Capítulo 5

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PAI?????? Aquele era o pai dele? Apertei mais a mão de Matheus e o puxei para perto de mim, agora sim estava com medo, eu sentia Matheus tenso. E minha tensão só aumentou eu tremia e chorava. O pai dele olhava nossas mãos juntas, como se tentasse entender o que estava acontecendo, afinal eu não era a namorada dele. Eu soltei a sua mão e virei de lado cobrindo minha barriga com os braços.

Medo. Era o que melhor definia o meu sentimento naquele momento. Provavelmente, o pai de Matheus acreditava que eu era uma vadia qualquer, a outra de seu filho, alguma que ele comeu. E me doía imaginar esse seu provável pensamento, afinal eu nunca quis aquilo pra mim.

Eu nunca me imaginei, deitada em uma cama, com Matheus ao meu lado, com a possibilidade de ter perdido o filho que eu esperava, e que eu amava. Não esperava que um dia, estivesse com o pai dele em pé na minha frente me encarando como se eu fosse um E.T., ainda mais, passar por tudo aquilo sozinha, e com apenas quinze anos.

Passaram-se cinco minutos onde só se ouvia o meu choro compulsivo, até que eu senti as mãos do pai dele erguendo minha bata para examinar a minha barriga, eu tremi mais ainda com seu toque e me deixei chorar.

– Pare, tira a mão dela! – Matheus gritou – Ela ta com medo, você não ta vendo?

– Baixe sua voz ao falar comigo, principalmente depois disso que você fez - falou alto - Minha querida, eu preciso te examinar para ver se a cirurgia que eu executei em você deu certo, não é por conta de um erro de meu filho que eu lhe farei mal. Ele é inconsequente mesmo, já estou acostumado, conversarei com ele e você depois. Mas antes, deixe-me ver como você e meus netos estão.

Netos? Ele bebeu?

– Netos? No plural? – perguntamos eu e Matheus

– Mas esse filho não é de Mathe...

– Claro que é meu! – me interrompeu

– Querida, você já fez alguma ultrassom? – perguntou nos ignorando

– Não, iria fazer semana que vem, porque? Há algo de errado? – perguntei nervosa

– Querida, você estava gravida de trigêmeos, mas infelizmente um deles não resistiu ao aborto espontâneo que você sofreu, por isso a cirurgia. Precisávamos remover o feto, morto, outra menininha. Será um casal, menina e menino.

– Por isso minha barriga estava tão grande, são gêmeos. – olhei para o lado onde Matheus ria alegremente – Olha o que você fez em mim, e agora rir da situação, tu não consegue levar nada a serio né?

– Eu to feliz, certo? Eu vou ser pai! – disse rindo mais

– Você ta louco garoto? Agente tem 15 anos! – falei chocada com sua atitude – E esse filho não é seu!

Eu nem mesmo sei porque neguei novamente, acho que porque ainda tenho raiva de ter visto ele transando com outra na minha frente. E naquele dia eu decidi que o filho seria meu e daria um jeito dele nunca descobrir.

– Júlia, eu lhe conheço o suficiente, para saber que você não é uma vadia que transa com qualquer um – falou serio

– Então porque transei contigo? – perguntei tentando magoa-lo como ele fez comigo

– Eu nunca fui qualquer um pra você, assim como você nunca foi qualquer uma pra mim! – elevou o tom de voz – Você não pode me impedir de assumir meus filhos! – vi que ele chorava – E eu te amo porra! Já lhe disse isso! Eu sempre te amei! Mas você merecia alguém melhor que eu! Por isso peguei tua amiga, porque você me amando era mais difícil! Eu gosto dela, mas não é você, esse é o maior defeito de Marcella! Você era um anjo, e olha o que fiz contigo? Agora ta ai, gravida! Era isso que eu tinha medo, medo de te fazer mal, de te fazer perder aquela pureza que você sempre teve! Medo de te apresentar o mundo que pudesse tirar tua meiguice, tua doçura, eu te amo demais para isso! Pare de me negar meus filhos! Por favor... – sua voz morreu ali e ele saiu do quarto me deixando só com seu pai.

Nem havia notado que o pai dele continuava ali até que ele se pronunciou, falando que meu estado não era grave, mas ficaria em observação até o outro dia. Me pediu para que me acalmasse e disse que conversaria com Matheus e em seguida saiu do quarto enquanto eu tentava absorver o que tinha acontecido aqui, o que Math tinha me falado.

Me senti mal por ter escondido por 4 meses a minha gravidez, por ter negado a ele o direito de saber sobre os filhos dele. Eu me deixei chorar abraçada a minha barriga e adormeci, senti alguém beijando minha barriga e depois minha testa e ouvi Matheus sussurrar, "Eu amo vocês, estarei aqui, para sempre".

Deixei que um sorriso surgisse em meus lábios e dormi, tranquila, apesar de saber que amanhã o dia seria longo, não poderia mais fugir da tão temida conversa com Matheus...

Grávida do Melhor Amigo (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now