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Acordei com um falatório do lado de fora do quarto. Procurei por Henrique na cama, mas não no encontrei então me vesti e fui atrás daquele barulho todo. Ao chegar na sala levei um susto ao ver todos reunidos inclusive meu pai. Simone estava com um buque de rosas vermelhas enorme nas mãos e que tornava impossível ver seu rosto. Me aproximei dela que me olhou com lágrimas escorrendo em seu rosto.

-Olhe só o que seu pai me deu Amora!

-São lindas! - falei cheirando uma das rosas.

Meu pai tinha um sorriso bobo no rosto e Simone também. Henrique, Elik e Fauzer falavam várias coisas ao mesmo tempo enquanto Maria falava mais alto que todos.

-Quem sabe assim não aprende a ser homem?

Assim que ela finalizou a frase, todos ficamos em silêncio olhando para ela que não se importou e acrescentou.

-Estou falando alguma mentira? Espero que ele aprenda a ser homem, a honrar as bolas que ele tem é a valorizar ela! Mulher só dá duas chances na vida!  Se ela deu deu a terceira põe a mão na testa porque você é corno!

Maria finalizou seu discurso e foi para a cozinha sem olhar para trás. Todos ficaram de boca aberta com sua reação e começaram a rir. Meu pai revirou os olhos e olhou para Simone com cara de cão arrependido.

-Você me perdoa minha onça?

Eu comecei a tossir por causa do apelido cafona que meu pai chamou Simone e todos ao redor tentaram disfarçar, mas sem sucesso. Simone concordou com a cabeça e abraçou meu pai que tinha lágrimas nos olhos. Os meninos reviraram os olhos enquanto eu suspirava com aquele afeto.

Um tempo depois Maria nos chamou para tomarmos café na cozinha. O falatório continuou lá dentro e eu fiquei na porta olhando aquilo tudo. Apesar de ter perdido a minha mãe que sempre foi a única família que eu sempre tive, agora eu tinha uma família enorme, barulhenta e por incrível que pareça, feliz. Cada um ali tinha seu jeitinho espetacular de ser e eu aprendi a aceitar cada um. Ninguém é santo, ninguém é completamente errado. Todos estão vivendo e é assim a vida. Errando e aprendendo. Acho que faz parte!

Henrique veio até mim e me abraçou.

-Você está bem?

-Sim! - passei os braços ao redor de sua cintura.

Aos poucos o barulho foi diminuindo e eles começaram a se despedir de nós. Simone me deu um abraço de gratidão assim como os outros. Todos estavam satisfeitos e felizes e era isso que importava.

Meu pai levou todos para casa sã e salvos enquanto nós três ficamos olhando seu carro diminuir na longa rua de casa. Depois que o carro se afastou Maria soltou mais uma de suas pérolas nos fazendo rir sem parar.

-Se esse Fauzer fosse mais velho eu comia ele todinho!

-Para de ser safada Maria! - Henrique brincou.

Maria se aproximou dele e ficou nas pontas dos pés para falar bem perto de seu ouvido.

-Bobeia aí que eu como você também! 

Henrique ficou de olhos arregalados e Maria foi para sua casa como se nada tivesse acontecido. seu continuei a rir e Henrique ne olhou indignado.

-Você não vai falar nada Amora? 

-Eu não! Você não atendeu que devemos respeitar os mais velhos?

Passei por um Henrique chocado e entrei em casa ainda rindo.

■■■

No dia seguinte Henrique teve que ir para o seu trabalho bem cedo senão chegaria atrasado. Como ele morava com Monique e seu trabalho era perto da sua ex casa, onde eu morava ficava completamente fora de mão para ele. Eu sabia que seria precipitado, mas comecei a cogitar a idéia de me mudar para mais perto do trabalho de Henrique assim ficaria um meio termo para os dois.

Nós ainda não havíamos conversado sobre isso porque tudo aconteceu de repente, mas como Henrique estava praticamente sem casa e eu tinha planos de me mudar em breve, decidi que juntar o útil ao agradável seria uma boa idéia.

Antes de ir para o meu trabalho, passei na casa de Maria de pedi sua opinião sobre a minha idéia. 

-Olha Amorinha, eu acho que vai ser a melhor coisa que você poderia fazer. Vocês já ficaram tempo demais separados.

-Mas tenho medo de ser tudo precipitado.

-Não tem nada de precipitado filha. Vocês se amam e estão em busca da tão esperada felicidade que tanto procuraram! Eu acho que pensar demais é uma perda de tempo!

-Mas eu não quero deixar a senhora aqui. - choraminguei.

-Sinto te desapontar, mas eu que vou te deixar. Semana que vem vou embarcar em um cruzeiro da terceira idade!

-Sério??

-Claro Amorinha! Fiquei aqui tempo demais! Fiquei por você e por sua mãe, mas agora ela foi para os braços de Jesus e vocês está nos braços daquele Deus grego, então não preciso mais ficar!

-Eu vou sentir muito a sua falta!

-A minha casa vai permanecer aqui e sempre estará de portas abertas para você!

-Obrigada Maria! Por tudo!

-Não há de que Amorinha! Só não desista da sua felicidade agora!

-Eu não vou!

-Sua mãe que foi embora e não você! Não se esqueça disso! - ela me deu um tapinha no ombro.

-Eu não vou!

-Ótimo! Agora tira essa bunda gorda do meu sofá e vai procurar a casa de vocês!

Me levantei e sorri para aquela senhorinha que fez minha vida ser mais fácil. Que me ajudou ajudou a enfrentar tanta coisa de uma só vez e meu coração apertou de saudade antes mesmo dela ir embora. Eu sentiria uma falta enorme daquela desbocada, mas só de saber que ela está indo atrás de ser feliz me deixou mais confiante e aliviada. Dei um beijo em sua testa cheia de botox e fui para o meu trabalho com um sorriso no rosto. 

Delicioso (Des)Conhecido (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now