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Permanecemos deitados na gigantesca cama por um bom tempo.
Henrique me acariciava o tempo todo e achei aquilo impressionante. Normalmente os homens que fazem sexo casual não se importam muito em agradar a mulher ou lhe proporcionar carinho, principalmente depois do sexo, mas Henrique se mostrava diferente em tudo.
Seu quarto tinha os mesmos móveis elegantes que o restante da casa. Era amplo, com uma janela enorme de onde era possível para ver quase toda a cidade. Fiquei pensando se Henrique era advogado, médico, ator pornô ou traficante, mas eliminei a última opção por não ter visto nenhum segurança pela casa.
– Pode falar, Amora! – Henrique falou rindo.
– Você lê pensamentos ou algo do gênero?
Henrique riu e eu me deitei de frente para ele, que estava deitado de lado.
– Não! Você que é transparente demais. Suas feições entregam o que você está pensando.
– Ah é? Então o que eu estou pensando?
– Que esse foi o melhor sexo da sua vida e que você tem mil dúvidas na sua cabeça.
Arregalei os olhos, completamente chocada por ele ter acertado. Henrique começou a gargalhar e beijou minha testa.
– Você é ator pornô?
– Claro que não, Amora! De onde você tirou essa ideia?
– Você tem o negócio grande. É lindo. É gostoso. Aparenta ser rico. Essa é a única explicação!
– Por que tudo seu tem que ter uma explicação certa?
– Porque se não tiver, eu não consigo dormir à noite!
– Você tem uma espécie de TOC?
– Sim!
– Não sou ator pornô.
– Traficante?
– Também não!
– Você dá golpes do baú?
– Também não! Eu só trabalho, como todo mundo.
– Justo. Posso tomar banho? Estou grudenta!
– Claro, Amora. Vem.
Henrique levantou e me levou até seu banheiro, que era maior que a minha casa toda. Havia uma banheira enorme e um espelho também enorme, óbvio, que marcava demais os defeitos.
Henrique tomou banho comigo e me lavou inteira. Eu, que não sou boba nem nada, fiz a mesma coisa com ele.
Depois do banho, Henrique preparou dois lanches naturais maravilhosos que devoramos em segundos. De barriga cheia e cansados, acabamos pegando no sono.

• • •

Acordei com a luz do dia batendo em meu rosto. O relógio enorme em sua parede indicava que já eram seis horas da manhã.
Levantei correndo e me vesti. Peguei uma cueca de Henrique, que permaneceu dormindo, e decidi ir embora sem acordá-lo. Seria uma saída digna para evitar que eu fosse convidada indelicadamente para me retirar de sua casa.
Desci as escadas na ponta dos pés e procurei por meus sapatos, que estavam jogados próximos ao bar. Os calcei e vi que perto do sofá havia um bloco de notas então resolvi deixar um bilhetinho.

"Obrigada pela noite maravilhosa.
Estou atrasada para o primeiro dia de trabalho e não é legal chegar atrasada.
Enfim. Me liga se quiser repetir a dose.
Beijos, Amora"

Saí de sua casa correndo e, graças àquela mão divina que me acompanha a vida toda, um táxi vazio estava passando. Dei sinal como uma doida e, por incrível que pareça, ele parou.
Quando estava quase chegando em casa, quis me jogar da janela do táxi em movimento. Escrevi no bilhete para Henrique me ligar, mas esqueci a parte principal: passar o número.
Fiquei me amaldiçoando até que o taxista chamou a minha atenção.
– Já chegamos, moça.
Entreguei o dinheiro para ele e corri direito para o meu quarto para me arrumar.
Era meu primeiro dia de emprego e eu não poderia decepcionar.

• • •

Cheguei ao escritório de Sarah e fui recebida pela outra secretária, Lucila. Ela me recebeu extremamente bem e fiquei aliviada por isso.
Lucila me explicou mais ou menos o que eu teria que fazer e disse que eu poderia chamá-la se precisasse de alguma coisa.
Ela foi transferida para a recepção do andar, enquanto eu seria secretária de Sarah, que chegou logo em seguida.
– Bom dia, Amora! A Lu te passou mais ou menos o que deve ser feito, certo?
– Sim. Passou, sim!
– Ótimo! Ali tem uma copa, se quiser fazer um café pra gente! Aí fofocamos lá dentro – Sarah apontou para o escritório dela e sorriu.
Concordei com ela e fui para a copa fazer o bendito café.
Seria eu um ET por nunca ter feito café antes na minha vida? Sempre tomei café de máquina ou café feito por algum humano educado. Então, tirei meu celular do bolso e procurei no Google como se fazia café.
Um tempo depois eu já estava com Sarah em seu escritório e ela me explicava exatamente como as coisas funcionariam. Ela disse que, se eu tivesse interesse, poderia tentar tirar o CRECI de corretor de imóvel para mim também. Falei que iria me informar melhor sobre isso e Sarah adorou a ideia.
O restante do dia passou voando e eu quase não pensei em Henrique umas trezentas e oitenta e três vezes. Quase nada.

• • •

Cheguei em casa e Simone estava fazendo o jantar.
Ela disse que Fauzer entrou em contato e que em breve viria nos visitar e passar suas férias com a gente. Eu não conseguia entender o porquê de uma pessoa de férias não viajar um dia sequer.
– Fauzer trabalha com o que? – Perguntei curiosa.
– Ah, ele trabalha em um escritório de advocacia. Está fazendo estágio lá.
– Caramba! Que legal!
– É sim! Ele sempre foi muito esforçado.
– Imagino! Direito deve ser muito difícil.
– É mesmo. Não sei como ele consegue decorar tanta coisa.
Simone e eu ficamos conversando até o jantar ser servido.
Meu pai e Elik falaram poucas palavras, até Elik tentar me provocar.
– Aonde você passou a noite, Amora? – Ele perguntou sorrindo.
– Acho que isso não é da sua conta!
Meu pai me fez cara feia e revirei os olhos.
– Fui comemorar meu novo emprego!
– Novo emprego? Por que não me falou, filha?
– Ah, eu esqueci. Sou secretária de uma corretora de imóveis. Não é o melhor emprego do mundo, mas dá pra ajudar.
– Tá vendo, Elik? Você deveria seguir o exemplo da sua irmã – Simone falou e Elik me matou com os olhos.
Sorri vitoriosa, mas me arrependi, pelo olhar de vingança que ele destinou a mim. Decidi fingir que ele era invisível e terminei meu jantar em paz.
Depois do jantar, tomei banho e só me lembro de deitar na cama e capotar, de tão exausta que estava.

Delicioso (Des)Conhecido (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now