VII

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Harry dirigia em silêncio pelas estradas vazias de Los Angeles. Eu estava encolhido no banco da frente, com as pernas sobre o banco de couro e enrolado no cobertor. As mãos de Harry faziam pressão no volante, conforme ele afundava o pé no acelerador.

Encostei a cabeça na janela, observando o topo das árvores balançarem fracamente. Uma fina camada branca de neve cobria os galhos das árvores e as ruas.

Vi o o corpo de Harry tensionar ao passarmos pela estrada onde sua mãe fora encontrada morta. Ele trocou a marcha e aumentou a velocidade. Eu não ousaria perguntar como ele estava sentindo-se naquele momento, eu apenas me encolhi no cobertor e esperei até chegarmos no apartamento de Harry.

Em menos de dez minutos chegamos em frente ao seu prédio. Harry estacionou o seu Porsche na garagem, ao lado de uma Ranger Rover preta. Desligou o motor do carro, tirou o cinto e abriu a porta.

Tirei o cobertor que estava ao redor do meu corpo, calcei minhas pantufas e desci do carro. O ar frio atingiu minha espinha assim que saí do carro. Harry estava parado do outro lado do carro, enquanto encarava as cinzas caírem do cigarro que ele acabara de acender.

Me aproximei do seu corpo e caminhamos até a porta que separava o elevador do hall de entrada do estacionamento. Harry estava uns passos à frente, caminhando sempre em passos firmes.

Ele abriu a porta e esperou até que eu entrasse para fecha-la. Ele tragou seu cigarro uma última vez antes de jogá-lo no chão do estacionamento, fechando a porta em seguida.

- Estou feliz em ver o senhor novamente por aqui, senhor Tomlinson - ouvi uma voz sobressair de trás de algumas caixas do correio que estavam em cima da mesa de recepção. Logo reconheci aquela voz. Era do senhor de cabelos grisalhos que trabalhava na portaria.

Eu dei-lhe o mais largo sorriso ao ver que aquele homem ainda se lembrava de mim.

- Senhor Styles - o porteiro o saldou formalmente.

Harry deu um breve aceno com a cabeça para o porteiro antes das portas do elevador se abrirem. Eu gargalhei ao ver o porteiro fazer um comentário sobre eu estar usando pantufas felpudas.

Me despedi dele e entrei no elevador junto a Harry. Ele pressionou o botão do sexto andar e as portas se fecharam.

- Como você sabia que eu estava na casa da Abby? - eu pergunto ao parar ao lado de Harry.

- Eu passei no seu apartamento primeiro, mas não tinha ninguém em casa. Eu imaginei que você estaria na casa da Abby - ele respondeu.

Alguns segundos se passaram e as portas do elevador abriram. Harry fora o primeiro a sair do elevador. Eu observei suas costas enquanto ele caminhava até sua porta, era estranho ver os seus ombros largos sem os cachos caídos por cima deles.

Ele já estava a alguns passos à frente quando eu resolvi sair do elevador. Parei ao seu lado em frente a porta de número 602, Harry colocou as mãos no bolso da calça à procura de suas chaves.

Ele colocou a chave na fechadura e destrancou a porta. Um turbilhão de pensamentos invadiram a minha mente no momento em que Harry abriu a porta e ligou a luz. Naquele momento tudo o que vivi com Harry passou na minha mente como se fosse um filme.

A primeira vez em que estive aqui; a primeira vez que dormi com Harry nesse apartamento; a primeira vez que Harry havia cozinhado para mim; às vezes em que discutimos, e por último, a cena onde Harry dizia que estava indo embora se repetiu em minha mente, eu senti meu coração se apertar, eu sabia que naquele momento tudo estaria acabado.

Coloquei o primeiro pé naquele apartamento e afastei as memórias da minha mente. Passei pelo tapete persa e parei no meio da sala, observando o apartamento do Harry. Tudo parecia estar em seu devido lugar, as cortinas brancas estavam fechadas, a poltrona bege com uma almofada colorida, o mesmo cheiro do seu perfume amadeirado de antes tão presente em todo o apartamento.

Poison II - I can't change (L.S)Where stories live. Discover now