Capítulo XIV - Três por Um - Narrado por Gustavo, Jess e Jonas

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Narrativa Gustavo

Aquela reunião estava levando mais tempo do que eu jamais imaginaria, e para piorar seria quase toda a semana, a discussão sobre alguns pontos no meu artigo final estava cada vez mais longe de acabar.

- Entendeu Gustavo? Não conseguia me concentrar

- Oi? Ah, claro! Acabamos? A aflição nos meus pensamentos me assustava cada vez mais, o que era esse tipo de sensação.

- Se essas forem suas dúvidas, acho que por hoje já chega! Ele recolheu alguns papeis que estavam espalhados na mesa e juntou todos na minha pasta e me entregou.

- Muito Obrigado Sr. Robson, nos vemos na semana que vem? A pergunta foi meu retórica eu sabia que tinha que vê-lo novamente, mas naquele momento eu não estava em meu estado normal, a imagem do menino ainda não tinha desaparecido da minha cabeça, e toda aquela situação estava me desconcertando.

Narrativa Jess

Naquele momento eu tinha apenas que sobreviver, minhas pernas não estavam sobre o meu controle, era como tentar andar com pernas feitas de gelatinas, toda essa tensão me consumia muito, tinha horas que eu só queria era enfiar a cara na minha cama e não sair de lá nunca mais, descansar eternamente, mas tinha uma coisa que sempre me dava fé para seguir, amanhã seria diferente.

A imagem dele se formava na minha cabeça, toda aquela atenção desnecessária sobre ele, o professor acusador tentando fazer dele um mártir, vê-lo recolhido daquele jeito, tudo isso era novo para mim, não sabia exatamente o que estava fazendo, minha atitude foi meu que no impulso, senti que tinha a necessidade de protege-lo, aquele tipo de instinto nunca tinha se manifestado, até mesmo quando minha namorada estava do meu lado, eu não tinha aquele tipo de sensação, aquele menino todo encolhido com medo de falar alguma coisa errada, e com aqueles olhos verdes, tudo isso me fez delirar.

"Para de pensar besteira Jess, a única coisa que você não tem é tempo, apesar que nas últimas horas ele tem me ajudado bastante, não pessoalmente, mas ele ainda estava presente na minha mente".

Narrativa Gustavo

A casa estava silenciosa, o medo me dominou no primeiro instante, nunca tinha ficado naquela situação, mas logo percebi que poderia ser uma coisa boa, posso tirar proveito dessa situação, pensando bem toda essa coisa de Cintia não estar em casa, não poderia ter vindo em um momento melhor, sendo que a mesma só me dava ordens e nem teria alguém para ficar gritando comigo, por deixar as coisas em cima da cama ou quando deixo as coisas jogadas no chão, ou quando manda colocar roupa, isso estava melhor que eu poderia imaginar, folga da Cintia e suas ordens.

Coloquei no canal onde estaria passando o jogo, e caminhei até meu escritório, tinha que atualizar as informações que tinha pegado com o Sr. Robson, antes mesmo que eu esqueça, e também teria que ligar para remarcar algumas reuniões, e pegas as documentações das que eu teria mais tarde.

Em um canto estava uma pasta vermelha bem escura, geralmente aquele canto havia somente as coisas da Cintia, e suas coisas de advocacia entre outras, mas aquela pasta me chamou atenção, nela continha o nome do lugar que realizou o Buffet da minha festa de aniversário.

Em primeiro instante não dei muita bola, somente depois de retornar para a sala onde o jogo ainda estava 0x0, quando a ficha realmente caiu.

Peguei a pasta e disquei o telefone que havia no cartão de visita, não demorou para que voz feminina atender.

- Alô?

Narrativa Jonas

A presença dele, estava me sufocando, ficar no mesmo local que ele me tirava do sério, e não compreendia o porquê desse sentimento, ele me fazia ter sentimentos que nunca havia sentido por ninguém, claro que já tive alguns lances com algumas pessoas, mas com ele estava sendo diferente, primeiro que ele era homem, ou talvez tudo isso derivasse da nossa amizade, tínhamos um elo muito forte, do qual me orgulhava.

- Jonas, o estamos fazendo aqui? A voz dele, sempre era doce, como se por mais que o mundo esteja um caos ele jamais levantaria a voz.

