61| Explicação

Magsimula sa umpisa
                                    

Apoiei os cotovelos em cima das pernas e curvei-me um pouco. O meu olhar chocou com o azul eletrizante da Ava. O mais provável era ela não acreditar em mim, ou talvez numa parte da história. Se ela confronta-se o pai dela com o que lhe contei, podia ficar a perceber que uma grande parte era verdade, porém não me parecia que ela fosse fazer tal coisa. O Carl não estava em condições para mexer em memórias tão perturbadoras. Porém eu sabia que ele nunca iria recusar fazer tal coisa.

- Quando te conheci não fazia a mínima ideia que eras filha do Carl. Só descobri isso mais tarde, quando ele me pediu para encontrar uma fotografia tua e do teu irmão. – não lhe ia mentir. Naquele momento já não valia a pena. Até porque já nem era benéfico para mim. – Só que eu nem por sombra de dúvidas te podia contar, então eu comecei a controlar-te. Não só para não me ires acusar à polícia, mas também porque o Matt começou a andar atrás de ti. Isto tudo, - apontei entre ela e eu. – não era suposto acontecer, entendes? O teu pai pediu-me ajuda e eu disse que sim. Honestamente nem sei muito bem porque razão.

- E a história de me teres hipnotizado? – ela perguntou. Já não tinha tanta confiança na voz. Estava a enfraquecer, a mostrar a verdadeira Ava escondida por baixo daquela camada. – Isso é verdade?

- É. – suspirei. – Foi o Matt que me ensinou a fazê-lo. Isso era uma forma de apanhar os homens. Hipnotizei-te duas vezes. A primeira porque ateei fogo à beira de tua casa. Mas eu nem sabia que lá moravas. E a segunda foi porque a Savannah te disse alguma coisa numa noite em que saímos. Eu só sei que ficaste furiosa e tudo aquilo só tinha a ver com um assunto.

Ao referir o nome da loira pensei automaticamente o que estaria ela a fazer. Fora ela que me levara para o armazém onde o Matt tinha a Ava. Com aquelas falinhas mansas ela tinha conseguido e eu culpava-me por me deixar levar tão facilmente. Não gostava dela, aliás, nunca tinha gostado. Ela era daquelas pessoas que nunca iria fazer falta, porque só criava conflito. O único interesse dela era em bens materiais.

- Ainda não consegui cair em mim. – a voz dela soou num sussurro.

Deixei de poder ver aqueles oceanos perturbados, pois os mesmos encararam o chão. Era como se ela tivesse perdido a razão toda, como se ela se estivesse a redimir depois de todas as acusações. Eu tinha escondido a verdade, mas ela insinuava coisas a meu respeito que não eram verdade. E entre o insinuar e o esconder, este último parecia-me mais correto. Quer dizer, eu acabei por lhe mentir mesmo assim. Era uma confusão.

- Ainda há mais. – falei depois de breves momentos, dando-lhe algum tempo e espaço para assimilar a informação. Os seus olhos voltaram a encontrar os meus. Ficaram arregalados, como se mais fosse um copo a transbordar. – O Matt e eu...

No exato momento em que eu ia prosseguir a porta abriu-se. Do lado de lá a mãe da Ava apareceu. Uma cara que mostrava tudo menos felicidade. Ela parecia querer matar-me com o olhar. Parecia querer destruir-me.

- Eu saio de casa por umas horas para depois ver isto? – revirei os olhos àquelas palavras. – Eu já te disse Ava, não quero que estejas perto dele.

Queria falar naquele momento. Queria realmente mandar aquela mulher à merda e levar com ela todas as suas acusações. Enquanto serviu eu podia, mas depois foi como se fosse lixo. As pessoas eram incríveis nesse sentido. Tão amigas no início para depois se revelarem tão falsas. Aquela era uma das razões pelas quais eu não conseguia criar amizades ou qualquer outro tipo de relação prejudicial.

Olhei para a Ava. Não me ia meter na situação. A última coisa que eu queria era que voltasse tudo ao mesmo. Fiquei apenas a observar tudo. A cara da morena mostrava reprovação às palavras da mãe. Parecia que aquele controlo parental estava a exceder os limites. Não conhecia a Ava no seu eu mais íntimo. Sabia muitas coisas sobre ela, mas poucas sobre aquilo que ela tinha interiormente. Não podia adivinhar o que lhe ia na mente, apesar de a conseguir ler muito bem. Aquilo que ela pensava só ela sabia.

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