Capítulo 51 - Ela é fogo

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*Andrês

Nos colocamos em posição de defesa.
Os irmãos ficaram ali parados a nossa frente, sem fazer nada. Ou era o que eu pensava.
O ar ao nosso redor começou a esquentar terrivelmente.
- É impressão minha ou está ficando mais quente. Cochichou Ariana.
- Ah, vocês perceberam? Riu debochada Virginia.
- Resolvemos esquertar um pouco as coisas.
O calor estava ficando insuportável.
- Vocês escolheram o lugar errado para me desafiar. Gracejou Ariana.
- Por quê, franguinha? Provocou a tenebris ruiva.
Ariana se emperdigou ofendida.
- Estamos do lado de um rio e eu sou usuária de água. Falou Ariana levantando uma parede de água e a lançando em direção aos irmãos. Eles nem se mexeram, antes da água os tocar ela evaparou completamente. Ariana soltou um palavrão incorformada.
- Olha a boca. Seu pai não te educou não? Zombou a fae ruiva.
- Eu vou te ensinar a falar do meu pai! Disse Ariana furiosa.
A segurei impedindo de partir para as vias de fato.
- Me solta. Rosnou ela.
- Calma Ariana. Eles são faes, você não vai conseguir ganhar deles no tapa. Pedi.
Ariana se acalmou um pouco considerando minha afirmação razoável.

Era minha vez de tentar. Formei minhas lâminas de vento e lançei em direção a eles. Rapidamente eles fizeram uma barreira de fogo que aumentava cada vez que uma lâmina de vento o atingia.
- Obrigado por alimentar o nosso fogo. Riu o fae louro.
É claro o oxigênio contido nas minhas lâminas abastecia o fogo. Pensei comigo.
- Não adianta. Nós dois juntos somos invencíveis. Riu a fae ruiva.
- É mesmo? Então tudo que temos que fazer é separar vocês dois. Respondi a mesma altura.
- É? E como vocês mestiçozinhos fracotes, pretendem fazer isso? Riu Cassius.
- Pode crer que nós vamos dar um jeito. Eu só preciso tocar em suas testas e posso retirar seus poderes sobre o fogo para sempre. Revelou Ariana levantando o dedo ameaçadoramente para eles.

A olhei feio. Por que ela tinha que contar para eles? Agora não tinhamos mais cartas na manga.
- Você não pode fazer isso. Afirmou Virginia meio insegura olhando de esguelha para seu irmão.
- Lógico que posso. Eu tenho sangue real nas veias. Ariana bateu no braço para enfatizar essa afirmação.
Virginia olhou para seu irmão.
- Ela não pode. Disse Cassius a sua irmã.
- E quanto a Afrodite. Sussurrou a ruiva de volta.
Cassius pegou a mão dela para lhe dar segurança.
Pisquei para Ariana. Ela me devolveu um sorriso. Não é que essa garota conseguiu amedrontar os tenebris. Fiquei surpreso. Confesso.
- Bom não importa os seu poderes. Você nunca conseguirá nos tocar. Disse Cassius.

Ariana perdeu um pouco a postura de vencedora.
Cassius deu uma olhada para o dragão. Entendi que ele devia estar falando mentalmente com ele. No segundo que eu olhei para trás a fera já estava abrindo a boca. Fechei minha mão na camisa de Ariana e a puxei pra mim e pulei no rio, no exato momento que o dragão soltou uma rajada de fogo. Senti uma quentura e uma dor na costa antes de mergulhar na água. Permaneci abraçado com Ariana por alguns segundos antes de subir a superfície.
- Nada disso, Brutus. Disse Mercúrio repreendendo o dragão. A fera abaixou a cabeça como se estivesse arrependida.
- Ei não vale usar o dragão! Gritou Ariana ainda dentro do rio para os faes.
- Quem disse que não pode? Respondeu Virginia.
- Não se preocupem. Brutus não irá mais atacar. Afirmou Mercúrio.
- Deixa de ser estraga prazeres, velho. Interveio Cassius.
- Você vai me desafiar Cassius? Pergurtou Mercúrio com olhar altivo.
- Não ele não vai. Afirmou Virginia puxando seu irmão.
- Nós vamos continuar com o plano. Não é irmãozinho? Continuou ela.
Cassius concordou com a cabeça.
- Assim é melhor. Respondeu Mercúrio.
- Humm. Pau mandado. Caçoou Ariana.
- Shiiu Ana. Sussurrei.
- Não faz shiu para mim. Irritou-se Ariana.
- Ana, não chame a atenção pra você. Deixe-os brigar entre si. Vamos aproveitar esse tempo para bolar uma estratégia. Cochichei no ouvido dela.
- O que você está pensando?
- Precisamos separa-los... Antes que terminasse de falar, fomos cercados por um círculo de fogo que flutuava ao nosso redor. Ariana se encolheu para perto de mim, abraçei sua cintura.
- Olha só irmãozinho. Pegamos os pombinhos. Disse Virginia
- Vamos cozinha-los em fogo brando.
- Melhor fogo alto. Opinou Cassius com uma gargalhada cruel.
- Droga Andrês! Isso ta ficando quente. Eu não consigo esfriar rápido o bastante. Gritou Ariana com a mão sob a água.
Sem dizer nada a peguei e voei escapando do círculo de fogo.
Os irmãos privados momentaneamente de sua diversão macabra, abriram suas asas que eram de um vermelho cintilante, e nos seguiram.
- Saindo tão cedo? Zombou a tenebris.
Eles começaram a tacar bolas de fogo em nossa direção e riam sem parar enquanto faziam isso, eu broqueava com meu escudo de vento.
- O escudo não vai aguentar muito tempo. Murmurei para Ariana. Eu suava sem parar, o ar estava quente como se tivessemos enfiado a cabeça dentro de um forno.
- Você não pode fazer aquele seu furacão? Disse Ariana tentando atacar com água que se evaporava antes mesmo de chegar aos irmãos.
- Não, a não ser que você queira ficar no centro de furacão de fogo.
- Não obrigado. Respondeu ela.
O escudo estava começando a falhar.
- Por que você não atira suas lâminas de vento. Questionou ela.
- Porque o oxigênio contido nelas alimenta o fogo deles. Respondi tentando reparar o escudo.
- O que os vermes estão cochichando aí? Gritou a ruiva jogando mais bolas de fogo.
- E... E se você tirasse o oxigênio. É possivel? Perguntou Ana ignorando a fae.
Fiquei pensando nessa hipótese por alguns segundos. Ariana me dava cobertura com tentáculos de água que mantinham os irmãos ocupados mesmo que por pouco tempo, enquanto eles os fazia evaporar.
- E então? Insistiu Ana.
- Até é possível, teoricamente. Respondi pensando nas aulas com Linus.
- E por que não faz?
Olhei para ela torcendo a boca.
- Não sei se consigo e as lâminas serão menores se eu conseguir. Falei consertando mais uma rachadura no escudo de vento. Parte do fogo que entrou na barreira, passou raspando na cabeça de Ariana.
- Filhos da mãe! Gritou para os tenebris, depois se virou para mim - Não importa o tamanho, eu tenho certeza que você consegue. Disse ela olhando fixo em meus olhos.
Minha confiança aumentou com aquelas palavra.
- Acha que consegue fazer uma barreira? Eu só preciso de alguns segundos. Pedi a ela.
- Mas minha barreira vai evaporar....
- Não. A interrompi - Não uma barreira de água, uma de terra. Acha que consegue erguer uma do chão até aqui? Perguntei.
- Consigo.
- No três. Disse ela - Um. Dois. Três. Já.
Desfiz minha barreira e Ariana ergueu a dela. Me concentrei em fazer lâminas sem oxigênio. Os faes começaram a atirar rochas com fogo na barreira de terra de Ariana que começou a rachar.
- Toma isso seus imundos. Gritou Virginia.
- Rápido Andrês. Afrigiu-se Ariana.
-Um segundo.
Antes que pudesse responder a sua barreira foi quebrada. Dei uma guinada para cima escapando da rocha de fogo e atirei duas lâminas de ar.
Eles levantaram uma barreira de fogo, mas ao contrário das outras vezes minha lâmina a atravessou.
A tenebris ruiva riu, seu irmão não.
- Acertei! Gritei dando um soco para o alto, minha outra mão continuava firme segurando a cintura de Ana para mantê-la no ar.
Minha lâmina acertara o braço de Cassius.
Ele soltou um gemido de dor chamando a atenção de sua irmã.
- Irmão! Gritou ela segurando o braço dele. Ele a afastou.
- Estou bem. Foi de raspão. Resmungou ele.
- Vocês vão pagar por isso! Gritou a ruiva.
- Essa é a hora. Vamos separa-los. Cochichou Ana - Eu fico com a ruiva.
- Ah, Ana. Você não voa. Expliquei-lhe.
- Quando ela vier atrás de mim você me põe no chão.
