O Cara

Capítulo Quarenta e Cinco

A audiência

Por mais que eu soubesse que deveria ficar calmo eu não conseguia. Minhas mãos estavam geladas e minha perna não parava quieta um segundo. Já havia chegado ao fórum cível a alguns minutos e estava lá, sozinho, sentado ao lado de Mitchel aguardando Diggory chegar com as instruções finais. Até então eu só havia falado com Diggory no dia anterior. Como o testamento era o instrumento principal daquele processo, autentico ou não, ele deveria ser apresentado no dia da audiência. Diggory, por sua vez, me disse que passaria a madrugada inteira analisando o testamento em seu escritório com as ferramentas necessárias para tentar encontrar uma falha e que Mitchel chegaria antes para me auxiliar. O problema, é que desde então eu não havia mais conseguido falar com ele. Eu estava tentando ligar em seu celular a cerca de duas horas mas ele não atendia. Eu tentava manter o ritmo da minha respiração para me concentrar. A qualquer momento meus tios entrariam por aquela porta e eu precisava me manter calmo.

Depois de alguns minutos finalmente meu celular tocou. Fui rapidamente até a a parte de fora para atender. Atendi rápido sem nem o menos ver quem era, pois naquele momento só podia ser Diggory.

-Diggory aonde você esta?- perguntei

-Diggory? Não Brandon, sou eu o Reich.

Cocei a cabeça. Estava muito aflito por não ser Diggory.

-Ah, o que foi treinador?

-Só liguei para avisar que já chegamos aqui na Universidade do Queens, eu dei uma checada em como está o transito hoje e como o fórum onde você está não é muito longe , provavelmente você não vai levar mais do que vinte minutos para chegar aqui. Dylan pediu pra te avisar que vai fazer a identificação do campo e da bola para saber como executar melhor as jogadas e pediu para que depois que você sair da audiência, dê um toque no celular dele, que ele irá enviar as informações para que você consiga ir analisando elas enquanto vem para cá para não perdermos tempo.

-Combinado.-Disse.

-Certo- Disse o treinador-Ah e Brandon, boa sorte.

-Obrigado treinador. Até depois.

Foi no momento em que eu desliguei meu celular e o coloquei no bolso que eu tive uma surpresa nada agradável. Meus tios, acompanhados por seus advogados vinham em minha direção com seus olhares frios e calculistas. Meu tio James e os advogados passaram por mim como se eu não existisse e entraram na sala de audiência, porém, tio Alfred por sua vez permaneceu na porta, em seguida olhou para mim e veio na minha direção.

-Olá Fletcher.

Encarei ele com um olhar nada amigável porém permaneci calado. Aquela era a primeira vez que meu tio falava comigo. Nem mesmo quando meus pais faleceram ele se preocupou em vir até mim para me dar os pêsames. Ele se considerava tão importante, tão superior, que não gastava seu tempo com nada ou ninguém que não pudesse atribuir dinheiro ao seu patrimônio. Ele então, percebendo que eu não estava nem um pouco a fim de gastar minha saliva com alguém que eu considerava menos do que um papel de bala resolveu ir direto ao assunto.

-Bom, como creio eu que você não tenha muitos conhecimentos sobre processos civis, queria te adiantar que nesse tipo de processo o Juiz é obrigado a propor uma conciliação logo no início da audiência, se umas das partes renunciar, bom, a audiência poderá acabar muito antes do planejado, e como nós dois sabemos, você tem um grande jogo hoje pela frente então acho que isso seria algo bom para ambas as partes não é mesmo? -disse ele com um sorriso sarcástico.