Capítulo Trinta e Um

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Um Salto Ninja Para a Eternidade

Era por volta das sete horas quando chegamos a ONG dos Hudson. Assim que entramos no local, tive uma surpresa, pois notei que todos os funcionários do local sabiam meu nome, mesmo eu não fazendo ideia de quem eles eram. Lucy, a recepcionista, ao se deparar comigo ficou com um sorriso enorme no rosto. Depois de nos receber com um abraço, nos levou para fazer um tour pela ONG. Enquanto caminhávamos perguntei a ela por que todos ali sabiam meu nome. Ela riu.

-Você é bem famoso por aqui Brandon -Disse ela.- Temos uma lista com os nomes e as fotos dos nossos principais colaboradores e você é o número um da lista. Todos aqui são muito gratos pela sua ajuda e as crianças sempre oram por você antes de dormir.

Embora não acreditasse em um Deus todo poderoso e nunca tivesse orado por ninguém, descobrir que haviam dezenas de crianças orando por mim todas as noites fez com que eu me sentisse extremamente amado. Caminhamos pelo corredor até entrarmos num quarto. Lá dentro, um espaço bem grande com várias camas. Todas elas ocupadas por crianças com idades entre 7 e 14 anos. Algumas já estavam adormecidas por conta dos procedimentos exaustivos de quimioterapia, outras porém, estavam bem acordadas. Notei que algumas brincavam juntas enquanto outras optavam por brincar sozinhas com seus brinquedos.

-Brandon? -disse uma doce voz próxima de mim.

Olhei para baixo e vi de onde ela vinha. Era uma pequena garota que devia ter no máximo cerca de oito anos de idade e que olhava para mim enquanto segurava uma pequena boneca nas mãos. Ela tinha os olhos azuis mais lindos que eu já havia visto na vida. Sua cabeça estava raspada sem nenhum fio de cabelo mas isso não diminuía em nada a beleza do seu rosto angelical. Me abaixei, olhei nos olhos dela e sorri.

-Sim sou eu. E você ? como se chama princesa?

Ela sorriu.

-Alice.

-Alice? Ual que nome lindo. Você sabia que existiu uma rainha na Inglaterra que tinha o seu nome?

Ela me encarou surpresa.

-É sério?

-Sério, e ela foi uma pessoa incrível e abriu um monte de hospitais como esse aqui. Ela só não era assim tão linda como você.

Ela riu, envergonhada.

-Você veio visitar a gente Brandon?

Olhei para os lados. As outras crianças que ouviram Alice pronunciar meu nome ja estavam prestando atenção em mim.

-Sim, eu vim.

-Lucy disse que voce anda muito ocupado e por isso ainda não tinha conseguido vir nos visitar.

Senti um aperto no peito. Me lembrei de todas as vezes que recebi e-mails da ONG agradecendo minhas doações e pedindo para que eu pudesse comparecer na ONG, mas eu sempre inventava uma desculpa e dizia que assim que eu tivesse tempo eu iria. Pensava que eles queriam apenas me paparicar para que eu continuasse a doar para eles, mas na verdade as crianças queriam de fato conhecer quem estavam ajudando elas. Diante daquele olhar inocente e puro eu não poderia mentir.

-Eu sinto muito por não ter vindo antes.

-Tudo bem, você está aqui. Vem, eu vou te apresentar aos outros.

Ela estendeu sua pequena mão para mim e eu a segurei. Passando pelas camas das crianças que estavam acordadas ela me apresentou Carlos, um garoto de sete anos que tinha leucemia crônica. Brendah, uma menina de onze anos que tinha câncer no pulmão. Heron, de nove anos que também tinha câncer só que na garganta, e por fim, de longe me apresentou Luna, a garota mais velha da ONG, que tinha quatorze anos. Ela estava em pé mexendo na estante e livros isolada do restante das outras crianças. Alice sussurrou que Luna era sua melhor amiga. Contou também que as vezes ela era meio doidinha, mas mesmo assim era super legal. Logo deduzi que Luna deveria ser esquizofrênica, assim como Helena.

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