto continuava a procurar uma jaqueta para vestir.

— Acho que acertei no apelido. – Mickey me agarrou pelas costas e deslizou a mão pelo meu corpo.

Mordi o lábio inferior.

— Se continuar me apertando desse jeito, não vamos sair dessa casa hoje. – falei, me desvencilhando de seus braços.

Revirei os olhos para o sorriso libertino de Mickey, ignorando o fato dele está no meu quarto e me provocando o dia inteiro. Um mês atrás ele estava na sala de jantar da minha casa, conhecendo meus pais e levando meu pai a loucura. Minha mãe finge que está tudo bem, enquanto meu pai lança olhares furiosos para nos, todas as vezes que nos ver passando pela porta de entrada. Algumas vezes Mickey entra escondido, mas na maioria das vezes, gostando de provocar meu pai.

— Vamos a uma festa qualquer. – resmungou Mickey. — Por que está perdendo tempo para se arrumar tanto?

— Não e uma festa qualquer. – falei, vestindo uma jaqueta de couro sobre a camisa preta. — George tem contatos por toda L.A. Essa com certeza e a melhor festa do ano.

Mickey rolou os olhos e estendeu a mão na minha direção.

— Vamos logo. – disse ele impaciente. — Você não precisa ficar bonito para esses mauricinhos. Apenas para mim! – ele roubou um beijou e me puxou para fora do quarto.

Eu não conseguia compreender como cabiam tantas pessoas, dentro da cobertura de luxo no centro da cidade. As pessoas se espremiam para conseguir dançar, chocando seus corpos uns contra os outros. A música alta fazia os vidros da sacada tremerem, como se estivessem a ponto de estourarem. O dj agitava as dezenas de pessoas, com as musicas mais tocadas no país. O anfitrião estava rodeado de pessoas, próximo ao bar particular de sua cobertura. George mantinha seu próprio blog de moda, um dos mais acessados da internet, e conseguia acompanhar todas as tendências pelo mundo. Ele fez fama e se tornou conhecido entre celebridades e personalidades importantes. Eu o conheci em uma boate alguns anos atrás, enquanto eu e Amanda tentávamos entrar com as identidades falsas que minha ex amiga descolou, para comemorarmos o meu aniversário. George viu no momento em que os seguranças tentaram nos barra e disse que estávamos com ele.

Os olhos de Mickey estavam vidrados, percorrendo cada centímetro do local. Ele me olhou maravilhado, surrando um palavrão, que não conseguir compreender. Sorrir, puxando-o para me acompanhar. George gritou a me ver, deixando seus convidados de lado e correndo na minha direção. Ele passou os braços rechonchudos em torno de mim, em um abraço apertado.

— Pensei que você não viria. – ele gritou para mim. — Tenho muitas novidades para lhe contar. – ele notou a presença de Mickey, que estava de cenho franzido. — Onde está o gostosão do seu namorado?

— Eu sou o namorado dele. – disse Mickey de forma ríspida e puxando-me para junto dele.

George me encarou. Sorrir acanhado.

— Terminei com Kyler há alguns meses. – expliquei.

— Terrível. – ele levou as duas mãos a boca.

— Esse o Mickey. – apontei para o garoto mal humorado ao meu lado. — Mick esse o George.

— Que olhos. – disse George estendendo a mão na direção de Mickey. — Que rosto maravilhoso. Você e modelo, rapaz?

— Não. – Mickey segurou a mão de George, sem desfazer a cara de poucos amigos.

— Você não pode ficar escondido por ai. – meu amigo virou na minha direção. — Acho que você também tem algumas novidades para me contar.

— Muita coisa. – confirmei.

O humor de Mickey melhorou depois de algumas cervejas. Ele até aceitou meu convite para dançar. Contei a ele sobre como conheci George e como nos tornamos amigos. E ele pareceu-me interessado na história. Esbarramos com algumas subcelebridades e modelos. Eu sempre ficava impressionado como ele conseguia atrair todas essas pessoas famosas para suas festas.

Após nos conhecemos na boate, George convidou a mim e Amanda para participarmos da comemoração de sua festa de aniversário. Após esse dia, ele sempre manteve contato e uma espécie estranha de amizade acabou surgindo entre nos.

Depois de duas horas, Mickey me abraçou, enquanto uma garota loira falava sobre seu trabalho como modelo para alguma revista conhecida. Eu fingia interesse, enquanto meu namorado não parava de me beijar.

— Eu preciso fumar. Você quer? – Mickey tirou o cigarro do bolso de sua jaqueta.

— Você está ficando louco? – puxei o cigarro de sua mão e escondi dentro do meu bolso. — Você quer fumar isso aqui?

— Qual e o problema? – Mickey tentou pega-lo de volta, mas afastei sua mão com um tapa. — Tem uma porrada de gente fumando aqui dentro.

— Não um baseado? – olhei ao redor, para ver se não havia ninguém ouvindo nossa conversa.

Mickey riu.

— Já sentiu o cheiro no ar? – ele perguntou, inspirando fundo. Repetir o seu ato, inspirando o cheiro estranho que se tornou familiar para mim. — Esses caras estão ficando chapados aqui e você não percebeu?

— Eu...

— Você nunca percebeu? – a risada de Mickey ficou mais alta. — Tem uma galera fumando na sacada, outra que entrou em um dos banheiros, para dar um tapa. A garota do seu lado, já cheirou tanto pó, que ela não consegue piscar, de tão travada.

Encarei meus pés.

— Desculpa. – entreguei-lhe o cigarro. — Não pensei que essas coisas... Sei lá, Mick.

— Você achou que só eu e meus amigos ferrados fazíamos esse tipo de coisa? – Mickey segurou meu rosto, apertando seus dedos contra meu queixo. — Esse otários com carros maneiros e roupas de marcas, não são muito diferentes de mim. A única diferença e que lá a policia está sempre dando dura nos moleques e aqui... Eles fazem o que querem.

— Eu não queria deixa-lo chateado. – empurrei sua mão.

— Vamos embora, esse lugar já está ficando um porre. – Mickey empurrou um cara que estava na nossa frente e me puxou para saímos dali.

Já estávamos próximo a saída, quando George gritou meu nome.

— Aonde vocês pensam que estão indo?

— Anda logo, David. – disse Mickey impaciente.

— Por que a presa? A festa está apenas começando e eu gostaria de lhe fazendo um convide para se tornar modelo? – George tomou um gole de seu drink. — O que você acha?

— O que? – Mickey olhou para mim, mas dei de ombros. Eu não sabia de nada sobre essa história de ser modelo.

— Digamos que você tem uma beleza rustica e conheço alguém que está precisando de alguém com o seu perfil. – George analisou Mickey por inteiro com os olhos. — Você pode ganhar muita grana, sem muito esforço.

Sentir uma pontada de ciúmes. Pensar em Mickey sendo desejado por outras pessoas, além de mim, fez com que eu franzisse o cenho. Mas os dois ignoraram minha expressão de desconforto.

— Acho que não e uma boa ideia irmos agora. – disse Mickey, soltando minha mão. — Fale-me um pouco mais sobre esse negocio de ser modelo. – Mickey seguiu George para o meio da multidão, deixando-me para trás.

Será Que é Amor?Where stories live. Discover now