"Não me escapas..."

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Pela primeira vez em alguns dias levantei-me a horas de ir para as aulas

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Pela primeira vez em alguns dias levantei-me a horas de ir para as aulas. Hoje não me custou tanto como noutros dias. Arranjei-me e saí do quarto. Dei apenas com o Rick sentado à mesa do pequeno almoço. Olhei para ele e revirei os olhos. Ia sair sem dizer absolutamente nada. 

"Bom dia para ti também, pequena."

"Vai-te fuder, Rick! Pequena o caraças! Só tens mais oito anos que eu." 

"Diane!" Elevou o tom para mim. "Não me faltes ao respeito! Eu sou teu padrasto." Eu ri-me na cara dele. 

"Eu não te devo respeito nenhum!" Virei-lhe as costas. 

"Volta aqui!" Levantou novamente a voz. "A não ser que queiras que eu diga a tua mãe até que horas estiveste na rua ontem." Eu parei, voltei a olhar para ele. 

"O que é que queres?" 

"Só falar contigo." 

"Sobre o quê?"

"Eu compreendo que não te sintas bem com toda esta situação. Mas eu sou feliz com a tua mãe, e a tua mãe é feliz comigo... assim como tu és feliz com o tal rapazinho que te veio trazer a casa..." Sorriu. 

"Como é que tu sabes quem me veio trazer a casa?" Perguntei, com uma expressão, no mínimo, desconfiada. 

"Eu tinha ido à garagem buscar uma mala de que me tinha esquecido no carro... vi-vos na entrada, através da porta... É o teu namorado?" 

"Não." 

"Estavam a beijar-se, pelo menos..." 

"Não... viste mal."

"Seja como for... pareciam muito íntimos..."

"O que é que tu tens a ver com o meu nível de intimidade, seja com quem for?"

"Tenho muito... a partir do momento em que tu não queres que a tua mãe saiba...Por isso é bom que andes na linha minha menina... se não isto aqui em casa vai começar a parecer-se com um quartel general, para ti..." Piscou-me o olho. 

"Como queiras..." Idiota! Virei-lhe as costas de novo e saí. 

Hoje... logo hoje, o meu metro tinha de atrasar... quer dizer, não foi o metro que atrasou, fui eu que cheguei mais tarde e já não consegui apanhar o do costume, tive de apanhar o seguinte. Olho freneticamente para o relógio enquanto ele não chega. Finalmente chegou, e eu só queria que a viagem demorasse menos do que é costume para compensar os 5 minutos que já perdi. Saí na estação de sempre, e lá está ele... encostado à parede, com o casaco preto, o gorro na cabeça, a fumar um cigarro. Ainda não me viu por eu estar disfarçada por entre as outras pessoas que saem do metro. Parece pensativo... para não variar. Está a olhar para baixo. Não deu por mim a aproximar-me e tive até de ficar durante alguns segundos parada à sua frente antes que desse pela minha presença. Finalmente levantou o olhar, e olhou diretamente nos meus olhos. Sorriu. 

Outro copo de amor, por favor (#wattys2016)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora