Capítulo 76 - Responsabilidade

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*Ariana

Com as mãos de Andrês presas nas minhas, minha pedra de rubi voltou a brilhar reabastecendo meus poderes sobre os elementos.
- Uou, o que é isso? Senti uma onda de poder. Exclamou Andrês me olhando surpreso.
- Ah, você sentiu? É o poder de Aurór canalizado para mim pela pedra rubi. Expliquei.
- Então você pode compartilhar esse poder?
- Pelo jeito sim. Respondi apertando a pedra em meu peito.

A alguns passos a nossa frente Jinta limpava o sangue que escorria de sua boca.
- Preparada? Perguntou Andrês.
- Sim.
- Eu tenho um plano, mas vou precisar de uma distração.
- Quer que eu o distraia? Perguntei.
- Isso. Preciso que o faça para que eu possa envolve-lo em uma bola de ar, cortando assim o oxigênio combustível do seu fogo. Explicou.
- Então eu vou na frente. Falei soltando de sua mão.
- OK. E não se preocupe que eu te dou cobertura.
- Conto com você. Respondi indo para mais perto de Jinta.

- Vocês vão pagar por isso. Disse o tenebris cuspindo sangue.
- Eca! Não dá para ser mais educado não? Zombei tentando irrita-lo para que sua atenção ficasse apenas sobre mim e assim Andrês pudesse realizar sua parte do plano.
O tenebris riu por um momento.
- O que é tão engraçado fogueirinha? Falei olhando de esguelha para Andrês.
- As suas tentativas vãs de me distrair. Disse ele com sorriso perverso no rosto.
- Quem quer te distrair, oh babaca? Eu sou perfeitamente capaz de acabar com a sua raça. Falei formando um chicote de àgua.
O sorriso do tenebris morreu, mas ele não perdeu a compostura.
- Pensa que eu não percebi o seu joguinho? Você princesinha me distrai, enquanto seu amiguinho me ataca. Se vocês acham que vai ser tão fácil assim estão muito enganados. Gritou o tenebris apontando o dedo para nós.
Meu coração acelerou. Como ele descobriu tudo tão facilmente? Será que eu era tão fácil de ler assim?
Mas eu não iria ceder.
- E o que você vai fazer? Vai fugir com o rabinho entre as pernas? Zombei.
O tenebris abriu um sorriso para mim.
- Já que você quer minha atenção, ela é toda sua! Disse o tenebris erguendo as duas mãos para cima e revestindo de uma vez todo o seu corpo com chamas negras.
Formei um escudo de terra com duas camadas. Ele ficaria mais resistente porém bem mais pesado. Com a minha força física normal seria difícil carrega-lo, mas a pedra rubi além de aumentar o meu poder sobre os elementos, aumentava também a minha capacidade física me permitindo assim carregar esse escudo.
O tenebris começou a jogar bolas de fogo. Meu escudo aguentou duas e partiu. Lancei o pedaço que sobrou em minha mão na direção do tenebris que desviou por reflexo o que fez com que mudasse a trajetória da bola me permitindo escapar dela. Pelo jeito, ela já podia ver de novo.
Assim que viu seu erro o tenebris lançou três bolas seguidas. Com uma cambalhota e um rolamento escapei de duas, porém a outra estava vindo em minha direção e eu estava ainda me levantando. Uma rajada de vento jogou a bola de volta para o tenebris. Era a cobertura de Andrês.
Enquanto o tenebris se distraía com seu próprio elemento lançado sobre si, obeservei que a faca que eu usara e ainda estava manchada pelo meu sangue, se encontrava a poucos centímetros. Corri até lá e escorreguei-a para o cinto do vestido.
Agora a questão era como usá-la. Eu duvidava que ele cairia no mesmo truque duas vezes. Eu tinha que arranjar um jeito...
Jinta começou a atirar lanças negras o que me deu uma idéia.
Desviando de suas lanças, formei pequenas facas de gelo que se desintegraram em seu escudo de fogo.
O tenebris riu desdenhosamente.
- Idiota! Nenhum elemento pode atravessar meu escudo.
- É mesmo? Falei lançando mais facas de gelo.
- É inútil. Falou o tenebris abrindo os braços sem medo de ser atinjido.
Era disso que eu precisava. Com um pequeno gesto tirei a faca de meu cinto e atirei junto as de gelo.
A faca o atingiu direto na coxa. Ele olhou surpreso para a ferida como se não acreditasse no fato de que fora atingido. Então soltou um berro de dor e voou para fora de meu alcance. Suas chamas se dissiparam no ar.
- Andrês agora! Gritei.
Mas ele já estava no ar formando a bola em volta do tenebris.
- Agora você está preso. Disse Andrês para o tenebris. Esse por sua vez tentava acender seu fogo, mas só conseguia uma chaminha pequena.
- É melhor parar com isso ou vai ficar sem ar. Alertou Andrês.
De repente um vento cortante desfez a bola de ar de Andrês e de quebra lançou Andrês ao chão.
Corri para ele.
- Andrês! Chamei preocupada me ajoelhando ao seu lado.
Ele se sentou.
- Eu estou bem. Disse se pondo em pé.
- O que aconteceu? Perguntei preocupada
- Ele aconteceu. Disse Andrês apontando para o céu cada vez mais escuro.
Olhei para aquela direção e vi Anêmone. Seu rosto iluminado pelos raios que riscavam o céu parecia ainda mais terrível.
- O que ele faz aqui? Onde está o Linus? Perguntei preocupada me lembrando que ele é quem lutava com Anemone.
- Estou aqui. Respondeu uma voz por trás de nós.
Nos viramos, Linus vinha caminhando com a mão na barriga.
- Linus! Gritou Andrês correndo em socorro de seu tutor.
Fui para perto deles.
- Me desculpem. Eu o deixei fugir. Disse Linus com dificuldade.
- Esquece isso senhor Linus. O senhor está ferido. Falei tirando a mão dele da ferida.
Fiquei chocada. Ele estava sangrando muito e o corte era profundo.
- Ele me apunhalou em um momento de distração. Justificou Linus.
- Preciso curá-lo imediatamente. Disse eu preocupada.
Linus segurou minha mão e negou com a cabeça.
- Vossa majestade acha que ele vai ficar parado esperando? Perguntou ele apontando para Anemone.

Anemone estava parado ao lado de Jinta que já havia tirado a faca da perna.
- Você ainda está vivo velho? Zombou Anemone rindo de Linus.
- Cala a boca maldito! Gritei indignada.
- Calma fedelha, sua hora já vai chegar, afinal você é nosso alvo principal, depois da rainha é claro.
- Seu... Ameacei, mas Andrês me deteve.
- Cuide de Linus. Eu vou impedi-lo com minha barreira. Disse Andrês formando um escudo de vento a nossa volta.
- E você acha que sua fraca barreirinha vai me deter mestiço? Zombou Anemone.
- Acho. Respondeu Andrês sem titubear.
Anemone sorriu para ele como se estivesse satisfeito com a resposta de Andrês.

- Anemone. Minha perna está ferida e eu não posso andar. Reclamou Jinta apoiando-se no braço de Anemone. Ambos haviam pousado poucos metros a nossa frente.
Anemone se virou devagar para o companheiro.
- Voe, rasteje. Não importa. Já fiz muito em te ajudar, não espere segunda. Disse Anemone empurrando o outro que caiu ao chão.

- Ariana aproveite a discussão deles e vai curar Linus.
Antes que eu pudesse me mexer, Anemone abriu as asas e voou como um raio parando aquém da barreira de Andrês
Ele abriu um sorriso e cruzou os braços.
- Faça o que tem que fazer. Eu espero. De qualquer jeito, nenhum de vocês sairá daqui vivo. Disse ele zombeteiro.
- Você vai se arrepender de dizer essas palavras. Rosnei.
Andrês segurou firme em meu braço.
- Ariana, vai! Ordenou Andrês serio.
Puxei meu braço com rispidez e corri para Linus. Posicionei minhas mãos sobre o ferimentos e iniciei os procedimentos ensinados por vovó Ka.
Em alguns minutos consegui fechar o ferimento superfícialmente, mas algo me impedia de cura-lo totalmente.
- Linus... Comecei em tom de desculpa.
Linus pousou sua mão sobre minha.
- Ele usou uma espada com magia negra. Explicou Linus.
Nessa hora uma chuva torrencial despejou sobre Aurór. Os gritos de pavor dos faes lá embaixo aumentaram ainda mais.
- Lembre-se que aqui em Aurór é sempre primavera e verão. O máximo que eles viram é uma chuva fraca. Essa tempestade é mais do que assustadora para eles. Justificou Linus.

- Acabou o tempo de vocês. Disse Anemone quebrando a barreira de Andrês com um gesto de sua mão e levantando vôo logo em seguida.
- Quando eu correr para a frente você puxa Andrês para trás. Pediu Linus cochichando em meu ouvido.
- OK. Concordei.
Linus correu para frente enquanto eu puxava Andrês.
Com o seu poder da terra Linus arrancou pedras e as lançou em Anemone.
Uma delas acertou em sua asa. Pego desprevenido, Anemone dispencou no pátio lá embaixo.
- Isso foi incrível! Disse Andrês correndo para Linus.
- Eu cuido dele e você cuida do outro. Disse Linus criando um cipó que ia até o pátio.
- Ariana, convença o povo a lutar. Continuou Linus.
- Mas como? O senhor mesmo disse que esse povo não é de luta.
- Sei que eles lutarão por sua terra. Convensa-os, agora eles são sua responsabilidade. Afinal, vossa majestade é a rainha.
- Mas...Tá certo. Eu prometo que vou tentar. Garanti.
- Tenho certeza que vai conseguir. Disse ele e com um aceno escorregou cipó abaixo.
Fiquei olhando o ponto em que ele estivera enquanto a chuva encharcava o meu rosto.

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora