My dad's alive

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"O amanhã não está prometido, talvez seja melhor parar de viver por um futuro que talvez nem aconteça"

-[ C A R L G R I M ES ]-

Eu ainda não conseguia enfiar na minha cabeça que eu a havia conhecido antes, uma menina tão frágil que tinha medo de ficar sozinha enquanto esperava a mãe vir busca-la na escola, agora uma garota forte que não tem medo de nada e que faz de tudo para proteger quem ela ama.

Meus olhos estavam abertos mas não quis ver, mesmo quando a resposta estava bem na minha frente. Ela estava bem ali, sentada ao chão com Thomas em seu colo, cantando aquela musica que por muitos dias ficou na minha cabeça, logo quando a conheci recebi a noticia que meu pai havia levado um tiro, cantei essa musica para mim mesmo em silencio por dias.

Logo depois aconteceu o apocalipse e pensei que o havia perdido para sempre, pois ele estava no hospital e Shane dissera que ele havia morrido. E depois de muito tempo admiti para mim mesmo que aquela garotinha que eu havia conhecido estava mais do que morta, estava talvez andando por Atlanta como um errante.

Mas ali estava ela, mais linda do que nunca, com seus olhos cansados e marejados, ela estava assustada, sim, eu também estava, mas também estava feliz, pois aquela garota que havia mudado minha infância, que eu pensei estar morta estava bem na minha frente.

– Não se lembra? Na escola, você estava sozinha, sabia que havíamos nos conhecido antes.

– Você é um garoto estranho Carl.

– Ainda não consigo acreditar que é você – me aproximei e me sentei ao seu lado, acariciei os cabelos de Thomas que estava agarrado ao seu esquisito urso caolho.– Como sobreviveu? Você era só uma garotinha assustada.

– Uma vez eu li; "Se o mundo não se adapta a você, você tem que se adaptar a ele", e foi o que eu fiz, com a ajuda do pai dele claro.

Olhei para frente pensativo, ela tinha razão, e eu adorava isso nela. Ouvi tiros bem próximos à porta, me levantei as pressas, e pude ver o medo vindo de Alex no ato de abraçar Thomas, peguei minha arma ja a destravando, e uma pessoa abriu a porta num movimento rápido.

– Venham rápido – Daryl gritou encaixando uma flecha em sua besta, estendi minha mão para Alex, mas quem a pegou foi o garotinho. Seguimos Daryl até uma caminhonete vermelha.

– Mas e os outros? Não podemos deixa eles aqui – Alex disse apreensiva.

– Eles vão ficar bem, agora entra no carro.

– Vai logo Alex, pode ir eu fico – ela me olhou frustrada, sorri e beijei sua testa logo corri a procura de meu pai.

●○●

-[ A L E X R A Y ]-

Não concordava com a atitude de Daryl, abandonar todos assim quando eles mais precisavam de nossa ajuda? Isso é mais do que errado.

Muitas vezes tentei mudar a cabeça dele, mas a resposta era sempre a mesma; "Eles vão ficar bem". Até que eu me cansei, tentei manter minha mente ocupada, pensar nas pessoas que deixamos para trás me partia o coração, ainda mais em Maggie, minha segunda mãe, como ela deve estar agora? Não, não posso pensar nisso, preciso pensar em outra coisa, qualquer coisa.

Lembrei de Carl e como ele foi idiota e corajoso em ficar lá, e então me forcei a apenas pensar no acontecimento de hoje, eu realmente conheci ele antes.

Eu de alguma forma sabia disso, desde que o vi pela primeira vez, com aquela cara carrancuda uma breve lembrança dele veio em minha cabeça, passamos dias de nossa infancia brincando juntos.

Um pensamento repentino passou por minha cabeça, no dia que conheci Rick, um pouco antes eu havia sonhado com o dia que conheci Carl, até agora não me recordava desse acontecimento, mas parando para pensar isso foi muita coincidência.

Não aguentava mais o silêncio, e aproveitando que Thomas dormia ao meu lado me direcionei a Daryl e perguntei.

– O que aconteceu enquanto estávamos fora Daryl? – Ele continuou dirigindo. – Me responde.

– Um grupo apareceu, ameaçou à todos e depois destruíram as cercas.

– Por que ficou tão relutante em me contar isso?

Ele respirou fundo e parou o carro ao lado do encostamento

– Vamos passar o resto da noite aqui, partiremos de manhã.

– Daryl – chamei sua atenção.

– Foi o mesmo grupo que atacou a mim e Tyreese. Parece que nos seguiram, um deles disse que te viu na estrada – me lembro bem daquele dia, foi bem assustador pra falar a verdade.

– Eu? – Olhei estranho pra ele, sem entender nada.

– E disse ser seu pai.

Meu mundo foi ao chão, não é possível, aquele homem não pode voltar a minha vida, não dessa maneira. Ele não precisa saber disso, engoli o choro e o olhei indiferente.

– Não é possível, meu pai está morto, eu o enterrei – oque não é uma completa mentira, enterramos sim, mas o que enterramos foi só um caixão vazio.

– Bem, ele tem seus motivos para dizer aquilo.

●○●

Não conseguia dormir, não depois de saber que meu pai estava vivo, ele era um monstro, talvez ainda seja.

Minha mãe sofria com ele, varias visitas ao hospital, já era rotina. Ele batia tanto nela que quando não achava mais lugar ele partia em minha direção.

Esse foi provavelmente o real motivo de minha mãe ter inventado aquela música.

Depois de alguns anos de espacamento, meu pai desapareceu. Minha mae ficou desesperada, até hoje não entendo o porquê. Depois de uns três meses, a policia o deu como morto.

Mas nunca soubemos a verdade sobre ele.

●○●

– Nós deveriamos voltar – disse antes de sairmos sem rumo a pé pela floresta.

– Quantas vezes vou ter que dizer Alex? – Daryl disse já nervoso.

–Se você não vai voltar eu volto, não posso simplesmente deixa-los. Estão todos lá, Carol, Michonne, Maggie, Glenn, Rick... E você Daryl? Não está preocupado? Com o que pode ter acontecido? Pois eu estou – ele desviou o olhar.

– Puta merda Alex, por que você é tão teimosa? – Olhou pra mim meio chateado.– Eu estou tentando te proteger, não podemos voltar, aquele grupo pode estar lá e sabe-se lá o que irão fazer com você se te encontrarem.

Respirei fundo ponderando sobre o assunto.

– Eles vão ficar bem, já passaram por tantas coisas isso não é novidade pra eles.

●○●

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