- Mas... Tentei.
- Ei sua ruiva desbotada. Você é a fae mais feia que eu já vi. E ainda tem que ser defendida pelo irmão. Gritou Ariana para a ruiva.
"Ela não vai cair nessa". Pensei comigo.
Mas eu a superestimei. Gritando de raiva ela veio voando em direção a Ariana deixando seu precioso irmão para trás. O problema é que ela deu um potente soco em Ana que a tirou dos meus braços e a jogou com tudo no chão. A sorte é que Ana caiu sobre um arbusto.
A tenebris a seguiu.
- Ana! Gritei com intensão de segui-la também, porém, uma parede de fogo se interpôs na minha frente. Claro que Cassius não me deixaria interferir. Refiz meu escudo de vento e ele o de fogo.
Lá embaixo Ana tentava recuperar o fôlego. Virginia a pegou pelos cabelos.
- Agora sou eu e você. Disse a tenebris a olhando com raiva.
- Ótimo. Respondeu Ana lhe dando uma cabeçada.
A tenebris cambaleou para trás com a mão sobre o rosto. Quando tirou pude ver que seu nariz estava em ângulo estranho e pingava sangue.
- Você quebrou meu nariz! Urrou a tenebris rubra de fúria e dor.
- Você não achou que eu ia deixar barato o soco que você me deu, né? Zombou Ariana se endireitando.
- Maldita! Você vai pagar por isso. Gritou tenebris alçando vôo.
O fogo da tenebris se fechou em volta de Ariana num circulo menor do que antes e mais intenso. Ariana tentava apagá-lo desesperadamente com água, mas essa se evaporava muito rápido. Ariana então tentou estingui-lo com terra, porém a tenebris fazia o fogo crescer cada vez mais.
- Eu posso gastar cada grama de minha energia, mas eu acabo com você. Falou a tenebris.
Ana suava profusamente. Ela ergueu os olhos suplicantes para mim.
- Andrês! Gritou em busca de ajuda.
Tentei ir em sua direção, mas Cassius não permitiu. Começou a atirar bolas de fogo. Eu tive que me defender.
- Droga! Praguejei - Ana! Gritei impotente enquanto o círculo virava uma bola e se fechava sobre sua cabeça.
Virginia ria histericamente. Quando eu pensei que tudo estava acabado, uma abertura surgiu no circulo de fogo e Ana passou por ela.
Todo ficamos perplexos.
- Como você saiu? Perguntou Virginia nervosa.
Ana olhou para abertura nas chamas.
- Sabe que nem eu sei.
A tenebris soltou um uivo de ódio e lançou uma bola de fogo em direção a Ana. Ana ergueu as mãos e a bola parou a centímetros dela. Todos ficaram atônitos. Até o inespressivo Mercúrio ergueu uma sombrancelha. Quando entendi o que aconteceu, começei a rir.
- Do que tá rindo, idiota? Perguntou Cassius.
O ignorei e olhei para Ana.
- Ana você controla o fogo.
Ariana olhou embasbacada para as mãos. Ao entender o que ocorrera, me deu um sorriso deslumbrante.
- Não, não, não, não pode ser! Ninguém me falou que ela tinha três elementos. Negou Virginia balançando a cabeça de um lado paro o outro.
- Mas como poderiam falar. Nem eu sabia. Zombou Ariana cruzando os braços.
- Isso é impossível! Bradou Cassius.
- Parece que não, você viu com seu próprios olhos. Gracejei.
Virginia começou a tacar bolas de fogo. Ana as desviava mandando de volta, menos uma que a acertou na perna. Ela gritou de dor.
- Não se preocupe irmãzinha. Ela pode ter poder sobre o fogo, mas ela tem bem menos controle do que você. Gritou Cassius.
- Cala boca! Falei atirando algumas lâminas sem oxigênio.
Virginia fez surgir vários braços de fogo para atingir Ana. Ela apenas se defendia com uma rala barreira de fogo. O tenebris tinha razão. Ariana não sabia controlar seu mais novo poder.
Virginia deu um potente soco de fogo que desfez a barreira de chamas de Ana. A irmã de Cassius sorriu e fez surgir um enorme punho de fogo. Quando vi que Ana estava atordoada pelo ataque anterior, e que irremidiavelmente seria atingida, joguei meia dúzia de lâminas de vento em Cassius, aproveitando a distração, tirei um pouco da velocidade de punho de fogo de Virginia. Mesmo assim Ana foi atingida e caiu rolando pela grama. Refiz minha barreira de vento, Cassius pôs fogo nela.
- Aí também tem oxigênio! Riu Cassius. Desfiz a barreira, mas aquilo me deu uma ideia. Joguei outras lâminas nele e refiz a barreira agora sem o tal gás.
Lá embaixo Ana estava caida. Virginia se aproximava devagar, curtindo o momento. Olhei preocupado para Ana, porém ela mexeu as pálpebras. Ela não estava desmaida, estava fingindo. Garota esperta.
Disfarcei um sorriso que quase escapou, não queria que eles desconfiassem.
Virginia se aproximou e se agachou perto de Ana.
- Pobre princesinha fracote e burra. Zombou Virginia pensando que Ana estava desacordada.
Em um movimento rápido, Ana deu um chute no estômago da tenebris e uma rasteira em seguida a derrubando. Antes que tenebris se recuperasse Ana se agachou e puxou Virginia pelos cabelos aproximando seu rosto do dela.
- Vamos ver quem é a fracote. E deu um gancho de direita direto no queixo da tenebris. Está desmaiou na hora. Ana fez um joia para mim.
Cassius urrou enfurecido e começou a descer em direção a Ariana. Essa nem se mexeu. Ela confiava em mim.
Essa era a distração que eu precisava.
- Esfera de vento. Recitei.
Uma enorme esfera de vento se formou em volta do tenebris. Versão maior e melhorada da que eu usei no pássaro das terras desoladas.
- Me solte! Gritou Cassius e fez menção de acender o fogo.
- Eu não faria isso se fosse você. Seu fogo vai consumir todo o oxigênio que lhe resta. Avisei.
É claro que ele não me deu ouvidos e acendeu. Fiquei esperando, logo o oxigênio dele acabaria. Lá embaixo Ana realizava o encanto e entregava o fogo de Virginia a Fyri, assim como fez para Afrodite.
O fogo de Cassius se apagou depois de consumir todo o oxigênio de sua prisão de vento. Cassius segurava o pescoço tentando respirar. E então desmaiou. Esperei um pouco para saber se não era fingimento, e então desfiz a redoma de vento. Cassius despencou ao chão. Eu desci ao lado de Ariana.
- Quem foi que disse que eu não podia resolver isso com uns tapas? Riu ela.
- É, você estava certa. Concordei.
- Eu sempre estou certa. Disse ela toda altiva.
- Tá bom. Agora faça sua mágica com Cassius antes que ele acorde.
E ela fez.

- Cara estou sem energia. Avaliei estralando o pescoço.
- Eu também, usei toda as minhas reservas. Disse Ana.
- Que pena. Agora seria minha vez. Disse Mercúrio descendo do dragão.
Levamos um susto. Tinhamos nos esquecidos dele.
Agora sim estavamos ferrados. Sem energia e esse cara parecia ser muito forte.
Então, uma figura desceu do céu e se postou a nossa frente.
O quarto que as centenárias haviam revelado.
- Podem deixar que eu enfrento esse. Disse o recém chegado.
- Linus! Gritou Ariana.
Só então eu vi que quem estava de costas para mim era o meu tutor.
- Linus. Senhor. Falei contente.
- Princesa, Andrês. Cumprimentou Linus com um aceno de cabeça.
- Linus Campbell. Reconheceu Mercúrio - Prazer, Mercúrio.
- Mercúrio. Um dos quatro cavaleiros do rei da Luz? Perguntou Linus surpreso.
- Ex cavaleiro. Corrigiu Mercúrio.
- O que um fae tão nobre faz junto com essa corja de malfeitores? Perguntou meu tutor.
- Tenho uma dívida de vida com o chefe deles. Respondeu Mercúrio.
- Quem é o chefe deles? Perguntou Ana se aproximando do dragão.
Me desliguei da conversa deles e vi que Cassius havia acordado e olhava Ariana com raiva. Depois ele olhou pra sua irmã desmaida, olhou para o dragão e olhou para Ariana.
Quando ele abriu a boca eu já corria em direção a ela.
- Brutussss. Gritou o tenebris.
O dragão então acertou Ariana com o rabo a lançando sete metros pela cachoeira. Pulei e agarrei no ar protejendo o corpo dela com o meu. Eu não tinha mais energia alguma, mas a protegeria com minha vida.
- Amor, eu vou te protejer. Sempre. Falei em seu ouvido.
E nós despencamos cachoeira abaixo.
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Olá pessoal. Espero que tenham gostado. Obrigado a todos que estão acompanhando a historia. Bjss
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A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora