Aprendi que preciso gostar de quem gosta de mim. Amar quem me ama. Ele diz que me ama. Mas quem ama cuida, certo? Quem ama fica, não vai embora. Quem ama valoriza. Quem ama não desaparece. Então, não, ele não me ama, se é que você me entende. Ele então voltou a ser para mim aquilo que sempre foi e deixou bem claro quando foi embora sem avisar nada: amigo.

Se tem uma coisa que amo quando coloco os pés para fora casa e olhar o céu. O azul radiante contrastando com o sol, o leve soprar do vento balançando meus cabelos me dá a sensação de vida! É isso aí, vamos viver!

Estaciono o carro de frente ao prédio onde meu escritório está instalado — e sim, eu tenho um carro e não utilizo mais ônibus como meio de transporte —, na janela do quarto andar vejo Kate andar de um lado para o outro com o telefone na mão. Esqueci de mencionar, que com o abandono da minha amiga, eu agora tenho uma nova colega. Moramos no mesmo apartamento. Kate e eu nos conhecemos no antigo escritório. Ela sempre foi excelente secretária, e quando me afundei em trabalho, por ter sido abandonada pela Luciana, que casou com o Dr. Sorriso, me permiti conhecer um pouco mais a secretária de cabelos vermelho fogo e alguns pircings no rosto.

Se tem uma figura autêntica e que não se importa mesmo com o que vão dizer a seu respeito é a Kate. Sempre com uma resposta na ponta da língua, o que a faz ser totalmente segura de si, e deixando muitas vezes as pessoas mudas diante de sua aparência marcante.

— Graças a Deus você chegou! Vou te dizer, ainda bem que não posso andar armada, que se não hoje seria o dia ideal para dar um tiro em alguém. — Ela diz movimentando uma mão e apontando para o celular.

Sorri e dei de ombros. Fiquei parada na porta olhando todo o escritório. Tive medo. Estava acontecendo. Eu agora, sou uma empresária. Dá para acreditar?

— Você não entendeu! Eu não quero te ver de novo. — Kate diz enfurecida.

Ela é assim. Não gosta de compromisso. Não namora. Segundo ela é uma escolha, mas com certeza é por que não achou ninguém que a fizesse se apaixonar, e aí toda essa coisa de não se comprometer cai por terra. Afinal, você há de concordar que o tal de se apaixonar, te faz ser idiota, e esquecer muitas vezes que tem opinião própria e decisões que não podem ser deixadas de lado. O bom de toda essa droga de se apaixonar, é que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, então estou livre dessa.

Kate desliga o telefone e vem até a minha mesa com a agenda na mão.

— Tudo bem, já estou calma e não preciso mais de uma arma. Preciso de um chá de camomila e uns croassants.

— Que bom, assim não precisarei pegar meu primeiro salário de empresária para pagar sua fiança.

— Você pagaria minha fiança?

— Claro! Ou acha que ficaria sem o melhor brigadeiro de panela que já comi?

— É isso que eu valho? Um brigadeiro de panela? Ok. Quero mesmo uma arma. — Ela diz fazendo um sinal de arma e apontando para sua cabeça.

Balanço a cabeça e sorrio.

— OK. Vamos trabalhar Kate? O que temos para hoje?

— Em primeiro lugar, ainda não me conformo de você não fazer uma inauguração de arromba, nesse escritório lindo. Não encheu o lugar de gente interessado em comer todo o Buffet, e beber todo o seu vinho!

— Disse bem! As únicas pessoas que me interessariam estar aqui, não podem, então, não vou dar lanchinho de graça para seu ninguém.

— Tudo bem! A gente sai e bebe todas para comemorar, o que você acha?

Curando Feridas ( Hiatus)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora