- Lizi vamos você aguenta, não desmaie, já está acabando. - ele me deu alguns tapas leves no meu rosto e isso me despertou por mais alguns segundos e pude ver que ele me enrolava em uma toalha macia e me carregava no colo e abriu uma porta ao lado do banheiro, era um quarto, um quarto também muito branco, mas tinha alguns detalhes cinza, como os puxadores do guarda-roupa, os travesseiros e um gancho para roupão que estava na parede, lá ele colocou minha toalha e eu senti frio, meu cabelo ainda estava muito molhado, ele colocou em mim roupas intimas que eu jamais vi, acredito que ele tenha comprado, também colocou um casaco azul marinho que provavelmente era seu, era muito grande para mim, e colocou em mim uma calça Jeans, neste momento eu parecia um pouco melhor, conseguia me mexer um pouco o que facilitou para Ryan, por um momento senti como se ele não fosse aquele psicopata doentio que eu sempre vejo em minha frente, naquele momento ele era o cara que eu conheci na internet e com quem saí á uma semana, naquele momento parecia que eram duas pessoas diferentes e que agora aquele cara gentil e interessante estava comigo e cuidando de mim. As coisas começaram a girar e meu rosto começou a gelar de novo, minha visão começou a escurecer, Ryan estava pegando algo no guarda-roupa, eu tentei chamar seu nome, mas não consegui, e então tudo escureceu.

Abri meus olhos e ainda estava tudo escuro, eu estava sentada em uma poltrona confortável , uma televisão estava á minha frente, á mais ou menos um metro e meio de onde eu estava, a tela estava azul como se esperasse um vídeo começar, eu também percebi que uma das mangas de meu casaco estava dobrada até o cotovelo, me assustei pois havia uma agulha ligado á uma mangueira plastica unida á uma bolsa transparente com um liquido transparente que estava sendo segurado por um suporte de metal, meus olhos se arregalaram, o que será que Ryan estava aprontando comigo, e antes que eu pudesse remover aquilo de meu braço ele entrou na sala escura, deduzi que eu estava na mesma sala que ele me manteve, Ryan segurava uma bandeja em suas mãos.

-Fique tranquila é apenas soro, você precisa ser hidratada.- ele colocou a bandeja no meu colo, um prato com comida quente, macarrão e carne. - Bastante carboidrato, você precisa.- ele disse com um sorriso e depois sentou no chão próximo as minhas pernas.

-O que vamos ver?

-Coma, vamos ver um pouquinho de verdade, garanto que será esclarecedor.

-Que tipo de verdade?

-O tipo que eu sei que você que saber, agora coma você precisa, está muito fraca.- minha cabeça doía muito, me esforcei para pegar o garfo na bandeja e enrolei o macarrão e coloquei na boca, mastiguei lentamente senti meu estomago se alegrando com aquele momento, mas mesmo assim não sentia vontade de comer. - Olha Lizi eu sinto muito mesmo.- ele parecia muito triste, ou arrependido não soube dizer bem, e enquanto colocava a segunda garfada na boca ele olhou para mim.

-Pelo quê?- disse ainda de boca cheia, de qualquer forma ele não merecia minha educação.

-Por não ter estado ao seu lado quando você precisou, você desmaiou e eu não estava lá.- ele falava como se fossemos um lindo casal feliz, ridículo.

-Você não tem obrigações para comigo, não temos nada que nos ligue.- procurei ser o mais enérgica possível mesmo sem energia nenhuma.

- Você sabe que temos.- ele se levantou e ligou o DVD, a tela esteve escura por mais ou menos dois minutos, Ryan veio em minha direção e tirou a bandeja do meu colo e colocou no chão, logo depois foi para trás da poltrona e então fui surpreendida por uma densa corda que me amarrou com força a cadeira.

-Por que está fazendo isso?

-Porquê vamos ver até o final.- sua voz era branda, não gostei do que poderia ter naquele DVD.

-O que tem ai?

-Como eu disse querida, apenas a verdade. - seu olhar era tranquilo, ele se apoiou na televisão e tirou um controle remoto do bolso de sua calça Jeans ele apontou o controle para a televisão e pausou o vídeo logo que o título iria subir, o fundo era preto e pude ver as letras começarem a rolar de baixo para cima, não pude ler o que estava escrito, apenas o começo das letras apareciam, eram brancas, parecia um vídeo daqueles feitos em casa, aqueles que você "picota" vários vídeos e os encaixa em um só com uma edição caseira, suspeitei que não seria um maravilhoso vídeo de família, ele não disse nada sobre o conteúdo do vídeo, o que ele era, pra quê era e porque eu tinha que ver aquilo, seria uma tortura? eu não soube dizer bem, na verdade deixar minha mente rolar solta já era um tipo de tortura, ele sabia disso, me olhava em total silêncio, ele sabia que minha mente era minha pior prisão, a pior arma que ele podia usar contra mim era me deixar navegar em meus pensamentos. Será que ele me mostraria como torturou outras garotas? as promessas que ele fez a elas? talvez as imagens de suas prováveis diversas camas com outras pobres garotas que não resistiram ás suas torturas , ou que não foram suficientes para seu desejo maniaco de perfeição, que não atingiram o "objetivo" seria isso? seria um vídeo sobre amedrontamento? ele sabia que minha vida não era mais interessante então com certeza a ameaça não era a morte, ele tinha algo pior que isso em mente, Ryan é esperto e um estrategista, ele lê nas entrelinhas, lê até mesmo o que não está escrito, Ryan era o tipo de gênio atado á um psicopata, como se um fosse a sina do outro.

-Ryan o que tem neste vídeo e por que ele não começa logo?- minha voz ficou tremula, melhor para mim seria que a tortura começasse logo, a espera alimentava minhas expectativas negativas e meu medo do por vir. Ele ficou em silêncio, olhando para mim em total serenidade, aquela serenidade, aquela frieza, com certeza o conteúdo do DVD passava por sua diabólica mente e ele não tinha nenhuma emoção com aquilo, o que me preocupava, o que afinal de contas faria Ryan ter algum tipo de sentimento real? Aquilo que ele mostrou á minutos atrás deveria ser um tipo de alter ego que ele tem dentro de si, um alter ego que sente amor e também misericórdia, mas esta criatura na minha frente não possuía um coração dentro de si, não tinha nada. -Ryan fale alguma coisa!- minha voz se elevou, mas eu ainda não tinha forças para gritar, ainda me sentia muito fraca. -Ande Ryan, eu mereço saber depois de tudo o que você me fez passar, depois de ter destruído minha vida e a de outras pessoas eu mereço uma simples explicação!- algumas lágrimas rolaram em meu rosto durante a frase, o pesar daquelas palavras trazia com elas minha dor, o que me tirava o sono, e as imagens rolavam em minha mente como um flash back cruel que eu não podia parar.

-Não chore, não é momento para choro, como eu disse, hoje iremos aprender algo muito importante querida, hoje tudo, tudo fará sentido para você e você vai conseguir entender o porquê de tudo e não vai mais precisar me perguntar isso. - ele ainda estava sem expressão, não sei se em algum momento durante aquela execução ele iria ter, eu engoli em seco e então ele novamente apontou o controle para a tevê, mas antes de apertar qualquer botão ele se aproximou de mim e se sentou no chão da mesma forma que antes. -Agora é a hora, acho que você está pronta querida.- ele apertou play e o título apareceu finamente na tela "A verdade".

A mulher perfeita Where stories live. Discover now