Capítulo 42 - 2° round

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* Ariana

"É hoje".
Eu mal dormira aquela noite de tanto temor e ansiedade. Minha garganta ficava seca por mais água que eu tomasse.

Subi até o galpão enquanto todos ainda dormiam. Ou isso é o que eu pensava, mas vovó Ka já se agitava preparando o café da manhã.
- Já de pé, princesa? Cumprimentou ela me deixando desconfiada.
- P-por quê a senhora me chamou assim? Guaguejei um pouco.
- Assim como? Perguntou sem desviar os olhos de sua tarefa.
- De princesa. O Ângelo te disse alguma coisa? Perguntei cheia de desconfiança.
- Ângelo? Não. Eu costumo chamar as meninas assim as vezes. Por quê, Ângelo deveria ter me contado algo? Disse ela fixando os olhos de um azul quase cinza em mim.
- Nãooo, era apenas uma brincadeira entre a gente. Nada demais. Desconversei rapidamente.
- Entendo. Disse ela, mas não soava muito convencida.
- Por quê levantou tão cedo querida? Continuou ela, me convidando a sentar na mesa junto dela.
Me sentei.
- Tenho um compromisso inadiável. Respondi.
- Entendo. Mas antes tome um café comigo. Ofereceu.
- Tudo bem. Concordei embora meu estômago estivesse meio embrulhado com a espectativa do que viria a seguir no Mar de Prata.
- Ah, vovó Ka, se importa se eu lhe fizer uma pergunta?
- Pergunte.
- A senhora teve treinamento de batalha com o elemento água? Ângelo me disse algo por cima.
- Todos nós temos. Respondeu ela.
- Mas o povo de Aurór não é pacífico?
- Sim, mas precisamos saber nos defender. Disse calmamente.
- De quem?
- Dos tenebris, de animais ferozes e até dos fae das sombras. Antes da guerra que devastou a que agora se chama terras desoladas, os fae eram treinados por seus pais. Depois da guerra foram construídas as academias fae. Durante a guerra nos percebemos que não estamos a altura dos fae das sombras no que se diz respeito a magia de batalha, então foram erguidas as academias para tentar mudar isso.
- Mas se os faes da luz não estavam a altura dos fae das sombras, como não foram derrotados? Perguntei confusa.
- Graças ao senhor da luz e sua guarda real, treinada por ele mesmo. E também, porque ele e a rainha Charlot filha do rei das sombras Oberion, resolveram se casar e assim juntar os povos e acabar com a guerra.
- Funcionou né?
- Mais ou menos. É claro que a guerra acabou, mas os povos não se misturam. Eles não vêm para o nosso território e nós não vamos para os deles. Mas o acordo do casamento contínua impedindo outra guerra. Graças a Fyri. Disse a senhora elevando os olhos para cima.
- Entendo. Disse eu bebericando meu café - A senhora precensiou a guerra?
- Minha filha, eu não sou tão velha assim. Essa guerra aconteceu a mais de mil anos atrás!. Disse ela rindo.
- Ah! Me desculpe pela minha indelicadeza. Disse eu envergonhada.
- Tudo bem. Minha mãe presenciou, na verdade ela e meu pai lutaram na grande guerra.
- Entendi. Disse eu digerindo toda essa informação.

Olhei para fora e me lembrei da luta que viria a seguir. Um frio se instalou no meu estômago me enchendo de ansiedade.
- Bom, acho melhor eu ir. Levantei da mesa.
- E você vai voltar? Perguntou ela segurando minha mão.
- Se tudo der certo, eu volto. Prometi.
- Então que Fyri te guie. Disse ela beijando minha mão.
Me inclinei e beije-a no rosto.
- Obrigada por tudo vovó Ka. Eu voltarei.
Me virei e sai do galpão. Diamante me esperava lá fora.
- Dona. Pensou ele.
- Olá garotão. Chegou a hora de ir. Avisei afagando entre seus olhos.
- Vamos. Disse ele batendo os cascos impaciente.

Parti em direção ao meu destino.

Cheguei ao Mar de Prata e amarrei Diamante a exemplo do outro dia.
Corri para dentro do rio e mergulhei, procurando relaxar um pouco. Ainda era cedo, ia demorar um pouco para aquela megera aparecer.
Mergulhei mais profundamente e encontrei o que eu queria, um cavalo d'água.
- Olá. Cumprimentei.
- Princesa. Respondeu ele com reverência.
- Quem é você? Perguntei observando que ele era muito pequeno para ser Netuno.
- Eu sou Sam.
- Sam, você sabe se Netuno está por aqui?
- Irei chamá-lo, ele estava a espera de vossa alteza. Se me permite, em um minuto ele estará aqui. Disse ele fazendo outra reverência e saindo em seguida.
"Nossa, eu acordei tão cedo e ele já está me esperando! Pensei que ele ainda estaria dormindo. Cavalos d'água dormem? Como será que eles fazem para dormir? Chega. Chega de pensar bobagens." Pensei saindo de meus devaneios.
Senti a presença dos cavalos e voltei para debaixo d'água. Netuno estava vindo e atrás dele vinham dezenas de seres aquáticos do rio.
- Bom dia Princesa. Cumprimentou-me Netuno com uma mesura de cabeça.
- Bom dia. É... Quem são esses que vieram com você? Perguntei olhando dele para o povo ali atrás.
- São todos os que desejam ajudar-te, Princesa da luz.
Revirei os olhos ao ouvir o apelido que Fortíssimo me dera.
- Sério? Valeu galera! Agradeci. Uma avalanche de pensamentos deles invadiu minha mente quase me deixando com dor de cabeça
- Ok galera, um de cada vez se não vocês me deixam louquinha.
Netuno fez um som parecido com o de um golfinho, o que fez com que todos se calassem.
- Desculpe-os alteza. É que estavam ansiosos para conhecer a filha da rainha.
- Nossa estou me sentindo uma celebridade. Brinquei.
- O quê, alteza?
- Nada não. Bobagem minha. Gente, quer dizer, habitantes do Mar de Prata. Eu agradeço a acolhida de vocês. Disse eu tentando um discurso. O que não era muito minha praia.

A filha da rainha - contos dos medium fairy. (Em Revisão) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora