Segunda temporada - Capítulo Cinquenta

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Os Black Horses


Acordar na manhã seguinte sem nenhuma notícia dela não foi nada agradável. Eu havia mandado uma mensagem para ela antes de dormir questionando se ela havia chegado bem mas até então ela não havia respondido. Tentei ligar para ela mas o número dela estava dando fora da area, é claro- pensei. Ela não podia usar o celular durante o voo e depois disso havia aterrisado em outro pais onde o sinal do seu celular não devia mais funcionar. Eu deveria ter previsto que isso iria acontecer. Em circunstâncias normais aquele seria o momento ideal para recorrer a uma rede social para me comunicar com ela, mas ela era Sarah Grace, uma garota que era tão estudiosa que nem ao menos tinha um facebook. Sem ter notícias dela levei um bom tempo para finalmente conseguir sair da cama. Minhas experiências com entes queridos viajando em aviões não eram nada agradáveis então isso colaborava muito para que minha aflição aumentasse. Quando finalmente consegui reunir um pouco de coragem para levantar resolvi ir até a cozinha para tomar um café bem forte. Encontrei Ana no fogão já preparando o almoço. Ela como sempre, cara identificou que eu não estava bem, porém desta vez ela não disse nada, apenas quando terminei de comer ela foi que ela veio até mim e me deu um abraço, aconchegante e silencioso. Por mais que eu estivesse aflito por não ter noticias de Sarah, aquilo me trouxe um certo conforto. Agradeci à ela e segui de volta para o meu quarto. Eu passava pela sala principal quando a campanhia tocou. Abri a porta e me deparei com uma surpresa nada agradável.

-Senhor Brandon Gletcher?-Disse um cara baixinho com uma aparencia de nerd e uma voz de fantoche.

-Fletcher.- Disse friamente.

-Ah sim, Brandon Fletcher, desculpe. Ah, me chamo Niels Carter, Sou do departamento de justiça da cidade. Como é de seu conhecimento, pois o senhor compareceu na audiencia e ja deve estar ciente da perda desse bem imóvel certo? bom, estou aqui para lhe informar que o senhor tem ate 2 dias para desocupar o imóvel, que agora, segundo meus relatórios pertence aos seus tios não é?

O encarei. Ele por sua vez gaguejava a cada frase e trazia nas mãos um papel cheio de rascunhos. Certamente havia planejado cada palavra iria dizer para mim mas não estava conseguindo colocar seu plano em execução. Era óbvio que ele era um estagiário e que certamente na repartição onde trabalhava resolveram trolar o novato dando a ele a missão de ir até a casa de um jogador de futebol americano para colocá-lo para fora.

-Escuta aqui.-Disse, e no mesmo instante ele deu um passo para trás e deixou sua pasta com papéis cair no chão.

-Por favor, não me mate eu... eu estou apenas cumprindo ordens. Eu não queria te expulsar da sua casa, eu..

-Ei cara, fica tranquilo. Não vou fazer nada com você. Eu já estava esperando por isso, pode avisar pro teu supervisor que está tudo sob controle. Eu vou desocupar o imóvel.

-Ele sorriu mas nao era um sorriso de felicidade mas sim um sorriso desesperado de alivio.

-Obr.. obrigado pela compreensão senhor.-Em seguida saiu correndo com medo de que eu mudasse de ideia e arrancasse sua cabeça.

Assim que entrei fechei a porta e respirei fundo. Agora mais essa. Teria que arrumar outro lugar para morar, por mais que aquilo fosse realmente importante eu não queria mais pensar em nada. voltei para o meu quarto e tentei me comunicar com Sarah novamente por diversas vezes, mas todas sem sucesso, passei então o dia inteiro lendo e estudando até cair no sono.

***

No dia seguinte precisei me preocupar apenas com as minhas coisas. Não tive de me preocupar com uma mudança radical pois eu havia herdado a mansão do meu avô com todos os móveis e então, deveria entregá-la da mesma forma que havia recebido. Seria apenas a mudança do meu quarto para um novo lugar que eu ainda não havia definido onde seria. Enquanto eu arrumava minhas coisas eu tive que me concentrar para não pegar nada além do que era realmente meu. Foi só naquele momento que percebi que aquela casa nunca havia sido minha, tudo aquilo que por um longo tempo eu esbanjei nunca foi definitivamente meu.

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