VI

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Eu respirei fundo assim que o ar puro chegou até os meus pulmões.

Estava frio aqui fora, o ar gelado batia fraco contra o meu rosto levemente avermelhado. Fiz uma concha com as mãos e levantei até minha boca, soprando para tentar aquecê-las.

Escutei o barulho da porta se abrindo, em seguida ouvi passos calmos caminhando em minha direção. Enfiei as mãos nos bolsos da calça e encarei Harry.

Harry parou ao meu lado e tirou um maço de cigarros do bolso, tirou um cigarro e colocou entre os dentes. Pegou um pequeno esqueiro prateado e acendeu seu cigarro. Tragou-o calmamente, soltando a fumaça para cima.

- O que foi? - Harry perguntou ao perceber que eu o encarava.

Então quer dizer que Harry fuma agora?

Desviei os olhos de Harry, olhando para um casal que acabara de sair da cafeteria. Além de ser um maldito de um alcoólatra, Harry também virou fumante.

Ele tragou novamente o seu cigarro, levantou a cabeça e soltou a fumaça para cima. Ele parecia não se importar em estar fumando. Harry segurou o cigarro entre os dedos, observando as cinzas caírem da bituca. Ele deu mais umas tragadas no cigarro antes de jogá-lo no chão e pisar em cima.

- Vamos? - ele perguntou e eu assenti com a cabeça.

Harry destravou o alarme do automóvel e eu caminhei até o carro, abrindo a porta e entrando. Harry deu meia volta no carro e entrou, sentando ao meu lado. Ele deu partida no carro, enquanto eu me encolhia no meu sweater.

O cheiro do seu perfume amadeirado misturava-se com o cheio da nicotina, inebriando-me.

Harry dirigia em silêncio, olhando atentamente para todos os lados da rua. Eu apenas fiquei acomodado naquele banco de couro ao seu lado. Eu não diria nenhuma palavra, a menos que Harry quebrasse o silêncio, e Harry não faria isso. Esse silêncio todo estava me enlouquecendo.

Estiquei o meu braço ligando o botão do rádio e procurando uma estação qualquer. Harry olhou para mim com uma sobrancelha erguida, como se estivesse perguntando o que eu estava fazendo.

O shopping ficava apenas algumas quadras de onde estávamos, em alguns segundos estaríamos chegando. Harry parou o carro quando o semáforo ficou vermelho. Eu cantarolei a música baixinho e vi Harry sorrir de canto. Mordi meu lábio inferior, me segurando para não sorrir com aquilo.

O sinal ficou verde e Harry arrancou com o carro, ainda com um pequeno sorriso no rosto. Harry dobrou a esquerda e estacionou em frente ao shopping.

- Chegamos - Harry disse, olhando para as pessoas que saiam com enormes sacolas do shopping.

- Obrigado por me trazer - falei, o encarando.

- Eu preciso ir, tenho que arrumar as coisas no meu apartamento. Até mais tarde - Harry suspira e olha para fora do para-brisa.

- Até - eu sussurro ao sair do carro.

Harry deu a partida no carro e eu corri para dentro do shopping para fugir do frio.

Eu tinha que comprar os presentes da Abby e Margarett e ir almoçar ainda. Peguei o telefone no bolso para ver as horas. Já passava do meio-dia, ou seja, eu teria menos de duas horas para comprar os presentes.

Entrei na primeira loja de roupas e fui até a sessão feminina. Pedi para uma das vendedoras me ajudar a comprar um presente. A senhora, de mais ou menos 50 anos, me ajudou a escolher um blusão natalino para Margarett. Eu era péssimo comprando presente, mas a vendedora me disse que a maioria das pessoas estavam comprando blusões natalinos para dar de presente.

Poison II - I can't change (L.S)Where stories live. Discover now