- Os meninos chamaram para descermos para nada no rio, então pensei que podíamos ir, vai ser bem legal... Ele sinalizou com a cabeça afirmando que tinha entendido o que estava fazendo ali, e continuo caminhando ao meu lado.

- Será que está muito longe? Mesmo estava um pouco atrás compreendi sua frase, seu semblante de cansaço era evidente, e nem podia julgar o lugar era meio distante.

- Não, já estamos quase chegando, aguenta que garanto que você vai se apaixonar pelo lugar... Avancei mais um pouco no caminho, mesmo sabendo a distância, aquele lugar ia surpreendê-lo.

O grito de espanto ecoou por toda a área, girei meu tronco para trás e percebi que ele estava caído ao chão, alguma coisa havia acontecido, corri até ele e vi que sua mão segurando firme a sua perna.

- O que aconteceu J.P? Me apoiei nos meus calcanhares e tentei avistar o que de fato tinha acontecido.

- Acho que alguma coisa me mordeu, está doendo muito... Ele segurando forte e constante a perto de onde seria a mordida.

- Você viu o que era, se era cobra, aranha? Percorri meus olhos para perto do local para ver se achava o que teria acusado aquela situação, talvez o animal ou inseto tivesse algum veneno mortal.

- Acho que foi uma aranha... Seus dedos foram apontados para a pequena aranha que estava a menos de um metro de distância de onde ele estava sentando.

- Você consegue se levantar, ou até mesmo andar? Aquilo tinha sido uma péssima ideia, sabia que tinha que ter vindo ver o local antes, uma coisa que eu sabia era que ele não tinha muita sorte, tudo o que poderia acontecer com ele, aconteceria.

- Sim, acho que sim... Mesmo se apoiando na perna onde tinha levado a pica, ele não se manteve nem dois segundos de pé, e seu corpo foi ao chão.

- Pronto! Calma, segura no meu ombro que eu vou te ajudar a sair daqui... Seu toque no meu ombro me deu novas sensações, não tinha muito tempo, peguei a aranha na mão, e levei ele ao hospital mais próximo, vai que era uma coisa mais grave.

- Me desculpa, por estragar o seu dia... A voz dele sobrecarregada de pesar, sabia que ele era diferente, ele sempre foi mais tranquilo e eu o mais maluco da nossa convivência, e vê-lo se desculpando me estava deixando mal, pois sabia que a culpa era cem por cento minha, mas que ideia também.

- Não precisa se desculpar seu bobo, você não estragou nada! Minha mão foi de encontro com sua testa, e comecei acariciar sua pele, aquela reação nunca tinha me passado pela cabeça, aquilo estava estranho, simplesmente pelo fato de sermos do mesmo sexo.

- Odeio aranhas, aquelas perninhas, aqueles pelos... Sinto que ele se arrepiou só de falar no pequeno invertebrado, disse ele rindo.

- Aquele não é meu tipo de inseto preferido... Apesar dele estar com dor rimos de toda aquela sensação.

O som da buzina me fez despertar daquela pequena lembrança boba, o via como um irmão que eu nunca tive, nós sempre tivemos esse tipo de relação, de irmãos, amigos, melhore amigos.

Voltei a minha atenção ao trânsito, queria esquecer, mas algo dentro de mim, pedia por ele, não pude negar que as palavras deles hoje, estavam me fazendo ficar nervoso, não gosto de outra pessoa se aproveitando dele, vi em seu olhar quando aquele menino passou, algo não estava bem.

O que eu vou fazer, o que seria da gente, as lembranças ainda estava recente daquela nossa pequena aventura, aquilo ainda me tirava sorrisos, no final ele só tinha tomado uma injeção, no qual ele reclamou bastante, mas no final tinha dado tudo certo.

Eu sabia que J.P era um guerreiro apesar de tudo o que ele passou, sempre desejei que a felicidade permanecesse sempre em seu caminho, e estar com ele me fazia feliz também, mas eu tinha muito medo, medo de magoar ele, e acabar perdendo alguém muito importante para mim, no final não queria arriscar perder nossa amizade de anos, por conta de algo que eu não saberia explicar ainda. 

Me apaixonei por você- Romance GayWhere stories live. Discover now