Capítulo 14

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Quando Alfonso chegou a sala quase teve uma sincope. O cômodo estava uma bagunça, as almofadas espalhadas por todos os cantos, pipoca no chão, a mesinha de centro estava fora do lugar, edredons pelo sofá e no chão. Ele teria que dar um jeito naquilo antes de Anahí aparecer na sala, isso se ela fosse sair do quarto.

- Eu quero essa sala em ordem em cinco minutos! – falou alto, chamando a atenção.

As crianças que prestavam atenção no filme olharam para o pai imediatamente. Théo que estava ali, se encolheu escondendo-se embaixo de seu edredom.

- Depois que o filme acabar a gente arruma aqui! – Enzo falou e voltou a atenção ao filme.

- Théo, já pro seu quarto! – ordenou – Você está de castigo, não está? – o menino assentiu e levantou. Ele ia falar algo, mas Alfonso apenas apontou em direção as escadas. Pegou seu edredom, e seguiu calado para o quarto.

- Papai deixa a gente acabar o filme, prometemos que depois arrumamos tudinho! – Isadora pediu dengosa. Alfonso teve de rir, pois a filha é idêntica a mãe em tudo, nas manias, nas carinhas fofas quando quer algo, na instabilidade de humor.

- Não! – foi enfático – Crianças... – largou Lorena no chão e soltou o ar pela boca – A mamãe está irritada hoje, então, por favor, organizem isso. Se ela chegar aqui e encontrar essa bagunça...

- Anda galerinha, cada um pega o seu edredom! – Camila levantou dobrando já o seu.

Ela podia ver que o pai estava triste, e tinha quase certeza de que havia discutido com a mãe. Em menos de dez minutos a sala estava impecável. Todos colaboraram, ninguém queria levar bronca da mãe. Alfonso foi ao escritório da casa enquanto os filhos organizavam a sala. Estava se sentindo mal por Anahí, ambos haviam errado, mas a responsabilidade maior pendia para ele.

Ele não queria nem imaginar o caos que seria se Anahí engravidasse novamente. A cada gravidez ela ficava pior, mais irritada, chorosa e com mais desejos. Por ele não seria nada mal ter mais um bebê, mais um menino. Mas Anahí já havia deixado claro que não queria mais. Por um lado ela tinha razão, com mais uma criança, teria que novamente parar por um tempo com seus desenhos, roupas. A grife dependia mais dela do que de Maite.

E agora para completar, tinha o problema de Theo na escola que ela insistia que o filho estava mentindo. Cogitar ir contra ela, mentir ou mexer com uma das crianças, era a mesma coisa que mexer com a pior fera em extinção. Anahí vira uma leoa para defender os filhos e os seus direitos. Um pouco de toda aquela irritação estava nisso. Quando o sexto sentido dela falava mais alto, era bom acreditar que Anahí tinha razão. E desde o nascimento de Enzo, o instinto materno da loira estava mais aflorado que nunca, e a cada gestação só aumentava.

Apoiou os cotovelos sobre a mesa, passou as mãos sobre o cabelo. Teve vontade de chorar, estava com um nó na garganta. Sentiu uma enorme dor tomar conta dele ao imaginar que poderia perder a esposa por uma simples discussão.

- Papai? – chamou na porta, colocando apenas a cabeça para dentro – Posso entrar?


Eu nasci para amar você - Livro 02Onde as histórias ganham vida. Descobre agora