Capítulo Quatro

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Entrei numa crise de choro que meus soluços eram tão altos que até os vizinhos deveriam estar ouvindo. Ele era mais do que a representatividade do príncipe encantado ele era o meu príncipe, ele era o homem que queria ter como esposo e pai dos meus filhos, ele era o amigo que nunca tive antes, o protetor, ajudador, meu abraço favorito.

Me apaixonei de repente e quando dei por mim aquele sorriso encantador era o meu favorito, não tinha dúvidas do que sentia pelo Felipe e só Deus mesmo para fazer um coração tão quebrado e calejado de sofrer reaprender a amar, na verdade o Felipe me ensinou a amar.

E por isso eu não iria destruir a vida dele, não colocaria ainda mais em risco sua vida, o Nathan era chefe do morro agora imagina se soubesse que a ex dele namora com um policial? Eu não me perdoaria por nada no mundo se isso acontecesse.

-O que foi Lua! –meu pai entrou no quarto.

-Pai... –cai no choro.

Ele se sentou do meu lado aos pés da cama onde estava e me abraçou, um abraço apertado que me trazia proteção, mas não diminuía a dor que estava sentindo. Toda minha família conhecia o Felipe e todos apoiavam um possível namoro com ele mesmo sabendo de todos os riscos que íamos enfrentar caso isso acontecesse.

Entreguei a carta para o meu pai e depois de ler ele me abraçou mais forte me mostrando que entendia o meu estado, o meu medo, o meu desespero.

Tudo que queria no mundo era ter o Felipe do meu lado, poder o beijar, abraçar, passear de mãos dadas, trazê-lo na minha casa sem ter medo de colocar nossas vidas em risco.

Eu nunca odiei tanto morar no morro como naquele dia,eu nunca odiei tanto ter sido namorada do Nathan como naquele dia que desejei com todas as minhas forças ir embora dali. Talvez a minha atitude fosse parecer egoísta, mas isso era exatamente o contrario eu estava pensando nele, na minha família menos em mim.

Peguei o celular depois que meu pai saiu do quarto e comecei a escrever para o Felipe, mas tinha tanta coisa para dizer e explicar que passei minutos escrevendo e apagando mensagens na tentativa de que uma lhe dissesse tudo o que estava sentindo.

"Me odeio com todas forças por essa resposta que irei te dar e antes de tudo de peço perdão, perdão por ter lhe deixado entrar na minha vida mesmo sabendo que eu sou como uma boba relógio que pode explodir a qualquer momento e atingir quem eu amo. Não posso dizer que tudo que diz sentir por mim é diferente do que sinto por você, pois não é, eu sou completamente apaixonada por você e nem consigo explicar, mas não, eu não posso ser sua namorada. Me perdoe."

Passei uma semana sem responder as mensagens, as ligações e sem ver o Felipe, estava tendo festa na nossa cidade e ele ficou de plantão todos os dias e por isso não foi me procurar no escritório nem na igreja. Eu estava num estado deplorável dizer não a um sentimento que quer florescer é como morrer cada dia um pouquinho, era uma dor absurda que sentia e todos os dias que olhava o anel que me deu de presente e que eu levava na mochila onde quer que fosse só me fazia pensar como podia ser diferente a nossa vida, quão menos dolorosa e complicada podia ser.

-Tá fugindo do meu filho? –Sr. Carlos parou na minha mesa me encarando.

-Tentando, pelo menos fisicamente tenho conseguido. –disse de cabeça baixa.

-não se martirize Luana, ele sabe de todos os riscos que está correndo e que talvez te cause também, mas ele escolheu você e pelo que vejo você também.

-Sabe Sr. Carlos o Felipe é um homem incrível que merece alguém melhor do que eu, merece alguém que cuide dele e não que cause riscos a mais para ele.

-Lua, lua! Pensei direito na sua escolha.

-Eu já tomei minha decisão.

Terminei o meu expediente com o choro entalado na garganta era demais para mim, eu estava a ponto de explodir. Só queria um abraço naquele momento, mas não conseguia imaginar um que me trouxesse tanta paz como o dele.

-Vai fugir até quando? –aquela voz me inundou.

-Por favor, Felipe. –continuei de costas para ele.

-Se afastar, não conversar, não responder minhas mensagens, minhas ligações eu acho que não vai melhor as coisas, pelo menos para mim só está piorando.

-Desculpa, eu não queria te fazer sofrer.

-E não precisa me fazer sofrer, não precisa se fazer sofrer Luana! –falou me virando para ele.

-Eu não quero que nada de ruim aconteça a você, eu não me perdoaria. –falei tentando conter o choro.

-Eu sei de todos os riscos que eu corro, mas eu quero você Luana. Você acha que eu tenho medo desses riscos? Olha a profissão que eu escolhi acha mesmo que eu tenho medo?

-Eu tenho medo! –disse gritando. – poxa! Eu tenho medo de lhe fazerem mal por minha causa, tenho medo de te perder.

Ele me abraçou forte, eu estava vulnerável, frágil, sensível, com medo. Estava apenas sendo a Luana que nunca fui antes. Ele não sabia que o meu ex era o dono do morro e talvez por isso achava que seria fácil ficarmos juntos e eu não tinha coragem de lhe contar o Felipe tem a "síndrome do super men" ele acha que pode resolver todos os problemas do mundo ou pelo menos os meus.

-Por favor, me entenda Fê, eu não posso nem imaginar algo ruim acontecendo com você ainda mais se for por minha causa. Me perdoa.

-Shiii! –falou colocando o indicador entre meus lábios.

Ele me beijou de forma diferente, com carinho, com respeito, com ternura eu sentia no toque dos seus lábios o quanto ele queria que eu mudasse de ideia, era o nosso primeiro beijo.Nos afastamos do beijo, meu coração acelerado e as mãos suadas, tudo que eu menos queria era dizer não a ele, mas eu não ia correr esse risco.

-Que droga Felipe! –disse me afastando. Queria que ele sentisse raiva de mim, queria que ele desistisse de mim, por mais doloroso que isso fosse.

-vai dizer que não gostou? –disse com um sorriso sínico nos lábios.

Eu o encarei.

-por favor, Felipe vai ser melhor para nós dois.

-Isso é o que você diz, não o que sente.

-conhece meu coração agora?

-Não, conheço seus olhos e eles desmentem o que você diz.

Como podia ser tão lindo, Tão insistente, tão irritante?.

Abri a mochila e peguei a caixinha com o anel dentro, eu não ia mudar de ideia sempre fui a Luana determinada e corajosa não ia mudar agora.

-Toma! Obrigada, mas não posso aceitar. –falei lhe entregando.

-Não posso aceitar, esse presente é para você independente da resposta.

-mas...

-Mas nada, se algum dia mudar de ideia use ele.

-Tchau! -disse saindo do prédio.

Meu coração estava estraçalhado, uma dor insuportável me inundava por dentro, caminhei até o ponto de ônibus com as mandíbulas serradas tentando controlar as lágrimas e a raiva que crescia dentro de mim.

***

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Os Riscos de amar  VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora